domingo, 27 de outubro de 2013

Estação de esqui no Chile tem guias e instrutores que falam português.

Diária parte de R$ 407 em hotel 'simples'; turistas ficam em média 5 dias.

Luna D'AlamaDo G1, em São Paulo

Valle Nevado (Foto: Andres Pascual/Valle Nevado)Estação de esqui Valle Nevado atrai 6x mais brasileiros que chilenos (Foto: Andres Pascual/Valle Nevado)
Os turistas brasileiros representam 65% do público atendido nos três hotéis da estação de esqui Valle Nevado, no Chile, durante a temporada 2013, entre junho e outubro. Dos 46 mil pernoites contabilizados pelos hotéis Tres Puntas, Puerta del Sol e Valle Nevado, quase 30 mil foram "nossos". Ao todo, o complexo recebeu 280 mil visitas este ano – entre pessoas que se hospedaram lá ou só foram passar o dia –, um crescimento de 20% em relação a 2012.
Para atender bem os visitantes daqui, o local instalado na Cordilheira dos Andes tem guias e instrutores de esqui e snowboard que falam português – muitos também dominam inglês e francês. Segundo o diretor comercial do Valle Nevado, Ricardo Almeida, o mercado brasileiro é muito importante para o negócio, e se comunicar na mesma língua dos clientes é um diferencial que ajuda a entender as necessidades deles e a melhorar a qualidade dos serviços.
Na tentativa de atrair cada vez mais esse público, o complexou investiu em 2013 mais de US$ 750 mil (R$ 1,6 milhão) em campanhas de marketing e publicidade no Brasil, distribuídas entre veículos impressos, sites e TV a cabo.
E não é só na estação que cresce o número de turistas brasileiros. Segundo dados do Serviço Nacional de Turismo do Chile (Sernatur), o país concentrou 3,5 milhões de estrangeiros em 2012, sendo 385 mil (11%) brasileiros – um crescimento de 14% em comparação com 2011.
"Os turistas brasileiros gostam muito de neve e do Chile. Eles se entusiasmam quando aprendem a esquiar e querem repetir a experiência ano após ano. Em 2013, só não tivemos o aumento de brasileiros visto nas temporadas anteriores por causa do alto preço das passagens aéreas e da falta de disponibilidade de voos para cá", analisa Almeida, que acredita que esses problemas sejam apenas "circunstanciais".
No ano passado, dos 100 mil hóspedes e visitantes estrangeiros que foram ao Valle Nevado, 60% eram brasileiros. Em 2011, o local recebeu 44 mil pessoas de outros países, sendo 48% do nosso país.
O segundo lugar do ranking de estrangeiros no Valle Nevado em 2013 ficou com os chilenos (11% do total), depois vieram os americanos (10%), os argentinos (8%) e pessoas de outras nacionalidades (6%).
Diferentes perfis
Complexo de hotéis do Valle Nevado à noite (Foto: Andres Pascual/Valle Nevado)Vista noturna dos hotéis do Valle Nevado, na Cordilheira dos Andes (Foto: Andres Pascual/Valle Nevado)
Localizado a 35 km de Santiago, o Valle Nevado atende diferentes perfis de visitantes, de acordo com o diretor comercial. "Tem o turista que fica no hotel, desfrutando o que o resort oferece, as lojas e as pistas de esqui; existem os esquiadores chilenos ou estrangeiros que chegam de Santiago, passam o dia e vão embora; e há ainda aquelas pessoas que vão ao Chile para passar uma semana, aí ficam um pouco em Santiago, depois conhecem a praia, as vinhas e a montanha", explica Almeida.
Os turistas brasileiros gostam muito de neve e do Chile. Eles se entusiasmam quando aprendem a esquiar e querem repetir a experiência ano após ano"
Ricardo Almeida,
diretor comercial do Valle Nevado
Nas férias de julho, também há um volume maior de famílias, por conta das férias escolares.
A cada temporada, a maioria dos turistas passa, em média, cinco dias na estação. Para pernoitar, gastam-se a partir de US$ 185 (R$ 407) por pessoa no hotel mais "simples", o três estrelas Tres Puntas. No quatro estrelas Puerta del Sol, a diária mais barata custa US$ 220 (R$ 484); e no Valle Nevado, de cinco estrelas, a hospedagem mais em conta sai 300 (R$ 660) por pessoa.
Além dos hotéis, os turistas que chegam ao complexo de inverno têm a opção de ficar em sete condomínios que alugam apartamentos – há de 30 a 35 em cada prédio. Cerca de 10% dos imóveis nesses edifícios são de donos brasileiros, que voltam a cada temporada ou alugam o espaço, segundo Almeida.
Aulas de esqui e outros serviços
Escola de esqui e snowboard na estação  (Foto: Andres Pascual/Valle Nevado)Escola de esqui e snowboard na estação, situada a 35 km de Santiago (Foto: Andres Pascual/Valle Nevado)
Para atrair os clientes, o Valle Nevado oferece aulas de esqui individuais e coletivas em três categorias: principiante, avançado e experiente. Também há aluguel de roupas e equipamentos de esqui e snowboard – segundo o diretor, metade dos brasileiros leva material próprio e metade aluga no local. Além disso, o complexo oferece transporte entre o Aeroporto Internacional de Santiago e a estação.
"Também estamos interessados na Copa do Mundo (...) Queremos ter telões nos bares e outras facilidades para que eles (os brasileiros) se divirtam aqui"
Ricardo Almeida,
diretor comercial do Valle Nevado
De acordo com os dados da temporada 2013 do Valle Nevado, foram vendidos 150 mil ingressos para atividades na neve, feitas 28 mil aulas de esqui e snowboard nas 45 pistas disponíveis, e somados 69 mil pedidos em seis restaurantes, quatro bares e dois pubs.
Em março, o complexo ainda inaugurou um teleférico fechado chamado "La Góndola", que tem 1 km de extensão e conecta o "térreo" da estação até o alto da montanha, onde há um restaurante. O projeto custou US$ 18 milhões (R$ 39,2 milhões) e tem, ao todo, 30 cabines com capacidade para seis pessoas cada.
O novo teleférico faz parte de uma área conhecida como "Curva 17", que inclui lojas de souvenirs e aluguel de equipamentos de esqui, minishopping, espaço para esquiar, lanchonetes, guarda-volumes banheiros e 500 vagas de estacionamento. O lugar – que teve um aporte de outros US$ 10 milhões (R$ 21 milhões) para ser estruturado – destina-se ao público que faz passeios de um dia e não fica hospedado nos hotéis do Valle Nevado.
Mais investimentos e planos para 2014
Teleférico 'La Góndola' (Foto: Osmar Maduro/Valle Nevado)Teleférico 'La Góndola', que custou R$ 21 mi e foi inaugurado em março (Foto: Osmar Maduro/Valle Nevado)
Desde 2009, o complexo de esqui já investiu US$ 35 milhões (R$ 76,3 milhões) em infraestrutura, segundo o diretor comerical. Até 2022, o plano é destinar mais US$ 115 milhões (R$ 250 milhões) para a construção de dois novos edifícios residenciais por ano e outras ampliações.
Para a próxima temporada, o Valle Nevado quer aumentar a oferta de tarifas promocionais, a qualidade das pistas e da neve, destaca Almeida.
"Também estamos interessados na Copa do Mundo, no Brasil. Provavelmente, vai haver um percentual de esquiadores que adiará a viagem para o fim de julho ou agosto para poder ver os jogos. Mas há muitos fanáticos por esqui e snowboard que devem vir durante o torneio, então queremos instalar telões nos bares e ter outras facilidades para que eles se divirtam aqui", revela o diretor comercial.
Vista das pistas a partir do Bar Slalow, no Valle Nevado (Foto: Osmar Maduro/Valle Nevado)Vista das pistas de esqui a partir do Bar Slalow, no Valle Nevado (Foto: Osmar Maduro/Valle Nevado
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