domingo, 14 de setembro de 2014

Metade das meninas se casam antes dos 18

Relatório também revela que a cada ano morrem na região mais de um milhão de recém-nascidos.

Quase a metade das meninas no sul da Ásia se casam antes de completar 18 anos, indicou um relatório das Nações Unidas que aponta as grandes desigualdades existentes entre os sexos.

O relatório, publicado pela agência da ONU para a infância, Unicef, também revela que a cada ano morrem na região mais de um milhão de recém-nascidos, frequentemente devido à falta de cuidados médicos.

"O sul da Ásia continua sendo um dos lugares mais perigosos do mundo para ficar grávida ou dar à luz, e registra o segundo maior número de mortes maternas do mundo", disse Karin Hulshof, diretor regional da Unicef nesta região. "Muitas crianças se casam, e muitas meninas nunca chegam a nascer", acrescentou.

Em muitas partes do sul da Ásia, especialmente na Índia - que forma parte desta região junto com Afeganistão, Bangladesh, Butão, Maldivas, Nepal, Paquistão e Sri Lanka - alguns pais seguem decidindo colocar fim a uma gravidez se sabem que o bebê é uma menina, disse a Unicef.

"A seleção em função do gênero, que favorece os meninos, é um exemplo dos fatores sociais, econômicos, culturais e políticos profundamente arraigados que discriminam as mulheres e as meninas", disse o relatório, acrescentando que tais práticas levam ao tráfico sexual das meninas ou aos casamentos forçados.

Uma em cada cinco meninas se casam antes dos 15 anos, o que faz com que esta região tenha a maior taxa de matrimônios infantis no mundo, afirma o texto.

Em Bangladesh, que tem o maior índice da região, duas em cada três meninas se casam antes de alcançar a idade adulta, o que as coloca em risco de exploração sexual e violência doméstica.

O estudo também destaca o impacto da desnutrição crônica em crianças no sul da Ásia, onde quase 40% dos menores de cinco anos sofrem atrasos no crescimento, embora existam disparidades regionais significativas.

Assim, quase a metade das crianças indianas de cinco anos, isso é, mais de 60 milhões de crianças, sofrem um atraso de crescimento.

O documento, publicado por ocasião do 25º aniversário da Convenção de Direitos da Infância, aponta que no último quarto de século foram registradas melhorias significativas nas condições de vida para as crianças nos oito países do sul da Ásia.

No entanto, ressalta que a persistente discriminação por gênero prejudica o processo de melhoria, e que o gasto dos governos em matéria de saúde, educação e proteção social segue muito abaixo do registrado em outras regiões.
AFP

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