quarta-feira, 31 de julho de 2013

O IDHM e a água - Gogó

 Roberto Malvezzi (Gogó) *
O olhar sudestino sobre o semiárido costuma dizer que aqui nada muda e que hoje a nossa realidade ainda é a mesma denunciada por Graciliano Ramos em sua obra prima "Vidas Secas".
Agora, com a publicação dos índices de desenvolvimento humano, recentemente lançados, temos estatísticas para confirmar o que vemos a olho nu aqui nos últimos 30 anos. A vida do povo melhorou, se não é o paraíso, ao menos já não temos a intensa mortalidade humana, sobretudo infantil, das décadas de 70 e 80, quando ainda morreram milhões de pessoas de fome e de sede naquela longa estiagem. Esses indicadores não flagram esses anos de estiagem, logo precisamos esperar por esses dados, mas é visto a olho nu e pelas conversas diretas com a população em seus locais de vida que agora já não se repete a tragédia social das estiagens anteriores.
Também sou daqueles que acham necessários mais indicadores para realmente avaliar se a situação das pessoas é mais humana. Esses indicadores deveriam incluir o saneamento e a degradação ambiental. Com esses dois indicadores nossos índices com certeza despencariam do nível que chegamos para médio e baixo num simples clicar de mouse.
Descendo às nossas cidades, como aqui em Juazeiro, com o lixo pelas ruas, esgoto a céu aberto nas periferias, mosquitos cobrindo a população, o IDHM chegou a 0,677. Campo Alegre de Lurdes, onde cheguei para morar em 1980 e vi criança morrendo de inanição na seca de 82 como formiga em bico de passarinho, o índice agora é de 0,577. Lá até hoje não tem sistema de abastecimento de água urbana e cada família tem que se virar com sua água. Mas, agora tem as cisternas. Finalmente foi licitada a adutora para levar água do São Francisco para Campo Alegre.
Mas, não podemos negar os avanços. Afinal, se a longevidade dos brasileiros aumentou, é porque as condições básicas da vida melhoraram. Sou daqueles que nas pastorais sociais e movimentos sociais acabam apanhando por achar que essas conquistas, por muitos tidas como insignificantes porque "não fizemos a revolução", não tem valor. Vá perguntar ao povo que colheu esses avanços no seu cotidiano se elas não lhe são importantes!
Uma observação particular sobre o semiárido. Nessa longa estiagem não tivemos o aumento da mortalidade humana e nem infantil. O caso mais grave aconteceu em Alagoas, quando várias pessoas passaram mal - parece que algumas faleceram - por razões de água contaminada. Mas, foi um problema dos pipas, portanto, questão de vigilância sanitária. Não mais porque simplesmente não havia água na região. Nosso problema nessa longa estiagem é a mortalidade dos animais, não mais de seres humanos.
O governo ainda nos deve a distribuição da água pelas adutoras. Embora tenha feito algumas, preferiu a idiotice de investir na transposição. Gastou dinheiro inútil e não avançou. Mas, há sempre tempo para recomeçar.
Bem, muitos criticam nossas ações na lógica da convivência com semiárido dizendo que ela não foi a resposta para esses longos períodos de pouca chuva. De fato, não conseguimos ainda universalizar essas tecnologias - cisternas de beber, de produzir, barreiros de trincheira, barragens subterrâneas, etc. -, mas e ela que está na base da melhora do IDHM do semiárido. Claro que também as políticas de distribuição de renda, até o Luz para Todos, transporte, saúde e educação ajudam. Mas, se faltar a água de qualidade e o alimento, não tem índice de longevidade que não imploda.
Esperamos que o governo continue investindo sério na lógica da convivência com o semiárido. Estamos longe de universalizar o acesso à água, mas melhoramos, e muito. Esperamos também que o "olhar sudestino" deixe de tentar inviabilizar os caminhos que os nordestinos vão traçando. Fotografar um rio seco, uma lagoa seca e dizer que isso é uma tragédia, é típico de quem nem sabe o que é o semiárido. Saibam que todos os anos temos uma seca, 99% dos rios do semiárido são intermitentes, a água dos reservatórios rasos secam todos os anos. Questão de beabá da região.
* Roberto Malvezzi (Gogó) é agente da Comissão Pastoral da Terra - CPT de Juazeiro, Bahia.
Fonte: Roberto Malvezzi / Revista Missões

Bradley Manning nos deu a verdade

Elaine Tavares *
Sempre fui renitente com os estadunidenses. Aquela coisa do preconceito que a gente vai madurando dentro da gente e que, por vezes, torna-se cristalizado e burro. Então comecei a ler os livros de Gore Vidal e vi que por lá havia vida inteligente. Mais tarde conheci Howard Zinn e, obviamente, constatei que a história desse povo também é cheia de beleza e de gente comprometida com a vida, com a verdade, com o bem de todos. Não dá para confundir o governo e a elite podre com as pessoas de bem, que assomam em milhares.
Uma dessas tem me causado tristeza e ternura nos últimos dias. O bravo soldado Bradley Manning. Sua carinha de menino, ainda cheia de espinhas, caminhando entre os guardas, com o semblante imutável, definitivamente certo de que fez o que tinha de fazer. Esse garoto era um analista de inteligência lotado no batalhão de suporte da 2ª Brigada da 10ª Divisão da Estação de Operação de Contingência, durante a Guerra dos EUA contra o Iraque. Mais um desses meninos que são obrigados a servir num país distante, travando uma guerra que não é deles, em nome de interesses escusos.
E tal como outros tantos soldados metidos nessas guerras estúpidas, Bradley viu coisas que não pode suportar. Todas essas denúncias que são feitas de terror, assassinatos, estupros, violências, torturas. Tudo isso passou por ele nos dados que manipulava no computador. Premido pela consciência ele decidiu divulgar os horrores que eram praticados pelos soldados no Iraque. Seu desejo era singelo: coibir os abusos. Como qualquer estadunidense comum ele acredita em quase todas as histórias de "mundo livre", "democracia perfeita" e todas essas ideologias que o governo martela todos os dias através dos meios de comunicação e outras correias de transmissão. Ele sente orgulho em pertencer à armada de seu país. Por isso era confuso ver o que via. Aquelas imagens que observava no computador não fechavam com o ideal de mundo perfeito que tinha na cabeça.
E foi por conta desse soldado que o mundo pode ver imagens duras como a da morte de uma dezena de civis, promovida sem qualquer pudor desde um helicóptero. E outras tantas atrocidades que apareceram no sítio da Wikileaks. Pois tudo o que Bradley queria é que esse terror tivesse fim. Na sua ingenuidade, talvez, ele acreditou que o desvelamento da verdade sobre o que acontecia no Iraque pudesse parar a máquina da morte.
Pois o jovem soldado não sobreviveu à traição. Um informante que investigava o caso dos vazamentos de informação conseguiu descobrir que era Bradley a pessoa que havia desviado os documentos e o entregou às autoridades estadunidenses. Ao contrário de Julian Assange ou Edward Snowden, Bradley não teve para onde fugir. Foi preso e ficou confinado em condições de detenção desumanas. Foi apresentado à nação como um traidor. Virou o inimigo número um dos EUA. O "mundo livre" não podia deixar barato o fato de ter tido sua máscara arrancada por um quase guri. Assim, durante sua prisão, desde 2010, Bradley provou daquilo que via seus companheiros fazerem com os "inimigos". Foi submetido a tratamento desumano. Segundo seu advogado, David, Coombs, Bradley permanecia trancado, sozinho, na cela, sem que tivesse roupas de cama, ou qualquer outro objeto pessoal. Até seus óculos foram retirados. Tudo o que podia fazer era caminhar em círculos dentro da cela vazia. Durante a noite, era obrigado a tirar toda a roupa e entregar aos guardas. Dormia apenas com a cueca. Uma suprema humilhação que visava destruir sua autoestima e seu desejo de viver.
Nessa semana o vimos de novo na televisão, durante seu julgamento. Acusado de 21 crimes diferentes ele foi condenado a 136 anos de prisão. Seus crimes se resumem num só: ele revelou a verdade sobre a guerra. Ele tirou o véu da mentira, colocou à nu a podridão, o terrorismo, o assassinato frio de homens, mulheres e crianças, gente civil.
E ali estava ele, agora com 25 anos, sereno, ao ouvir a sentença. Talvez, dentro do coração, ainda esteja cheio de perplexidade, porque tudo o que queria era provocar o debate sobre o horror de uma guerra e os excessos cometidos por seus companheiros. Bradley, ao contrário do que dizem seus acusadores, queria salvar o seu "mundo livre", limpá-lo das manchas. Um garoto ingênuo e sonhador. Cometeu o terrível erro de tentar salvar seu país. Deveria ser carregado nos braços como um herói pelo seu povo. Deveria ser reverenciado por outros tantos jovens que, como ele, partem para os confins da terra lutando em guerras que nem entendem.
Bradley Manning nos deu as provas da verdade tão denunciada. Agora vai pagar por isso, na solidão, certamente submetido a toda sorte de humilhações.
Por conta disso se articulam em todo mundo comitês de apoio ao soldado que pedem a sua libertação. É que as pessoas que lutam por um mundo justo sabem que esse é um dever. Bradley arriscou tudo para nos dar a verdade. Agora é hora de retribuir esse doloroso presente.
* Elaine Tavares é jornalista.
Fonte: www.eteia.blogspot.com

J.K. Rowling recebe indenização após vazamento de seu pseudônimo

Escritora de 'Harry Potter' doará quantia para instituição de caridade.
Livro policial virou best-seller após ser revelado que ela é a autora.

Da France Presse

A escritora J.K. Rowling (Foto: Reuters)A escritora J.K. Rowling (Foto: Reuters)
A autora da saga "Harry Potter", J.K. Rowling, venceu uma ação e recebeu uma indenização de um escritório de advocaciaque revelou que a escritora havia publicado um romance policial sob um pseudônimo, anunciou nesta quarta-feira (31) seu escritório.
J.K. Rowling decidiu doar o valor total da indenização - cujo montante não foi revelado - para uma instituição de caridade, Soldiers's Charity, que ajuda militares e suas famílias.
A escritora multimilionária apresentou uma queixa contra o escritório Russell de advocacia após a publicação em julho de um artigo no jornal britânico Sunday Times, revelando que ela havia publicado sob um pseudônimo um romance policial chamando "The cuckoo's calling".
Ela escreveu este livro sob o nome de Robert Galbraith, descrito como um ex-membro das forças armadas que trabalha na Defesa Civil. Russell reconheceu que um de seus sócios, Chris Gossage, havia revelado o segredo a uma amiga, Judith Callegari, que então passou a informação para o Sunday Times.
"J.K. Rowling ficou chocada e abalada por essa traição", afirmou sua advogada, Jenny Afia, à Alta Corte de Londres. A escritora também anunciou nesta quarta-feira que doará a renda de seu livro para a mesma instituição de caridade a partir de 14 de julho e por três anos. Ela deseja assim agradecer aos soldados que ajudaram em sua pesquisa para o livro. "The cuckoo's calling" conta a saga de um ex-soldado ferido no Afeganistão que se tornou um detetive particular e investiga o suicídio de um modelo.
"Sempre tive a intenção de doar para a caridade os direitos autorais de Robert Galbraith, mas eu não esperava que o livro aparecesse na lista dos mais vendidos apenas três meses após seu lançamento. Na verdade, eu nunca tinha imaginado que ele poderia estar na lista", declarou a escritora em um comunicado. Antes da revelação da autoria do livro, que foi elogiado pela crítica, foram vendidos 1.500 cópias em um formato encadernado, o primeiro lançado pela editora. As vendas dispararam desde então

http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2013/07/jk-rowling-recebe-indenizacao-apos-vazamento-de-seu-pseudonimo.html
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Após agressão, divórcio de Nigella Lawson é aprovado por tribunal

Decreto absoluto do pedido de separação sairá em seis semanas.
Chef britânica ficou casada por dez anos com o publicitário Charles Saatchi.

Da Reuters

Nigella Lawson (Foto: BBC)Nigella Lawson (Foto: BBC)
A chef britânica Nigella Lawson e seu marido multi-milionário colecionador de arte, Charles Saatchi, deram mais um passo nesta quarta-feira (31) para legalmente encerrar o casamento.
Pouco mais de um mês após a publicação de fotografias em jornais mostrando Saatchi com as mãos em torno da garganta de Nigella, um juiz britânico emitiu um decreto provisório, o que sinaliza a aprovação pelo tribunal do pedido de divórcio.
O casal terá agora de esperar seis semanas antes que possa receber um decreto absoluto, que encerra formalmente o casamento de 10 anos. Nenhum dos dois participou da audiência de 60 segundos na Alta Corte de Londres.
As fotos também mostraram Lawson, muito popular na Grã-Bretanha por seus programas de culinária na televisão, em lágrimas após o incidente no terraço de um dos restaurantes mais elegantes de Londres. Saatchi, ex-magnata da publicidade, recebeu uma advertência da polícia por agressão, embora tenha tentado minimizar o incidente como uma "desavença descontraída".
Nigella, de 53 anos, filha do ex-ministro das Finanças britânico Nigel Lawson, não se pronunciou publicamente após o ocorrido, mas os grupos que fazem campanha contra a violência doméstica e a violência contra as mulheres reclamaram sobre a falta de ação contra Saatchi, de 70 anos.
Uma declaração do assessor de Nigella no início deste mês afirmou que "nenhuma das partes vai fazer quaisquer reivindicações financeiras contra a outra". A advogada Fiona Shackleton, que representou Paul McCartney durante seu divórcio de Heather Mills em 2008, trabalha em nome de Nigella para encerrar o caso de forma "rápida e amigável", disse.
"Ambas as partes gostariam de privacidade para si e seus filhos neste momento difícil", disse o comunicado. Nigella, apelidada de "deusa doméstica" após o sucesso de um de seus livros de culinária, casou com Saatchi em 2003, depois que seu primeiro marido, o jornalista John Diamond, morreu de câncer na garganta. Ela tem dois filhos adolescentes do primeiro casamento
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Regina Milagres é a convidada do Café com Música

Cantora apresenta canções do seu CD solo e releituras de clássicos da MPB


Regina Milagres tem extensa carreira como cantora e atriz
Por Luiza Serrano

Cantora por essência, Regina Milagres encontrou no estudo e ensino de técnicas vocais, voltadas ao canto popular, a vocação que rege sua trajetória musical. Profissional de canto popular desde 1990, iniciou seus estudos técnicos no Coral Madrigal Renascentista de Belo Horizonte.

Estudou canto popular na Babaya Escola de Canto de 1993 e 1997, onde, a partir desta data, tornou-se professora de técnica vocal e também desempenhou o cargo de Coordenadora Pedagógica, até o ano de 2010. Conciliando sua carreira de preparadora vocal e cantora, Regina Milagres imergiu em diversos cursos no Rio de Janeiro e São Paulo, sendo pós-graduada em voz pelo Centro de Estudo de Voz, sob coordenação da renomada fonoaudióloga Mara Belhau. 

Como intérprete, integrou projetos musicais importantes, concebidos principalmente na capital mineira, como “Nada será como antes”, em homenagem aos 25 anos do Clube da Esquina, e “Confissões - Um poema musical”, do compositor, instrumentista e produtor Geraldo Vianna.

Integrante de diversos espetáculos musicais, Regina também registrou sua voz em trabalhos de outros parceiros, como em “E lá vou eu nessa estrada - A música de Paulinho Pedra Azul”. Como cantora e atriz, destaque para a participação em “Os Elefantes se alimentam de flores”, minissérie dirigida por Breno Milagres. 

No espetáculo cênico “Mosaico”, atuou ao lado das cantoras Camila Jorge, Mariana Brant e Luciana Vieira. Em “Uma festa no céu”, com grande elenco, foi dirigida por Kalluh Araújo. Realizou ainda a preparação vocal de vários cantores brasileiros.

SERVIÇO

Café com Música apresenta Regina Milagres
Data: 31 de julho (quarta-feira)
Horário: 19h30
Local: Café do Palácio das Artes
Acesso gratuito
Mais informações: (31)3222-5657

EUA podem vigiar ‘quase tudo‘ o que um internauta faz

Um sistema de vigilância secreto conhecido como XKeyscore permite à inteligência dos Estados Unidos monitorar "quase tudo o que um usuário típico faz na internet", de acordo com documentos divulgados nesta quarta-feira (31)  pelo jornal britânico The Guardian. Citando documentos secretos vazados pelo ex-consultor de inteligência Edward Snowden, o Guardian observa que o programa é o de maior alcance operado pela Agência Nacional de Segurança (NSA).
O jornal indica que a existência do XKeyscore corrobora a afirmação de Snowden, rejeitada pelas autoridades americanas, de que a NSA poderia realizar "qualquer monitoramento, com você ou seu contador, com um juiz federal ou mesmo o presidente".
As informações podem ser obtidas através dos IPs (endereços de rede), telefones, nomes completos, apelidos de usuários e palavras-chave em diversas redes sociais e provedores de e-mail.
Em seu site, The Guardian publicou uma série de slides sobre o que parece ser um treinamento interno da inteligência americano, mostrando recursos do programa XKeyscore.
O jornal indicou ter omitido 32 imagens, porque "revelam detalhes específicos das operações da NSA".
Os slides estão marcados como "Top Secret" e o acesso é restrito a funcionários autorizados dos Estados Unidos, Grã-Bretanha, Canadá, Austrália e Nova Zelândia. Este material foi produzido em 2007, e não poderia ser desclassificado antes de 2032.
De acordo com esses slides, o XKeyscore permite aos Estados Unidos monitorar em tempo real e-mails, pesquisas na web, acesso a sites, redes sociais e praticamente qualquer atividade de um determinado usuário.
A operação do sistema é assegurada por uma infraestrutura baseada em um grande cluster Linux com cerca de 500 servidores distribuídos em todo o mundo.
Esses servidores foram distribuídos entre países aliados e rivais de Washington, incluindo Rússia, China e Venezuela.
Ao contrário de outros sistemas de monitoramento, o XKeyscore pode iniciar uma vigilância indexando virtualmente qualquer tipo de atividade on-line.
Entre os exemplos fornecidos está a capacidade do sistema de detectar ações incomuns, como a realização de uma pesquisa em uma língua raramente usada em uma determinada região, por exemplo, em alemão a partir do Paquistão, ou uma busca no Google Maps de locais considerados potenciais alvos para ataques.
Nestes casos, o programa pode isolar e controlar os dados por conta própria. O documento observa que o XKeyscore permitiu Estados Unidos a detectar "mais de 300 terroristas".
Os gráficos revelados pelo Guardian mostram que o XKeyscore está sendo atualizado para torná-lo mais potente e mais rápido, bem como expandir a gama de dados que podem ser pesquisados, incluindo informações incrustada dentro de fotos digitais.
As novas revelações acontecem num momento em que os funcionários das três agências de inteligência dos Estados Unidos e do Departamento de Justiça devem marcar uma audiência no Senado.
Na semana passada, a Câmara dos Representantes rejeitou uma proposta para reduzir o financiamento de programas de inteligência.
AFP

Papa mostra preocupação com jesuíta desaparecido na Síria

'Penso no padre Paolo', afirmou o papa durante missa solene
O Papa Francisco expressou nesta quarta-feira (31) preocupação com o destino do jesuíta italiano Paolo Dall´Oglio, desaparecido há dias na Síria, onde residiu por mais de 20 anos.
"Penso no padre Paolo", afirmou o papa durante missa solene realizada na igreja romana barroca de Jesus, por ocasião da festa de Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus, congregação à qual pertence o pontífice.
Informações contraditórias circulam sobre a sorte do padre Dall´Oglio, conhecido por suas denúncias contra a repressão do regime sírio e por oferecer ajuda às vítimas das tropas governamentais. O ministério das Relações Exteriores italiano não confirmou o sequestro do religioso.
Dall´Oglio, que foi expulso da Síria no ano passado, é o fundador de um abrigo no mosteiro de Mar Musa, situado perto de Damasco.
Em 24 de julho pediu ao Papa, em uma carta, que promovesse pessoalmente uma iniciativa diplomática urgente para a Síria.
Dall´Oglio, cujas posições abertas ao diálogo entre cristãos e muçulmanos incomodam certos setores extremistas, também critica os bispos católicos sírios ligados ao regime.
AFP

Governo desiste de aumentar tempo de graduação em medicina

Reivindicação da classe médica foi atendida
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, informou nesta quarta-feira (31) que o governo vai alterar a proposta do Programa Mais Médicos de ampliar em dois anos os cursos de graduação em medicina. A ideia era aumentar de seis para oito anos o tempo da graduação, com os dois últimos anos de trabalho no Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo Mercadante, a proposta será levada ao relator da medida provisória que cria o programa, deputado Rogério Carvalo (PT-SE).
Em contrapartida, Mercadante defendeu que, já em 2018, a residência médica se torne obrigatória ao final dos seis anos de graduação para algumas atividades da medicina. Nesse modelo, toda a residência será feita no SUS, e o primeiro ano, obrigatoriamente na atenção básica, urgência e emergência no sistema.
“É evidente que algumas especialidades são mais disputadas, terão exames de seleção. Mas terá vaga para todo estudante de medicina. A partir de 2018, queremos condicionar para algumas atividades da medicina a obrigatoriedade da residência, a exemplo do que ocorre em alguns países”, disse o ministro. De acordo com Mercadante, a decisão foi tomada em discussão com diretores de faculdades, comissão de especialistas e representantes da Associação Brasileira de Educação Médica.
Lançado neste mês, o Programa Mais Médicos desagradou a entidades médicas, que criticaram os dois anos de extensão no curso e a possibilidade de contratação de profissionais com diploma estrangeiro para atuar, durante três anos, na periferia das grandes cidades e em cidades do interior. Nessa terça (30) e quarta (31) médicos em todo o país paralisam as atividade em protesto ao Mais Médicos.

Agência Brasil

Em livro, criador do Wikileaks alerta América Latina para os riscos da espionagem dos EUA

Julian Assange volta a atacar

Por Marco Lacerda*
Julian Assange, o fundador do Wikileaks, que está refugiado há oito meses na embaixada do Equador em Londres, não perdeu tempo nesse período de asilo. Dedicou-se a escrever um livro, “Criptopunks – A liberdade e o futuro da internet” (foto acima) onde fala sobre um tema que conhecer melhor que ninguém: segurança e espionagem. Assange demonstra, baseado em declarações oficiais da justiça dos Estados Unidos, como várias empresas de comunicação e da Internet (Google, Facebook, AT&T, Twitter, entre outras) entregam informação que passa por seus sites à Agência Nacional de Segurança (NSA).
Mais uma vez Assange se junta aos seus companheiros de armas, os cryptopunks, cyberativistas que lutam pela paz na Internet, e revela ao mundo segredos que os serviços de inteligência norte-americanos interceptam e escondem dos cidadãos de todo o planeta, aos quais faz um apelo dramático.
O livro, inédito no Brasil, foi publicado pela editora chilena Lom Ediciónes (lom@lom.cl ) e nele Julian diz que em seu trabalho como jornalista tem lutado contra guerras e para que os grupos poderosos do mundo prestem conta aos povos. Através desse trabalho ele compreendeu a dinâmica da ordem internacional e a lógica do império americano. Viu países pequenos serem amedrontados e dominados pelos grandes e forçados a tomar decisões de interesse apenas de empresas estrangeiras.
“Vi o amordaçamento do desejo popular, eleições compradas e vendidas em todo o mundo e as riquezas de países como Kenia roubadas e negociadas por mercenários de colarinho branco em Londres e Nova York. Essas experiências contribuíram para a minha formação como cryptopunk e produziram em mim uma sensibilidade em relação aos temas que abordo em meu livro, o qual considero de especial interesse para os leitores da América Latina”, diz o ativista.
Rompendo as hegemonias
Nos últimos anos o que se vê é o desmoronamento de velhas hegemonias, diz, populações desde Magreb até o Golfo Pérsico se levantando contra tiranias para conseguir a liberdade e a autodeterminação. Movimentos populares no Paquistão e Malásia prometem constituir um novo foco de força no cenário mundial, enquanto na América começa surgir um esperado período de soberania e independência depois de séculos de domínio imperial.
“Quando o sol se põe sobre as democracias ocidentais, esses avanços transformam-se a esperança do mundo. Vivi na carne a nova independência e vitalidade da América Latina quando o Equador, A Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (ALBA), a União de Nações Sulamericanas (UNASUR) e até a OEA saíram em defesa dos meus direitos assim que recebi asilo político”
A duradoura luta latinoamericana pela autodeterminação é importante porque abre caminho para que o resto do mundo avance rumo à liberdade e à dignidade, embora a independência da região ainda esteja de fraldas, afirma Assange. ”As ações desestabilizadoras dos Estados Unidos ainda são moeda corrente no continente latino, como aconteceu em Honduras, Haiti, Equador e Venezuela. O mundo deve se conscientizar do risco que a espionagem internacional, especialmente a dos EUA, significa para a América Latina e para o antigo Terceiro Mundo. A vigilância estatal não é apenas um problema para democracia e a governabilidade, mas uma questão geopolítica”.
O império do Facebook
A principal tese defendida por Assange é sobre controle de toda uma população por poderes internacionais e sua ameaça à soberania. Para ele, as sucessivas intervenções nos assuntos das democracias latinas chamam atenção para a necessidade de “sermos realistas”, pois os antigos poderes coloniais lançarão mão de qualquer recurso para impedir a consagração da independência do continente. Seu livro debate o que acontece quando corporações americanas como o Facebook desfrutam de uma penetração quase total na população de países inteiros, sem levar em conta questões geopolíticas de fundo.
“Todo o mundo sabe que a geopolítica global é determinada pelos recursos petrolíferos. O fluxo de petróleo determina quem domina, quem é invadido e quem é marginalizado da comunidade global. O controle físico de um único segmento de um oleoduto possibilita enorme poder geopolítico".
Governos nesta posição podem obter incríveis concessões. De um só golpe o Kremlin pode condenar a Europa do Leste e a Alemanha a invernos sem calefação. Assim como a simples possibilidade de que Teerã construa um oleoduto que chegue à Índia e à China é motivo para por em alerta as tendências beligerantes de Washington. Com o controle dos cabos de fibra ótica, por onde circula uma avalanche de informações que conectam a civilização mundial acontece o mesmo que com os oleodutos. Este é o novo jogo: controlar a comunicação de milhões de pessoas e organizações.
América Latina sob vigilância 
Com base em informações armazenadas pelo Wikileaks, Assange diz que no referente à Internet e às comunicações, todos os caminhos, desde e até a América Latina, passam pelos Estados Unidos. A infraestrutura da Internet dirige grande parte do tráfico, desde e até a América Latina, através de cabos de fibra ótica que atravessam as fronteiras dos EUA, um país cujo governo não tem o menor escrúpulo em transgredir suas próprias leis ao interceptar essas linhas para espionar seus próprios cidadãos, sem falar de cidadãos do Brasil e de muitos outros países.
Diariamente, milhões de mensagens de toda a América Latina são devoradas pelas agências de espionagem dos Estados Unidos e armazenadas para sempre em depósitos do tamanho de cidades. Para manter seus segredos a salvo, os governos latinos utilizam caríssimos equipamentos criptográficos e programas que codificam e decodificam mensagens e quem paga a conta, como sempre, é o povo. Tais equipamentos são vendidos à América Latina pelos próprios EUA como forma de proteger seus segredos, mas na realidade são uma forma de roubar tais segredos.
Os governos latinos, por exemplo, estariam mais a salvo usando software criptográfico aberto, desenvolvido por criptopunks, cujo código é aberto para que todo o mundo veja que não se tratam de ferramentas de espionagem e que estão disponíveis no mercado pelo preço de uma conexão à Internet.
Novos vírus e corrida armantistas
Enquanto isso, os Estados Unidos aceleram a próxima grande guerra armamentista. O descobrimento dos vírus Stuxnet, Duqu y Frame anunciam uma nova era de programas altamente complexos com finalidade destrutiva, desenvolvidos por Estados poderosos para atacar os mais fracos. Seu uso agressivo contra o Irã, por exemplo, destina-se a desestabilizar o país em defesa dos interesses americanos e israelenses na região.
Houve uma época em que o uso de vírus informáticos como armas ofensivas era um mecanismo argumental de livros e filmes de ficção científica. Agora é uma realidade global estimulada pela conduta irresponsável do governo de Barack Obama que desafia as leis internacionais. Em breve outras potências farão mesmo para igualar sua capacidade ofensiva à dos EUA. O cenário para uma guerra está novamente armado.
Estas são algumas das razões pelas quais o livro de Julian Assange transcende a luta pelas liberdades individuais. Os criptopunks originais, seus camaradas, em geral eram libertários. Buscavam proteger a liberdade individual da tirania estatal e a criptografia era sua arma secreta. Foi sem dúvida algo subversivo, pois a criptografia, até então era propriedade exclusiva dos Estados, usada como arma em suas guerras. Ao desenvolver um software próprio contra as superpotências e ao divulgá-lo em todo o mundo, os criptopunks conseguiram liberar e democratizar a criptografia. Foi uma revolução nas fronteiras da nova Internet.
“A ofensiva foi rápida, cara e continua em andamento. O caminho está alinhavado. O domínio da criptografia não apenas pode proteger as liberdades dos indivíduos como também a soberania e a independência de países inteiros, a solidariedade entre grupos com uma causa comum e o projeto da emancipação global”, conclui Assange no prefácio de seu livro.
Julian Assange e Wikileaks, por Noam Chomsky. Veja o vídeo. 
*Marco Lacerda é jornalista, escritor e Editor Especial do DomTotal. Este artigo foi escrito com base em informações contidas no prefácio de “Criptopunks – A liberdade e o futuro da Internet”, publicado na semana passada com exclusividade pela revista América Economia, com sede no Chile, e enviado por email.