sábado, 28 de fevereiro de 2015

SECA

Grecianny Carvalho Cordeiro*

Há três anos atrás escrevi um artigo – que transcrevo uma parte abaixo - sobre a seca. Nada mudou. E ao que tudo indica, nada mudará. O fantasma da seca sempre rondará e sempre se fará presente para o Nordeste. Por vários motivos, especialmente, por falta de vontade política e também porque a seca é altamente rentável. Agora mesmo foi anunciada a liberação de 6 bilhões de reais por conta da seca. E sabemos que esses 6 bilhões jamais serão investidos na resolução do problema, além do que, mais da metade desse dinheiro se perderá no meio do caminho, nos bolsos de alguns. Triste realidade. Nefasta mentalidade.
Estamos em pleno século XXI e o problema da seca no Nordeste ainda não foi resolvido. Somente paliativos. Carros-pipa, irrigação artesanal, medidas de emergência que se renovam a cada ano. Decretação de estado de emergência. Construção de açudes e de passagens molhadas, geralmente, em terras de políticos e de pessoas influentes. Sempre a mesma ladainha.
É impensável que, com a revolução tecnológica, a profissionalização de pessoas, a globalização, ainda não se tenha encontrado uma solução para a seca no Nordeste. Será que não existe ninguém capacitado a resolver esse problema? Duvido disso.
É de se pensar que inexiste boa vontade política para resolver esse problema. Essa é a grande verdade. A seca traz recursos para Estados nordestinos e seus municípios, a seca ajuda a manter o quadro de pobreza que implica na vinda de recursos vultosos do governo federal.  A seca trouxe o DNOCS e inúmeros empregos. A seca rende votos. A seca faz com que o estado de pobreza e de ignorância de muitos permaneça. A seca possibilita a manutenção de uma política assistencialista. A seca é um fenômeno extremamente rentável para muitos, uma verdadeira mina.
O Estado de Israel conseguiu irrigar o deserto! Dubai foi construído em pleno deserto, numa das regiões mais quentes e áridas do planeta! Por que eles conseguiram e nós não? Alguém saberia dizer?
O Nordeste do Brasil não consegue tamanho feito. Não consegue se livrar da seca que maltrata boa parte de sua gente. Mas por quê? Pra quê? Será que isso é politicamente interessante? Parece que não. Talvez melhor continuar sendo o primo pobre. E aquela conhecida frase se mantém perfeita:’é a ignorância que atravanca o progresso’.
Enquanto isso, o agricultor nordestino sofre. E o nordestino da capital também sente os efeitos da seca. Dentro em breve, tal problema será irremediável. 

*Promotora de Justiça, escritora e integra a Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza

Levy reconhece ter 'escorregado' em entrevista

por Cristiana Lôbo

Tão logo o noticiário online reproduzia suas declarações sobre o corte das desonerações concedidas pelo governo na gestão do antecessor Guido Mantega, o ministro Joaquim Levy concordou com sua equipe que havia "escorregado" nas declarações.

"Fui coloquial demais", disse ele a assessores. Com esse reconhecimento, ainda na sexta-feira, Levy demonstrou que é capaz de aceitar críticas da presidente, como fez Dilma neste sábado ao dizer que a declaração do ministro foi "infeliz".  Havia no mundo político e no próprio mercado apostas de que, no primeiro embate com Dilma, Levy iria pedir as contas.

"Não há crise", disse um auxiliar.

Joaquim Levy não pretende se manifestar publicamente para fazer o mea culpa pelas palavras usadas na entrevista em que anunciou as novas medidas econômicas. Ele admitiu internamente que foi um "erro político" usar a expressão "grosseira" e dizer que "a brincadeira custou caro". Ao ver suas declarações, Levy identificou o equívoco nas palavras. "As medidas não são a revogação do passado, são a construção do futuro".  A avaliação na equipe é a de que Joaquim Levy foi "sincero demais e cometeu um erro político". 

O "escorregão" com as palavras foi comparado ao do ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, na primeira semana de governo, quando ele anunciou um novo cálculo para o salário mínimo. A presidente Dilma, mesmo de férias, determinou que o ministro divulgasse uma nota repondo as declarações. "Ali, não houve discordância de política econômica, mas erro nas palavras", lembrou um auxiliar do governo. Levy recebeu críticas diretas da presidente, mas não foi instado a divulgar nota, apenas a reparação.

O ministro da Fazenda faz questão de observar que o pacote de medidas de ajuste fiscal é resultado de negociação com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e com a Casa Civil. Portanto, medida do governo. Se dependesse apenas da Fazenda, o corte seria mais profundo. "São medidas negociadas", disse um auxiliar do governo.

'Sem Direito a Resgate'

Jennifer Aniston tenta imprimir o seu timing cômico, mas sem o sucesso esperado.

Cena de "Sem Direito a Resgate", do diretor Daniel Schechter.
Por Nayara Reynaud
O título original de “Sem Direito a Resgate” faz jus aos caminhos seguidos pelos seus personagens: “Life of Crime”, ou seja, uma “vida de crime”. O cabeça do esquema de evasão de divisas, uma golpista e um neonazista são alguns dos integrantes do painel contraventor do filme, junto com a dupla de sequestradores Ordell Robbie (Yasiin Bey, atual alcunha do ator e rapper conhecido antes como Mos Def) e Louis Gara (John Hawkes).
Aquele leitor cinéfilo que tem uma memória afiadíssima pode perguntar se estes não são os nomes dos personagens vividos por Samuel L. Jackson e Robert De Niro, respectivamente, em “Jackie Brown” (1997). A resposta é sim e a razão está na origem de ambas as produções.
A homenagem de Quentin Tarantino à blackexplotaition – movimento cinematográfico realizado e protagonizado pelos negros na década de 1970 – se inspirava no romance policial de Elmore Leonard (1925-2013), “Ponche de Rum” (1992), em que o autor contava uma nova história com os dois criminosos que já havia apresentado em “The Switch” (1978), justamente o livro adaptado neste longa de Daniel Schechter.
Aqui, Robbie e Gara aparecem – mais jovens do que no filme anterior – como sequestradores atrapalhados que, com a ajuda do simpatizante do nazismo e de armas, Richard (Mark Boone Junior), raptam Mickey (Jennifer Aniston), a esposa de Frank Dawson (Tim Robbins), um homem aparentemente distinto, na realidade, um corrupto que desvia dinheiro de construções para suas contas nas Bahamas.
O fato de cruzarem, no momento da captura da loira, com Marshall (Will Forte), um amigo dos Dawson que é apaixonado pela mãe da família, torna-se o menor dos problemas da dupla. Ao exigirem do marido 1 milhão de dólar pela libertação da refém, eles descobrem que Frank não está disposto a pagar o resgate, pois nunca dera muita atenção a sua mulher, tanto que já estava ao lado de sua bela amante Melanie (Isla Fisher) em pleno paraíso caribenho.
Com apenas dois filmes de baixíssimo orçamento – “Goodbye Baby” (2007) e “Supporting Characters” (2012) – no currículo, Schechter era um diretor e roteirista desconhecido, mas que teve tudo a seu favor neste projeto. Contou com grandes nomes no elenco, a boa ambientação dos anos 70, especialmente nos figurinos, e, claro, o humor negro do texto de Leonard, cujos diálogos até que são mantidos em uma adaptação aparentemente fiel. Entretanto, o jovem cineasta não consegue tirar um resultado satisfatório ao desperdiçar esse potencial em uma obra que não encontra sua identidade, ou seja, o tom certo.
De fato, desde o início, “Sem Direito a Resgate” mostra que não foi feito para arrancar gargalhadas da plateia a todo o momento. Contudo, é necessário que o espectador esteja empolgado para dar mais do que breves sorrisos durante a exibição. Por outro lado, o drama, o romance e a ação criminal são apresentados de maneira bem superficial, tal como a caracterização de alguns personagens, a exemplo do Ordell – sem falar no desenvolvimento falho dado ao seu cúmplice neonazista durante a trama. Por isso, não há um equilíbrio entre os gêneros que sustente bem a história.
O elenco faz o possível com o que tem em mãos. Jennifer Aniston tenta imprimir o seu timing cômico, mas sem o sucesso esperado, apesar de ser o grande destaque, depois de John Hawkes, que dosa bem a docilidade e a firmeza do seu Louis em uma relação com toques de Síndrome de Estocolmo com sua refém. Esta é uma das poucas coisas a se resgatar, aliás, em um filme que pode até entreter, mas que facilmente se perde na memória do público.
Reuters

Recuperação dos reservatórios X Economia

O período seco inicia após março, e os reservatórios estão em níveis mais baixos que em 2014.

A recente elevação do nível dos reservatórios do Rio Paraíba do Sul e a saída do Santa Branca do volume morto estão longe de permitir relaxamento nos pedidos por economia de água, defende a vice-presidenta do Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (Ceivap), Vera Lúcia Teixeira. A orientação de reduzir o consumo, para Vera, deve ser feita "em letras garrafais".
"Os reservatórios aumentaram em função das chuvas que caíram em fevereiro, mas isso não representa nada se levarmos em consideração 2014. No ano passado, o nível chegou a 35% neste período, e hoje está na faixa de 7,5%. Com 35% no ano passado, entramos no volume morto depois do período seco", disse a vice-presidenta, que se reúne nesta quinta-feira, 26 de fevereiro, com representantes da Agência Nacional de Águas (ANA) e do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Segundo ela, a meta é que os reservatórios cheguem a 15% em março, mas a situação só poderia ser considerada confortável se os reservatórios atingissem 50%.
Na terça-feira (24), segundo o boletim diário da ANÁguas, o reservatório de Santa Branca, um dos quatro que compõem a bacia do Paraíba do Sul, deixou o volume morto, com elevação de seu nível útil de -0,03% para 0,08%. O nível total dos reservatórios, no entanto, caiu de 7,53% para 7,49%, puxado pelo maior reservatório, o Paraibuna, que caiu de 2,01% para 1,93%. O reservatório de Funil, o único que fica dentro do estado do Rio de Janeiro, teve queda no nível útil de 34,56% para 34,43%. Assim como Santa Branca, Jaguari teve pequeno aumento, de 8,15% para 8,26%.
Como o período seco se inicia após o mês de março, e os reservatórios estão em níveis ainda mais baixos que no ano passado, uma das medidas para economizar água é reduzir a vazão da barragem da Usina Elevatória de Santa Cecília.
Redução integral
A estrutura bombeia parte da água do Paraíba do Sul para o Rio Guandu, onde é tratada e captada para a região metropolitana do Rio. A vazão total, que chega a 200 metros cúbicos por segundo (m³/s) em períodos de cheia, e hoje está em 140 m³/s, vai cair gradativamente para 110 m³/s entre 1º de março e 30 de junho.
A redução será feita integralmente na água desviada para o Guandu, que vai cair de 100 m³/s para 70 m³/s, pois a água que segue ao longo do Paraíba do Sul não pode ficar abaixo de 40 m3/s. "Essa vazão ecológica não pode baixar de forma alguma", alertou Vera. Ela prevê problemas ambientais se a vazão dos rios cair e o despejo de esgoto se mantiver. "Se você tem um volume de esgoto, que era jogado numa vazão de 190 m³/s, e esse mesmo volume é lançado em 70 m³/s, tem um impacto que a gente ainda não sabe medir. Isso a gente só vai conseguir fazer a partir de análises", ressaltou.cont
Plano de contingência
O Ministério Público Federal recomendou que o governo do estado do Rio, a ANA, o Cevaip, o ONS e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) apresentem, em cinco dias, uma proposta de plano de contingência para o uso de recursos hídricos. A vice-presidenta do Cevaip informou que tomou conhecimento da recomendação pela imprensa, e disse que o comitê trabalha na elaboração do plano recomendado, com base no diagnóstico que já concluído, que indica as ações a serem tomadas. A ANA e a Aneel não se pronunciaram sobre a recomendação até o fechamento desta matéria, e o ONS informou que ainda não foi notificado oficialmente.
De acordo com o governador Luiz Fernando Pezão, é preciso olhar a questão com otimismo e obedecer os acordos com a Justiça e os estados de São Paulo e Minas Gerais para o uso da água do Paraíba do Sul. "A boa notícia é que diversos reservatórios estão se recuperando. A gente tem que olhar com otimismo também. Ontem, recebi uma foto do reservatório de Funil, que chegou a estar com 3% de sua capacidade, e bateu 33%", disse o governador.
O Cevaip planeja reunião, no próximo dia 11, com prefeitos e vereadores do Médio Paraíba do Sul, para sensibilizá-los sobre a necessidade de resgatar a vegetação ao longo do rio. "Precisamos pensar em um corredor ecológico na região", defendeu Vera, e destacou que no trajeto do rio foram estabelecidas muitas áreas de pastagem.
Eco Desenvolvimento

Desemprego provoca cerca de 45.000 suicídios

A crise de 2008 teve um impacto direto no número de suicídios, com cerca de 5.000.

O desemprego provoca cerca de 45.000 suicídios por ano em 63 países do mundo, entre eles várias economias ocidentais, segundo estudo de pesquisadores suíços publicado na revista The Lancet Psychiatry.
Segundo o grupo de investigadores da universidade de Zurique, é preciso colocar em prática estratégias específicas de prevenção para os desempregados em vez de focalizar unicamente nos efeitos negativos das crises econômicas.
A equipe analisou dados de mortalidade e suicídios entre o ano 2000 e 2011 em 63 países do mundo, entre eles várias economias ocidentais, mas sem incluir países muito povoados como China ou Índia.
Este período foi marcado por uma relativa prosperidade e logo por uma forte instabilidade econômica provocada pela crise financeira e bancária de 2008.
Em todo o período, foram registradas uma médias de 233.000 suicídios a cada ano nos países de referência. Desses, um quinto - cerca de 45.000 - podem ser atribuídos ao desemprego.
A crise de 2008 teve um impacto direto no número de suicídios, com cerca de 5.000.
Segundo os pesquisadores suíços, os homens e as mulheres são igualmente vulneráveis aos efeitos do desemprego.
"O risco de suicídio parece mais forte nos países onde é pouco frequente a falta de emprego", garante o principal autor do estudo, Carlos Nordt.
AFP

Volume alto pode deixar jovens surdos

De acordo com a OMS, mais de 1 bi de jovens podem sofrer danos auditivos devido a música alta.

Mais de 1 bilhão de jovens se arriscam a sofrer danos auditivos porque ouvem música muito alta, alertou nesta sexta-feira (27) a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O volume da música dos shows e boates costuma ser muito alto, assim como o som dos fones dos dispositivos de áudio ou smartphones.
Segundo os dados recolhidos pela OMS, cerca de 50% dos jovens de 12 a 35 anos de países com renda média ou alta se expõem a níveis sonoros muito fortes.
"Cada vez mais jovens correm o risco de sofrer danos auditivos. Têm que ser conscientes de que a audição, uma vez perdida, não volta", afirmou nesta sexta-feira a doutora Shelley Chahda, da OMS.
Uma exposição a níveis sonoros muito altos e de forma prolongada pode provocar danos irreversíveis.
Nos locais de trabalho, o ruído não deve superar os 85 decibéis para um máximo de oito horas diárias de exposição.
Para se ter uma ideia, 85 decibéis é o ruído que uma pessoa ouve quando está dentro do carro em meio ao trânsito em horário de pico.
Muitos funcionários que trabalham em boates, bares ou na organização de eventos esportivos enfrentam níveis que chegam aos 100 decibéis.
Segundo a OMS, uma pessoa não deveria se expor a um som como esse mais de 25 minutos por dia.
Visando a Jornada Mundial da Audição, no dia 3 de março, o organismo recomenda simples medidas preventivas.
Os adolescentes devem reduzir o volume de seus dispositivos de áudio e telefones, evitar utilizá-los mais de uma hora por dia, usar tampões nos ouvidos nos locais muito barulhentos e fazer intervalos.
Também devem acompanhar o estado de sua audição e realizar exames regulares.
A OMS também recomenda que os governos imponham rígidas medidas normativas sobre o som nos lugares públicos, e pede que os donos de boates e bares baixem o volume da música.
Cerca de 360 milhões de pessoas sofrem algum tipo de dano auditivo no mundo. Isso ocorre devido a fatores diversos, como doenças infecciosas, genéticas, complicações durante o parto, uso de certos medicamentos, ruído ou envelhecimento.
AFP

Escutai o Filho de Deus

Somos chamados a reconhecer em Jesus o Filho amado do Pai. Vamos escutá-lo.

É preciso descer das alturas para retomar a vida de todo dia.
Por Marcel Domergue*
O relato da Transfiguração, para Mateus, Marcos e Lucas, é uma experiência mística insólita, mas cheia de significado, localizada num ponto bem determinado do percurso de Jesus. Havia acabado de anunciar nas cidades e vilarejos ao Norte da Palestina a proximidade do Reino.
As pessoas, vendo os seus atos e ouvindo as suas palavras, se perguntam: quem é este homem? Pedro, em nome dos discípulos, havia declarado ser ele o Cristo, ou seja, Aquele que, estando impregnado pelo Espírito de Deus, vem estabelecer a sua soberania sobre todas as coisas. Ele é quem Israel espera desde sempre. Jesus, a seguir, anuncia que deve dirigir-se a Jerusalém, para ser rejeitado, crucificado e ressuscitar. Faz então meia volta e toma a direção de Jerusalém. Aos que querem ser seus discípulos, diz que devem segui-lo neste caminho. E que, se querem poupar a sua vida, haverão de perdê-la.
Neste ponto preciso, quando já está a caminho da “cidade que mata os profetas”, situa-se a Transfiguração. Jesus toma consigo os três primeiros discípulos que o haviam seguido e os conduz a uma alta montanha. O que equivale que se vai para um cume, para o ápice da revelação do plano de Deus e da profecia do ponto terminal para o qual estamos indo. Este ponto terminal aparece desde as primeiras linhas: trata-se do esplendor de cada um dos filhos dos homens e de nossa própria glorificação, em Cristo.
Moisés e Elias
Duas figuras emblemáticas. Moisés é o legislador e sua palavra tem autoridade. Elias é o profeta típico. Estas duas figuras simbolizam e recapitulam toda a primeira Aliança. Lembremo-nos dos discípulos de Emaús: para estes homens bloqueados na interpretação dos acontecimentos a partir da certeza da morte, Jesus, “começando por Moisés e percorrendo todos os Profetas, interpretou-lhes em todas as Escrituras o que a ele dizia respeito.”
Estamos aqui diante de uma mudança fundamental. Como tudo o que Moisés e os Profetas anunciavam e preparavam está agora realizado, entramos então em um novo regime. “Os tempos se cumpriram.”
Aliás, assim como vemos Moisés e Elias, que são figuras do mundo antigo, vemos também os pilares do novo mundo que está por vir: Pedro, Tiago e João. Estes três, neste momento, estão totalmente inconscientes do que se passa e, mais ainda, do que irá acontecer. Lucas mostra-os até mesmo adormecidos, como no Getsêmani: estão ausentes diante do espetáculo antecipado da Ressurreição, assim como estarão no aproximar-se da Paixão.
Pedro, no entanto, toma consciência desta antecipação figurada da vitória final. Sua proposta de erguer três tendas significa que deseja instalar-se onde a glória se manifesta. Como descrito poucas linhas antes deste relato (em 8,32), permanecera impermeável à perspectiva do “caminho da cruz”. Estaria querendo imobilizar Jesus na Primeira Aliança, junto com Moisés e Elias que estavam ali para representá-la? “Ergamos três tendas”!
Jesus só
No momento em que punham o pé na estrada, rumo à crucifixão do Filho, os discípulos tinham necessidade de serem confirmados em sua fé em Jesus. O resplendor do seu rosto e das suas vestes ofuscava-lhes o sentido da visão.
Foi preciso que se lhes passasse o significado através de uma palavra dirigida aos ouvidos. Uma voz vinda da nuvem (sinal da presença divina durante todo o Êxodo) designa Jesus como o Filho bem-amado. E nem mesmo o espetáculo da sua angústia e sofrimento deve levá-los a duvidar desta afirmação. Onde quer que ele for, devemos escutá-lo e segui-lo, com a certeza de que, de qualquer forma, para nós como para ele, o ponto de chegada será a “glória”. Mas eis que “de repente” tudo se apaga: nada de Moisés ou Elias nem de luz ou voz celeste.
 A Primeira Aliança pára de falar. Deus permanece mudo, mesmo se este silêncio é devido à nossa surdez e o desaparecimento da luz devido à nossa cegueira. “Não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus com eles.” O Jesus de todos os dias. É preciso descer das alturas para retomar a vida de todo dia. Pensemos no fim do relato da Anunciação: “E o anjo a deixou...”.
Este mesmo esquema encontra-se muitas vezes nos evangelhos: um tempo de uma luz muito viva e de revelação, para, depois, voltar-se ao cotidiano, à caminhada na noite da fé. Aí é que estamos. E nesses tempos de silêncio de Deus, é importante reviver a lembrança dos momentos fugidios da luz. Foi assim que Maria conservava todas estas coisas em seu coração.
Croire
*Marcel Domergue é sacerdote jesuíta, publicada no sítio Croire. O texto é baseado nas leituras do Batismo do Senhor, correspondentes ao 2º Domingo da Quaresma - Ano B (1° de março de 2015). A tradução é de Francisco O. Lara, João Bosco Lara, e José J. Lara.

A presença das mulheres no poder

Comparada a outras regiões, a América Latina é líder na representação política das mulheres.

Michelle Bachelet, Portia Simpson, Dilma Rousseff, Kamla Persed-Bissessar e Cristina Kirchner.
As mulheres estão mais bem representadas na política da América Latina do que em outras regiões do mundo, com um número maior de parlamentares do sexo feminino e cinco chefes de Estado.
"Convido o mundo a seguir o exemplo da América Latina e do Caribe", disse o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, falando em espanhol, ao abrir uma reunião em Santiago sobre a presença das mulheres no poder.
A região conta com uma parlamentar para cada quatro homens, enquanto no restante do mundo, esta relação é de uma para cinco - segundo dados da ONU.
Na América Latina e no Caribe governam hoje cinco mulheres: a chilena Michelle Bachelet, a brasileira Dilma Rousseff e a argentina Cristina Kirchner, além das primeiras-ministras de Jamaica, Portia Simpson, e de Trinidad e Tobago, Kamla Persed-Bissessar.
Falando para uma plateia de 60 líderes selecionadas pela ONU Mulheres, Ban Ki-moon lamentou o fato de nenhum país do mundo exibir hoje absoluta paridade entre homens e mulheres.
Cinco parlamentos do mundo não contam com sequer uma mulher e em oito governos não foram nomeadas nenhuma ministra de Estado.
"Devemos estender a participação política das mulheres", pediu o chefe da ONU, ao inaugurar o encontro sobre avanços e retrocessos nos direitos das mulheres desde a Conferência Mundial da Mulher, celebrada em 1995, em Pequim.
Cerca de 60 mulheres líderes das mais diferentes áreas participam do encontro em Santiago - entre elas a presidente chilena, Michelle Bachelet, primeira mulher a ocupar o cargo no país.
Em seu discurso inaugural, Bachelet lamentou o fato de hoje as mulheres "encontrarem barreiras mais resistentes de desigualdade".
Nos últimos anos, disse a presidente chilena, o espaço de desigualdade entre homens e mulheres foi reduzido em 4%. Neste ritmo, seriam necessários 81 anos para acabar com a desigualdade.
"Este é um prazo inaceitável para as mulheres de todo o mundo", afirmou a chefe de Estado chilena, que já liderou a organização ONU Mulheres.
No Chile, várias mulheres ocupam cargos importantes. O Senado é presidido por uma mulher, assim como a Central Única de Trabalhadores e o município de Santiago. Mas a representação das mulheres no Congresso é de 16%, abaixo da média regional - que chega a 21%.
A reunião da ONU termina no sábado com um apelo para incrementar o avanço na inclusão das mulheres.
AFP

Padres portugueses são campeões europeus em Futsal

Rádio Vaticana
Pela segunda vez nesta competição, que já conta com nove edições, a selecção portuguesa venceu a “Clerigus Cup” da Europa, que decorreu esta semana na cidade austríaca de Sankt  Polten, com uma vitória sobre a Polónia por uma bola a zero.
Os sacerdotes portugueses venceram os três jogos da sua fase de grupos, com 1-0 à Eslováquia; 2-0 à Albânia; e 3-1 à Bielorrússia. Depois  desta fase, derrotaram a Hungria por 2-1 e, na meia-final, a Croácia, por 1-0, resultado que repetiram na final com a favorita Polónia, detentora do titulo.
Uma vitória suada, diz à radio Vaticano o padre Marco Gil, capitão da selecção portuguesa e pároco de Arcozelo, arquidiocese de Braga, que destaca o sentido da partilha e comunhão entre sacerdotes de vários países.
Em entrevista ao jornalista Domingos Pinto, este sacerdote lembra que  “para além do desporto, há um mundo da amizade, da fraternidade e da caridade que deve estar subjacente a esta competição” e deixa ainda uma palavra de esperança aos portugueses para vencerem a crise, dando como exemplo esta grande vitória para as cores nacionais.

Papa exorta as Cooperativas italianas: "globalizar a solidariedade"

Rádio Vaticana

Cidade do Vaticano (RV) – Depois de uma semana de Exercícios Espirituais, em Ariccia, perto de Roma, o Papa e seus colaboradores da Cúria Romana voltaram ao Vaticano, na manhã desta sexta-feira (27). Assim, o Santo Padre retomou, normalmente, suas atividades, que tinham sido suspensas devido ao Retiro de Quaresma.
Desta maneira, o Papa Francisco recebeu, na manhã deste sábado, no Vaticano, o Cardeal-arcebispo de Nápoles, Dom Crescenzio Sepe, em vista da Visita pastoral de um dia, que o Pontífice fará àquela cidade no próximo dia 21 de março.
A seguir, o Pontífice recebeu, na Sala Paulo VI, cerca de sete mil membros da Confederação “Cooperativas Italianas”, acompanhado do seu Presidente Maurizio Gardini.
No seu denso discurso aos numerosos presentes, o Santo Padre expressou sua satisfação e apreço aos membros das Cooperativas Italianas, que representam “a memória viva de um grande tesouro da Igreja na Itália. À origem da atividade destas cooperativas estão os sacerdotes e os párocos, que, sabiamente, as fundaram e promoveram ao longo destes anos.
Ainda hoje, afirmou o Papa, em diversas dioceses italianas, se recorre à cooperação como remédio eficaz para o problema do desemprego e das diversas formas de dificuldade social.
Neste sentido, o Pontífice recordou que a Igreja sempre reconheceu, apreciou e encorajou a experiência de cooperação. Aqui, citou diversos documentos da Doutrina Social da Igreja, dirigidos aos cooperadores, que ainda são válidos e atuais em nossos dias.
Depois, o Bispo de Roma convidou os presentes a não olhar somente para o passado, mas sobretudo para o futuro, às novas perspectivas, às novas responsabilidades e às novas formas de iniciativas pelas Empresas e Cooperativas.
Trata-se de uma verdadeira missão que requer fantasia criativa para encontrar meios, métodos, comportamentos e instrumentos, para combater a “cultura do desperdício, cultivada pelos poderes que dirigem as políticas econômico-financeiras do mundo globalizado. E o Papa acrescentou:
“Globalizar a solidariedade, hoje, significa preocupar-se pelo aumento vertiginoso do desemprego, das lágrimas dos pobres, da necessidade de retomar um desenvolvimento que vise o verdadeiro progresso integral das pessoas sem rendas; preocupar-se com os aspectos da saúde, da solidariedade e da dignidade da pessoa humana. Enfim, globalizar a solidariedade!”.
A seguir, o Papa Francisco passou a dar alguns conselhos concretos aos membros das Cooperativas italianas: primeiro, “ser motor, que alivia e incentiva as camadas mais fracas das comunidades locais e da sociedade civil”, com particular referência aos jovens, mulheres, adultos desempregados.
Segundo: “ser protagonistas para encontrar novas soluções”, sobretudo no campo da saúde, que envolve as camadas mais pobres das periferias, sem jamais esquecer que “ao centro de tudo deve estar a pessoa”. A “caridade não é um simples gesto para tranquilizar o coração, mas um dom”.
Terceiro: a “economia e a sua relação com a justiça social, com a dignidade e o valor das pessoas”. Com uma nova economia criamos a capacidade de desenvolver as potencialidades das pessoas. Uma empresa deve crescer e lucrar, mas deve envolver todos, de modo cooperativo.
Quarto: “sustentar, facilitar e encorajar a vida das famílias; conciliar o trabalho com a família, especialmente no que se refere às mães e seus filhos. Somente assim se poderá administrar os bens comuns.
Quinto: este, talvez, poderá surpreender, por ser proposto pelo Papa, mas é preciso “investir, saber investir: colocar juntos os meios bons para realizar obras boas”. Aumentar a colaboração entre as cooperativas bancárias e as empresas, sabendo administrar os recursos, para que as famílias vivam com mais serenidade e dignidade. Os homens devem administrar, com honestidade, o capital econômico e não vice-versa.
Por fim, o Papa passou ao seu sexto e último conselho: “as Cooperativas devem colaborar com as paróquias e as dioceses”, onde há antigas e novas periferias existenciais, onde há pessoas marginalizadas, excluídas, desrespeitadas. E concluiu: “Vivam como cristãos! Mantenham a sua fé e identidade próprias! Sejam solidários!” (MT)
(from Vatican Radio)

Encontro inédito dos Bispos eméritos da América Latina e Caribe, em Bogotá

 Rádio Vaticana
Bogotá (RV) – Realizar-se-á, pela primeira vez, em Bogotá, Colômbia, um encontro dos Bispos Eméritos da América Latina e do Caribe. Trata-se de um evento inédito, que ocorrerá no próximo mês, promovido pelo Departamento de “Comunhão Eclesial e Diálogo, na área de Conferências Episcopais e Igreja particulares” do Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM).
"A Igreja busca oferecer uma atenção especial àquele Bispos de toda América Latina e do Caribe, que, depois de anos de trabalho pastoral e de condução das dioceses, se encontram em retiro de trabalhos", explica o órgão eclesial latino-americano em nota à imprensa.
O objetivo do evento, que terá lugar na sede da Conferência Episcopal da Colômbia (CEC), é "promover um espaço de encontro e diálogo fraterno, para aprofundar o aspecto episcopal dos pastores Eméritos e compartilhar sua realidade pastoral, à qual são chamados durante toda sua vida".
Além do mais, outro objetivo é criar um espaço, no qual os Bispos Eméritos possam contribuir para a criação de novas atividades missionárias, a partir da sua experiência e sabedoria. Toda pessoa consagrada à missão evangelizadora deve buscar uma constante atualização e aprofundamento do mistério de Deus em sua vida, na ação pastoral e na espiritualidade, descobrindo novos caminhos de missão.
O chamado de Deus se prolonga ao longo de toda a vida. Por isso, a Igreja quer caminhar com aqueles homens de Deus, que tiveram um chamado especial como Pastores. (MT-Arautos)
(from Vatican Radio)

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Madonna sofreu entorse na queda em Londres

A queda da pop star no palco dos Brit Awards provocou uma série de piadas cruéis.

A cantora Madonna informou que bateu com a cabeça e ficou várias horas sendo monitorada pelos médicos depois de sofrer uma queda durante sua apresentação no Brit Award, em Londres.
"Não lamentei pelas nádegas, e sim pela cabeça", afirmou a cantora em uma entrevista gravada na quinta-feira e que será exibida em março pelo canal britânico ITV.
"Eu sei cair. Já caí do meu cavalo várias vezes. Tenho força, mas o fato é que sofri uma entorse cervical e bati com a nuca e uma pessoa teve que me observar até 3H00 da manhã para ter certeza que eu estava 'compos mentis' (em juízo perfeito)", afirmou a cantora.
A queda da pop star no palco dos Brit Awards, na quarta-feira à noite provocou uma série de piadas cruéis e algumas demonstrações de solidariedade nas redes sociais.
A artista americana de 56 anos cantava "Living For Love" com um grupo de dançarinos. Um deles tinha a tarefa de puxar uma grande capa do figurino da cantora.
A capa não abriu e a cantora foi ao chão, em uma queda de costas de uma altura de quase um metro.
Em um exemplo de profissionalismo, a cantora prosseguiu com a apresentação como se nada tivesse acontecido, apesar de ter perdido o microfone na queda.
"O nó da capa estava muito apertado", explicou Madonna ao apresentador de TV Jonathan Ross.
"Foi um horrível pesadelo", disse ainda, acrescentando que não quis ver as imagens gravadas.
AFP

Jesuíta indiano é ameaçado no Afeganistão

Alexis Prem Kumar foi mantindo refém por extremistas por oito meses.
Nessa quinta-feira (25), o padre jesuíta Alexis Prem Kumar, que ficou em cativeiro por mais de oito meses no Afeganistão, disse que foi solto sob a advertência de que seria morto caso retornasse ao país. “No momento de minha soltura, me disseram que vou ser morto se escolher voltar ao Afeganistão, embora eles estivessem me libertando desta vez”, disse Kumar aos jornalistas em Chennai, capital do estado indiano de Tamil Nadu, um dia depois de chegar à cidade.
Ao relatar a experiência angustiante que viveu, Kumar, de 47 anos, disse que, durante o cativeiro, suas mãos e pernas ficavam acorrentadas, até mesmo quando mudavam o local em que era mantido confinado. “Na maioria do tempo minhas mãos e pernas ficaram acorrentadas, ainda que não houvesse ameaça à minha vida”, disse o sacerdote.
Em seguida, contou à imprensa que, no cativeiro, ele podia ir ao banheiro apenas uma vez a cada 12 horas e que um guarda armado ficava presente ao seu lado mesmo quando precisava fazer as necessidades básicas. “Assim, tive de beber menos água para controlar a quantidade de urina, e coisas desse tipo tiveram um impacto em mim. Precisei lutar contar alguns problemas de saúde”, falou.
Kumar estava trabalhando no Afeganistão como diretor do Serviço Jesuíta aos Refugiados – SJR, organização caritativa educacional, e trabalhava no país há mais de três anos. Antes, havia trabalho para o SJR servindo a refugiados srilanqueses em Tamil Nadu, estado localizado no extremo sul da Índia.
Kumar acompanhava professores numa visita a uma escola apoiada pelo SJR dedicada a refugiados na aldeia Sohadat, a 25 quilômetros da cidade de Herat, no dia 2 de junho de 2014, quando foi levado da escola por homens armados não identificados.
Ele foi solto na sequência dos esforços feitos pelo governo da Aliança Democrática Nacional, que administra o país. A anúncio de sua soltura foi feito pelo primeiro-ministro Narendra Modi no dia 22 de fevereiro. “Durante três anos não houve problema algum, e eu já estava familiarizado com a cultura local”, disse Kumar.
“Os sequestradores sempre me disseram que eu seria libertado em breve”, disse, acrescentando que não tinha uma ideia clara de quem eles eram, embora se diziam ser talibãs.
O sacerdote disse que não conhecida a língua local, Pashto, tendo de se comunicar com os sequestradores em língua de sinais. Quanto às demandas dos sequestradores e de como foi solto, Kumar disse “não ter ideia” e falou: “Não sei por que motivo eu fui levado nem como fui solto”.
Kumar agradeceu ao primeiro-ministro, às autoridades da embaixada indiana no Afeganistão e ao governo de Tamil Nadu por garantirem a sua libertação. Elogiando o povo do Afeganistão pela hospitalidade, disse, no entanto, que este ainda é um país “problemático sem paz”.
ZeeNews, 26-02-2015.

Papa Francisco, um papa 'feminista'?


Embora não busque a ordenação, pontífice parece determinado a dar mais visibilidade às mulheres.
Por Bénédicte Lutaud
O papa Francisco fala muitas vezes do lugar "importante" que as mulheres devem ocupar na vida eclesial. Mas até que ponto ele está disposto a avançar? "As mulheres devem ser mais consideradas na Igreja." A sua "emancipação" deve poder se "expressar". Desde o início do seu pontificado, o papa Francisco multiplica os discursos em favor das mulheres. Mas ele é, por isso, feminista?
Embora a ordenação das mulheres não faça parte dos seus objetivos, ele parece determinado a dar-lhes maior visibilidade. A reforma da Cúria (o governo da Igreja), principal canteiro de obras do seu pontificado, poderia lhe oferecer a oportunidade para nomear figuras femininas à frente dos dicastérios (ministérios). Mas ele deverá levar em conta fortes resistências que ele encontra dentro da sua administração.
Já poucos dias depois da sua eleição, na Quinta-feira Santa, o papa lavou os pés de duas mulheres em uma prisão romana. Foi a primeira vez que isso aconteceu. Uma semana depois, em um discurso, ele afirmou que as mulheres têm "um papel particular [para] abrir as portas ao Senhor". Em novembro de 2013, na exortação apostólica Evangelii gaudium, o papa foi mais incisivo: convidou a refletir "sobre o possível papel da mulher onde se tomam decisões importantes". Em dezembro de 2014, pediu que elas sejam "mais reconhecidas nos seus direitos", na "vida social e profissional".
"Como cerejas em um bolo"
Mas Francisco não para nas palavras. Em março de 2014, nomeou outra mulher à presidência da Pontifícia Academia das Ciências Sociais, a famosa socióloga Margaret Archer. Em julho, escolheu pela primeira vez uma mulher que nomeou para dirigir uma universidade pontifícia, a religiosa Mary Melone. A Comissão Pontifícia para a Proteção dos Menores já respeita a mais estrita paridade.
Em setembro, o bispo de Roma nomeou cinco mulheres para a prestigiosa Comissão Teológica Internacional. Três meses depois, afirmou: "As mulheres são como a cereja em um bolo! É preciso mais!".
No Vaticano, murmura-se que ele também poderia ir além: escolher uma religiosa para a direção de um dicastério encarregado pela pastoral dos migrantes. O cardeal Maradiaga, coordenador do Conselho dos Cardeais, que ajuda o papa a reformar a Cúria, fala da possibilidade de colocar um casal à frente do Pontifício Conselho para os Leigos.
A presença de uma mulher na cúpula da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada também não parece impossível, segundo Lucetta Scaraffia, especialista no status das mulheres na Igreja, no L'Osservatore Romano.
Continuidade nos conteúdos, ruptura no estilo
Por enquanto, as mulheres jamais superaram o grau de "número 3" na Cúria. Com Bento XVI, em 2010, foi nomeada a primeira mulher leiga, Flaminia Giovanelli, como subsecretária de um grande dicastério: o Pontifício Conselho Justiça e Paz. Um ano depois, a religiosa Nicla Spezzati se tornou a número 3 da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada.
Nos conteúdos, o Papa Francisco se inscreve no rastro dos seus antecessores, João Paulo II e Bento XVI. Este último havia até defendido a criação de um caderno feminino no L'Osservatore Romano. Mas é nos tons dos discursos que Bergoglio se distingue, denunciando com "uma coragem nova a condição de subalternidade das mulheres na Igreja", afirma Lucetta Scaraffia.
Ele "é mais audaz no seu modo de se expressar, de decidir", acrescenta Romilda Ferrauto, redatora-chefe da seção francesa da Rádio Vaticano. "O seu caminho pessoal faz a diferença."
E existe uma razão: em La vita occulta di Jorge Bergoglio, Armando Ruben Puente conta como o cardeal Jorge Mario Bergoglio, então arcebispo de Buenos Aires, salvou prostitutas da rua e dos seus cafetões.
Mas essa atitude não agrada a todos. Vários cardeais da Cúria não escondem mais a sua exasperação. Se Francisco decidisse nomear mulheres à frente dos dicastérios, "significaria que assumiriam postos em um nível alto de carreira. Haveria resistências enormes", defende Lucetta Scaraffia. "Não sei se o papa poderá enfrentá-las."
"Não será simples. Assim como o resto da reforma da Cúria", admite Romilda Ferrauto.
Nada de ordenações sacerdotais
O discurso inédito do papa, no entanto, tem certos limites. Sobre a ordenação de mulheres, ele é categórico: "O sacerdócio (é) reservado aos homens (...) é uma questão que não se põe em discussão", escreve ele na Evangelii gaudium.
Francisco confirma a posição da Igreja quando confere qualidades específicas à mulher; "É aquela que carrega, é a mãe da comunidade". O feminismo? "Uma filosofia que corre o risco de se transformar em machismo de saia." Algo dito muito claramente.
"O Vaticano mantém a ideia de que os homens e as mulheres têm papéis diferentes e complementares", confirma Lucetta Scaraffia. "O problema é que se considera que o papel dos homens seja superior, enquanto não é. As mulheres não precisam de um papel sacerdotal."
Kate McElwee é diretora da organização norte-americana Women's Ordination Conference em Roma, em favor da ordenação de mulheres. "A posição da Igreja", afirma, é "sexista. Dizer que as mulheres são mais espirituais, maternas permite justificar o fato de que a autoridade seja dada aos homens."
Valorizar as mulheres comprometidas
Kate McElwee participou, entre os dias 4 e 7 de fevereiro, de um congresso sobre as mulheres organizado pelo Pontifício Conselho para a Cultura. No livreto de apresentação, a ordenação feminina não está na pauta: "Segundo as estatísticas, o tema suscita um fraco interesse".
"Eu gostaria de ver essas estatísticas!", ironiza, já que 63% dos católicos norte-americanos seriam favoráveis à ordenação de mulheres. Na França, segundo uma pesquisa publicada nos jornais Le Monde e La Croix, em 2009, 63% dos praticantes regulares eram favoráveis.
No entanto, admite Romilda Ferrauto, esse encontrou permitiu pôr em primeiro plano o papel das religiosas no campo, especialmente a Ir. Eugenia Bonetti, símbolo da luta contra o tráfico europeu de imigrantes africanas forçadas à prostituição.
"As irmãs são as únicas que podem se aproximar facilmente das prostitutas", afirma a responsável pela Rádio Vaticano. "Hoje, as religiosas constituem dois terços da comunidade e não têm voz", deplora Lucetta Scaraffia.
Anne Marie Pelletier, professora do Collège des Bernardins e vencedora do Prêmio Ratzinger 2014, participou do congresso do Pontifício Conselho para a Cultura. Ela constata: "Hoje, um certo número de mulheres se distancia da instituição eclesial por considerarem-na pouco reconhecedora do enorme trabalho desenvolvido pelas mulheres".
Mulheres no seminário e mais teólogas
Lucetta Scaraffia também milita para que se admita um número maior de mulheres para ensinar nos seminários: "Os futuros padres se acostumariam a ver mulheres em posições superiores. Por enquanto, eles só veem empregadas que lavam os pratos!".
Além disso, é no âmbito intelectual que o Papa Francisco parece mais disposto a nomear mulheres. É preciso "tirar o melhor proveito da sua contribuição específica para a inteligência da fé", disse ele, em dezembro, à Comissão Teológica Internacional.
Por isso, é necessário "repensar toda a tradição cristã levando em conta as mulheres no Evangelho: Marta, Maria, a Samaritana e Maria Madalena", indica Lucetta Scaraffia. "Os Padres da Igreja falavam da feminilidade de Deus interpretada pelo Espírito Santo."
"Esse tipo de evolução um pouco telúrica só pode ser feita com um mínimo de paciência e de confiança. Mas o movimento começou", alegra-se Anne Marie Pelletier.
Le Monde des Religions, 17-02-2015.
*Tradução de Moisés Sbardelotto.

'Nuvem' do Saara vira fertilizante na Amazônia

A “nuvem” de fósforo corresponde a 0,08% dos 27,7 milhões de toneladas de poeira.

A cada ano, cerca de 22 mil toneladas de fósforo viajam do deserto do Saara até a Amazônia, ajudando a fertilizar a floresta, de acordo com um novo estudo publicado nesta semana na revista Geophysical Research Letters.
Em 2009, um grupo de cientistas de vários países, com participação brasileira, já havia descoberto que milhões de toneladas de poeira do Saara atravessam o Oceano Atlântico e chegam à Amazônia, cumprindo um papel fundamental no regime de chuvas da região. Já se imaginava que a poeira, rica em nutrientes como fósforo, tinha papel importante na fertilização do solo amazônico.
Agora, um grupo da Universidade de Maryland (EUA) fez, pela primeira vez, uma estimativa da quantidade de fósforo que faz essa travessia transatlântica. A “nuvem” de fósforo corresponde a 0,08% dos 27,7 milhões de toneladas de poeira que vão do Saara à Amazônia anualmente.
O estudo revela que as 22 mil toneladas de fósforo provenientes do deserto africano são equivalentes à quantidade do nutriente que a Floresta Amazônica perde anualmente com as fortes chuvas, comuns na região.
A poeira estudada pelos cientistas - com base em dados do satélite Calipso, da Nasa, entre 2007 e 2013 - é proveniente da Depressão de Bodélé, no Chade. O local tem imensos depósitos de micro-organismos mortos, que são carregados em fósforo. O solo da Amazônia, por sua vez, é pobre em fósforo e outros nutrientes que podem ser “lavados” e eliminados com as chuvas, segundo o coordenador do estudo, Hongbin Yu. “Todo o ecossistema amazônico depende da poeira do Saara para reabastecer suas reservas de nutrientes perdidos”, afirmou.
Agência Estado

Flanando por Londres com Virginia

27 de fevereiro de 2015

Woolf: prosa lírica e poética.
Woolf: prosa lírica e poética.
Por Carlos Ávila
Desde a sobrecapa (um “aquário” gráfico-visual de Diogo Droshi) até os textos no miolo do livro, tudo é atraente e envolvente em “O sol e o peixe” – reunião de prosas poéticas de Virginia Woolf (1882/1941) lançada recentemente pela Ed. Autêntica. O volume – com seleção, tradução e apresentação de Tomaz Tadeu – traz nove textos da grande escritora britânica, nome fundamental do modernismo do século 20, particularmente no período “entre guerras”.
A obra ensaística de Virginia está reunida, originalmente, em seis volumes, num total de mais de 3.000 páginas! Como forma de sobrevivência, ela produziu muitas análises e resenhas críticas para os mais diversos e importantes jornais e revistas de sua época. Alguns desses textos, segundo o tradutor, extrapolam o tom crítico e aproximam-se de sua obra criativa. “São alguns desses ensaios que procurei reunir nesta pequena coletânea. Eles têm, em geral, um tom lírico, poético, experimental” – assinala o tradutor.
Chamamos atenção aqui, particularmente, para o sensível e imagético “Flanando por Londres”, escrito e publicado em 1927, onde o pretexto para comprar um lápis leva Virginia a “bater pernas” por sua cidade natal sem destino determinado: “A hora deve ser à tardinha, e a estação, o inverno, pois no inverno a luminosidade cor de champanhe do ar e a sociabilidade das ruas são adoráveis (…). O entardecer nos permite, além disso, desfrutar da irresponsabilidade que a escuridão e a luz da lâmpada nos conferem”.
“Quando, num bonito fim de tarde,” – prossegue Virginia – “entre as quatro e seis horas, colocamos os pés fora de casa, deixamos cair a máscara pela qual nossos amigos nos conhecem e nos tornamos parte desse vasto exército republicano de vagabundos anônimos, cuja companhia, após a solidão de nosso quarto, nos é tão agradável”.
A errância verbal de Virginia (cada frase é como uma rua “com suas ilhas de luz e seus pomares de escuridão”) tem algo do fog londrino, vela e revela a um só tempo, leva a um fluxo de observações minuciosas – sobre pessoas, casas, lojas, vitrines… – e também a digressões luminosas em meio aos esplendores e misérias das ruas: “O verdadeiro eu é este que está na rua em janeiro ou é aquele que se debruça sobre o terraço em junho? Estou aqui ou estou lá?”.
A certa altura de sua caminhada Virginia envereda pelo “mundo” dos sebos (“livros usados são livros à solta, livros sem teto”, embora tenham um encanto que os de biblioteca não têm, segundo ela). Novas associações vêm à mente da escritora, que mais adiante retorna às ruas, ouvindo fragmentos de diálogos e vendo as figuras fugitivas dos passantes. E voltam à lembrança os lápis, entre imagens do rio Tâmisa – “largo, choroso, sereno”.
Vertiginosa Virginia, com sua escrita lírica e algo delirante, mas também precisa e penetrante (há outros belos textos dela no volume: “A paixão da leitura”; “Sobre estar doente”; “O sol e o peixe”); dos lápis aos lapsos, seguimos Virginia pela sombria Londres: “fugir é o maior dos prazeres; flanar pelas ruas no inverno, a maior das aventuras”.

Toque de classe

Especialistas descobriram intrigantes camadas de tinta sobrepostas em certas figuras de Da Vinci.

Por Fernando Fabbrini*
Nos bons tempos de hippie na Europa, meu amigo e mestre Francisco “Paco” Alcaraz, restaurador do Museu do Prado, contou-me uma história impressionante. Examinando alguns quadros de Leonardo Da Vinci com auxílio de luz ultravioleta, especialistas descobriram intrigantes camadas de tinta sobrepostas em certas figuras. Aprofundaram a pesquisa e desvendaram o enigma. Engenheiro, físico, matemático, filósofo, médico e anatomista, o também pintor Leonardo permitia-se uma extravagância genial. Ao conceber algumas figuras Da Vinci às vezes cismava e começava pintando os ossos da dama, do nobre ou do cavalo que esboçara. Depois, cobria o esqueleto perfeito com músculos e nervos, nas posições e flexões exatas. Prosseguia com o detalhamento da pele do personagem. Finalmente, “vestia-lhe” a roupa com texturas, dobras, sombras e luzes. Precisar, não precisava – mas ele fazia assim de vez em quando. Era só curtição.
O fazer bem feito é a área de lazer do bom profissional. É nessa praia que ele se diverte, é onde liberta seu estilo e sua criatividade para dançarem à vontade ao som de uma flauta imaginária que ele mesmo toca. Para evitar mal-entendidos, devo dizer que a virtude à qual me refiro gravita a anos-luz de distância da obsessão do indivíduo rígido, quadradão, limitado às paredes da caixinha. Também não tem nada a ver com vaidades imaturas e egos infantis. Falo de prazer e liberdade; não de dever e escravidão.
Seu Custódio, marceneiro, conversava com a madeira e escutava seus desejos antes de pegar o serrote e os formões. Alisava-a, cheirava-a, contemplava-a por algumas horas. Dependendo do tom do diálogo silencioso, soltava o veredito:
- Essa tábua quer ser banquinho de quintal – dizia sorrindo. A patroa e os clientes achavam Seu Custódio meio doido, mas ninguém ousava ironizar seu bate papo com os pinhos, mognos e sucupiras, porque o resultado era sempre fantástico.
Contaram-me também o célebre caso de um maestro de orquestra sinfônica que adiou seguidamente uma apresentação na corte holandesa por motivo gravíssimo. Seu spalla – o violinista principal – andava sofrendo de uma terrível dor de cotovelo (não se sabe se física ou sentimental) e, portanto, jamais tocaria com a alegria necessária o solo mais vibrante da partitura. O maestro pediu sinceras desculpas à Duquesa e deu de ombros. Se ela quisesse, que então esperasse a crise passar, ora bolas; paciência!
Soube ainda de um concurso que elege anualmente o melhor hotel do mundo. É um certame rigorosíssimo: os jurados passam o ano viajando incógnitos, percorrendo os hotéis pré-qualificados, provando menus, conferindo gentilezas e confortos. Como era de se esperar, são implacáveis no quesito limpeza: poeirinhas esquecidas no canto da cama e um mísero pelinho ondulado flutuando à deriva no box do banheiro são fatais. Um dos recentes hotéis vencedores ganhou por um fio – ops! – o troféu de melhor do mundo. O meio ponto decisivo da vitória sobre o segundo colocado veio de um complô curioso entre o pessoal da lavanderia e o da cozinha.  Diariamente, o chef envia à lavanderia uma relação detalhada dos ingredientes dos pratos, molhos e doces servidos no restaurante. Assim, caso o hóspede babe na gravata acidentalmente durante uma refeição, o pessoal saberá pela data do infausto evento qual o mais eficiente antídoto saponáceo para resolver o problema.
Tudo vem andando direitinho no reino da normalidade. Mas aí aparece um chato, coça a cabeça, torce o nariz e diz a frase mágica:
- Hum...! Sei lá, acho que dá pra fazer melhor.
*Fernando Fabbrini é roteirista, cronista e escritor, com dois livros publicados. Participa de coletâneas literárias no Brasil e na Itália.

Rock in Rio anuncia Queen como principal atração do primeiro dia

Grupo terá ajuda de Adam Lambert, cantor revelado no American Idol.
Em 1985, Queen fez apresentação histórica no primeiro Rock in Rio.

Do G1, em São Paulo

Show do Queen na República Tcheca com o vocalista Adam Lambert (Foto: AP Photo,CTK/Michal Kamaryt)Show do Queen na República Tcheca com o vocalista Adam Lambert, revelado no programa American Idol (Foto: AP Photo,CTK/Michal Kamaryt)
A noite de abertura do Rock in Rio 2015 no Brasil será encerrada de maneira majestosa. O festival anunciou que o grupo inglês Queen será a principal atração do Palco Mundo no primeiro dia de shows, em 18 de setembro.
O Queen vem ao Brasil com membros de sua formação original e Adam Lambert, cantor revelado pelo programa American Idol e que tem acompanhado a banda em uma turnê pela Europa.
Em 1985, o Queen fez uma apresentação histórica no primeiro Rock in Rio, no Rio, e fez as 250 mil pessoas presentes cantarem seus vários clássicos, como "Love of my life" e "We are the champions". Lambert tinha só nove anos de idade quando Freddie Mercury, vocalista do grupo, faleceu em 1991.
Rock in Rio 2015
A edição brasileira do Rock in Rio está confirmada para 18, 19, 20, 24, 25, 26 e 27 de setembro de 2015, na Cidade do Rock, no Rio (Parque dos Atletas, na Av. Salvador Allende, sem número), em uma área com mais de 150 mil metros quadrados. As atrações por enquanto incluem Metallica, Slipknot, Faith no More, Queens of the Stone Age, Katy Perry, A-Ha, System Of A Down e Hollywood Vampires, que se apresentam no Palco Mundo, e John Legend, já confirmado para o Palco Sunset.
Ingressos
Os 100 mil Rock in Rio Cards colocados à venda se esgotaram em 1 hora e 40 minutos, em novembro. O valor do ingresso, para cada dia, era de R$ 320 (inteira), R$ 160 (meia-entrada) e R$ 272 para clientes do banco Itaú.
O Rock in Rio Card equivale a um ingresso antecipado para o evento. Quem fez a compra garantiu a entrada antes da confirmação de todos os artistas que vão tocar e pode escolher em qual data pretende usá-lo. A escolha do dia deve ser feita até 2 de abril. A venda oficial abre para o público em geral também em abril.
Edição em Las Vegas
Antes da edição no Rio, o festival vai acontecer pela primeira vez nos Estados Unidos, após edições em Lisboa e em Madrid. No Rock in Rio Las Vegas, o Metallica será atração principal do fim de semana dedicado ao rock. Linkin Park, Taylor Swift e No Doubt estão confirmados. O evento acontece em Las Vegas nos dias 8, 9, 15 e 16 de maio
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