sábado, 31 de maio de 2014

Rock in Rio Lisboa vai de Linkin Park a Queens em noite de bronca em fã

Grupo de new metal tocou pela 3ª vez no festival e foi o mais aplaudido.
Vocalista do Queens perdeu paciência com fã do Linkin Park nesta sexta.

Braulio LorentzDo G1, em Lisboa (Portugal) - o jornalista viajou a convite do festival
30/05 - O Linkin Park se apresenta no Palco Mundo do Rock in Rio Lisboa (Foto: Divulgação/Rock in Rio Lisboa)Linkin Park se apresenta no Palco Mundo do Rock in Rio Lisboa (Foto: Divulgação/Rock in Rio Lisboa)
A sexta-feira de Rock in Rio Lisboa mostrou como festivais não precisam ter atrações de estilos parecidos para agradar o público. A maior parte das 68 mil pessoas demonstrou gostar de riffs do rock brasileiro (Capital Inicial), riffs de rock mais pesado e chapado (Queens of the Stone Age), riffs do já nada novo new metal (Linkin Park) e riffs dos sintetizadores de Steve Aoki.
O DJ jogou bolos na plateia, como de costume. Antes de transformar a Cidade do Rock em Cidade do Electro House, participou do show do Linkin Park, apenas saltitando pelo Palco Mundo em “A light that never comes”, que repetiria depois em seu set. No fim dos dois shows, o público cantarolou "Seven Nation Army", do White Stripes, há tempos vertido para hino de estádios na Europa.
Ninguém fez a plateia cantar e socar o ar com tanto entusiasmo como o Linkin Park. A banda americana representa para a versão portuguesa do Rock in Rio aquilo que o Guns N’ Roses é para a edição carioca do festival. Esta foi a terceira apresentação do Linkin Park no Palco Mundo português e a devoção dos fãs continua intacta. Na dúvida, basta escalá-los, que eles resolvem.

Os fãs aplaudiram e cantaram até nas vinhetas, que dividem os quatro atos do show. Em noite pouco feliz, Chester Bennington oscilou um pouco no vocal. Ele canta bem em algumas partes, mas tem hora que a fraqueza da voz fica gritante (irônico, não?). Isso acontece, por exemplo, na nova “Wastelands” e quando duela com Mike Shinoda, na colante “Numb”. O vocalista rapper do Linkin Park tem voz mais grave e presença de palco menos caricata do que a do parceiro.

Se as poses e o gestual de Chester fossem transplantados para um holograma sem rosto, todo mundo iria pensar que o homenageado representa um cantor brega. Ele se agacha, fecha os olhos por pelo menos 30 segundos e segura o microfone com as duas mãos. Depois, abre as mãos e faz um sinal de “parem”, com semblante sofrido. Tudo fica ainda mais meloso em “Waiting for the end”, que destoa um pouco do repertório, muito bem recebido pelo público português.
30/05 - O vocalista Josh Homme durante show do Queens of the stone age no Rock in Rio Lisboa (Foto: Divulgação/Rock in Rio Lisboa)O vocalista Josh Homme durante show do Queens
(Foto: Divulgação/Rock in Rio Lisboa)
Bronca em fã
Antes de entoar as letras do Linkin Park, a plateia “cantou” os riffs de guitarra do Queens of the Stone Age. Foi assim em “No one knows”, a penúltima do show do grupo americano, que vai levar seu show pesado e denso ao Brasil, no segundo semestre. Quem não curte new metal seria feliz caso comparasse o som do Queens ao de um soundsystem potente. E o do Linkin Park ao de uma caixinha de som de computadores dos anos 90.

Além do som um pouco mais imponente, o vocalista Josh Homme mostrou que não é de levar desaforo para casa, com o perdão do clichê. "Tem um cara ali na frente me mostrando o dedo do meio. Ele deve estar fazendo isso por eu ter f... a namorada dele. Estamos aqui para nos divertirmos. Ah, não, na verdade eu f.. foi a mãe dele. Este show não é para você. Ele é para todas as outras pessoas", disse Homme, sério.
30/05 - O Capital Inicial faz seu primeiro show em Portugal durante o Rock in Rio Lisboa (Foto: Divulgação/Rock in Rio Lisboa)Capital Inicial faz seu primeiro show em Portugal
(Foto: Divulgação/Rock in Rio Lisboa)
Discurso sobre voto nulo
"A gente tem décadas de estrada e é a primeira vez que tocamos em Portugal. A gente vai tocar um pouco do rock n' roll brasileiro para vocês", adiantou Dinho Ouro Preto, logo no começo dobom show de estreia do Capital Inicial em Portugal. Outro discurso mais eloquente de Dinho veio também no final, antes de "Veraneio vascaína". "É uma honra o Brasil estar tendo manifestações quase diárias. Eu não sei o que vocês estão sentindo com os políticos de vocês", disse Dinho, dando uma pausa por conta das vaias (para políticos portugueses, em geral). "Eu tenho votado nulo. A política é tóxica, sentou naquela cadeira, f...", sentenciou.
Quase todos aplaudiram com educação e responderam bem aos pedidos de Dinho. Portugueses levantaram as mãos para o alto durante "Primeiros erros". A ajuda dos brasileiros possivelmente fez o Capital se soltar. Dinho contou a história da "seminal banda brasileira" Aborto Elétrico e se empolgou com a reação mais exaltada do público durante "Should I stay or should I go", do Clash.
Na plateia, bandeiras brasileiras (eram quatro, sendo uma delas com o símbolo do grupo Aborto Elétrico) foram notadas e incensadas por Dinho. "Do c..., Lisboa! Como é nossa primeira vez a gente estava nervoso pra c.... Vocês são muito generosos. Nos sentimos um pouco nas nossas raízes. Deveria haver um intercâmbio maior entre bandas brasileiras e portuguesas", disse o vocalista.
O festival continua no fim de semana. Neste sábado (31), Lorde e Arcade Fire são as atrações principais. No domingo, Justin Timberlake fecha a noite.

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