segunda-feira, 30 de novembro de 2015

O Papa Francisco já está em Roma, após retornar de sua 11ª viagem apostólica.

 O Pontífice visitou o Quênia, Uganda e República Centro Africana, onde foi como mensageiro da paz e da unidade e defendeu a convivência pacífica entre as religiões. O Airbus A330 da Alitália aterrissou às 18h32min locais no Aeroporto de Ciampino.
Do Aeroporto o Papa seguiu até a Basílica Santa Maria Maior, centro de Roma, para agradecer a Maria salus populi romani o bom êxito de sua viagem, que teve início na quarta-feira, 25.
Antes de deixar o continente africano, o Santo Padre recordou em um Tweet que “cristãos e muçulmanos são irmãos e devemos nos comportar como tal”. Logo após, Francisco tuitou novamente a seguinte mensagem:
"Este é o tempo para novos mensageiros cristãos: mais generosos, mais alegres, mais santos".

Caminhar para o Natal

Padre Geovane Saraiva*
Advento é um tempo precioso, que precede o Natal do Senhor. Vamos, nestes dias de graças, aguardar o nascimento do Menino Jesus, tão pequeno na gruta de Belém. Ele, que entrou no mundo como uma criança frágil, vivendo na sociedade de seu tempo, filho de Maria de Nazaré e do carpinteiro José, querendo, evidentemente, desmanchar a montanha do orgulho e do egoísmo, amparado pela simbologia do manto da paz, da justiça, da ternura e da solidariedade, falando-nos ao interior do coração humano, como assevera  tão bem o Papa Francisco: “A verdadeira riqueza não está nas coisas, mas no coração”.

O Filho de Deus veio ao mundo para que as pessoas conseguissem perceber que Ele carregava consigo uma profunda marca: a natureza divina. É o Verbo de Deus que se encarnou e veio se estabelecer entre nós (cf. Jo 1, 14), convidando-nos a “participar da divindade daquele que uniu a Deus nossa humanidade”, manifestando-se como luz a iluminar todos os povos no caminho da salvação. Caminhamos neste tempo do Advento ao encontro da misteriosamente “troca de dons entre o céu e a terra”, em um ambiente nem sempre favorável, nas palavras do Sumo Pontífice, que faz-nos pensar: “O grande risco do mundo atual é a tristeza individualista que brota do coração mesquinho”.

Para a humanidade, que parece ter perdido o sentido da vida, eis uma ocasião, a qual não se pode dispensar, para fazer uma profunda revisão de vida no Menino que logo vamos ver na manjedoura, pobre e frágil, simples e humilde, mas que recorda um número infinito de meninos empobrecidos, cansados de ilusórios presentes. Eles não querem esses ilusórios presentes, porque estão ávidos é de um futuro marcado de pequenos e generosos gestos, gestos concretos traduzidos em despojamento, em amor de verdade.

Na tão sonhada esperança indissolúvel de a terra transformar-se em céu e de o céu transformar-se em terra, caminhemos para o Natal convencidos do inefável presente: “Porque um menino nasceu para nós, foi-nos dado um filho; ele traz aos ombros a marca da realeza; o nome que lhe foi dado é: conselheiro admirável, Deus forte, pai dos tempos futuros, príncipe da paz” (cf. Is 9, 6), que, segundo a profecia do Santo Padre, o Papa Francisco, somos chamados a refletir: “Não há esforço de pacificação duradouro com uma sociedade que abandona parte de si mesma”.

O que mundo propõe não deve ser causa de alegria. Alegria de verdade encontramos no Evangelho como uma palavra de ordem: “Eis que eu anuncio uma grande alegria, que será para todo o povo”, mas qual é mesmo a alegria no sentido mais profundo? “Nasceu-vos hoje na cidade de Davi um Salvador, que é o Cristo Senhor” (cf. Lc 2, 10-11).

*Escritor, blogueiro, colunista, vice-presidente da Previdência Sacerdotal e Pároco de Santo Afonso, Parquelândia, Fortaleza-CE –geovanesaraiva@gmail.com

Papa se despede da África e pede sociedade justa e fraterna

 Rádio Vaticana

Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco presidiu a celebração eucarística nesta segunda-feira (30/11), no Estádio Barthélémy Boganda de Bangui, terceira e última etapa de sua 11ª viagem apostólica internacional, a primeira do pontífice ao continente africano.
O pontífice disse aos centro-africanos que cada um deles é chamado a ser, com a perseverança da sua fé e com o seu compromisso missionário, artesão da renovação humana e espiritual de seu país. Francisco os convidou a se comprometerem na construção de uma sociedade mais justa e fraterna, onde ninguém é abandonado.
A seguir, a íntegra da homilia do Papa Francisco.
Ao ouvir a primeira Leitura, podemos ter ficado maravilhados com o entusiasmo e o dinamismo missionário presente no apóstolo Paulo. «Que bem-vindos são os pés dos que anunciam as boas novas!» (Rm 10, 15). Estas palavras são um convite a darmos graças pelo dom da fé que recebemos destes mensageiros que no-la transmitiram. E são também um convite a maravilhar-nos à vista da obra missionária que trouxe, pela primeira vez – não há muito tempo –, a alegria do Evangelho a esta amada terra da África Central. É bom, sobretudo quando os tempos são difíceis, quando não faltam as provações e os sofrimentos, quando o futuro é incerto e nos sentimos cansados e com medo de falir, é bom reunir-se ao redor do Senhor, como fazemos hoje, rejubilando pela sua presença, pela vida nova e a salvação que nos propõe, como outra margem para a qual nos devemos encaminhar. 
Esta outra margem é, sem dúvida, a vida eterna, o Céu onde nos esperam. Este olhar voltado para o mundo futuro sempre sustentou a coragem dos cristãos, dos mais pobres, dos mais humildes, na sua peregrinação terrena. Esta vida eterna não é uma ilusão, não é uma fuga do mundo; é uma realidade poderosa que nos chama e compromete a perseverar na fé e no amor.
Mas, a outra margem mais imediata que procuramos alcançar, esta salvação adquirida pela fé de que nos fala São Paulo, é uma realidade que transforma já a nossa vida presente e o mundo em que vivemos: «É que acreditar de coração leva a obter a justiça» (cf. Rm 10, 10). O crente acolhe a própria vida de Cristo, que o torna capaz de amar a Deus e amar os outros duma maneira nova, a ponto de fazer nascer um mundo renovado pelo amor.
Demos graças ao Senhor pela sua presença e pela força que nos dá no dia-a-dia da nossa vida, quando experimentamos o sofrimento físico ou moral, uma pena, um luto; pelos atos de solidariedade e generosidade de que nos torna capazes; pela alegria e o amor que faz brilhar nas nossas famílias, nas nossas comunidades, não obstante a miséria, a violência que às vezes nos circunda ou o medo do amanhã; pela coragem que infunde nas nossas almas de querer criar laços de amizade, de dialogar com aqueles que não são como nós, de perdoar a quem nos fez mal, de nos comprometermos na construção duma sociedade mais justa e fraterna, onde ninguém é abandonado. Em tudo isso, Cristo ressuscitado toma-nos pela mão e leva-nos a segui-Lo. Quero dar graças convosco ao Senhor de misericórdia por tudo aquilo que vos concedeu realizar de bom, de generoso, de corajoso nas vossas famílias e nas vossas comunidades, durante os acontecimentos que há muitos anos se têm verificado no vosso país.
Todavia é verdade também que ainda não chegamos à meta, de certo modo estamos no meio do rio, e devemos decidir-nos com coragem, num renovado compromisso missionário, a passar à outra margem. Cada baptizado deve romper, sem cessar, com aquilo que ainda há nele do homem velho, do homem pecador, sempre pronto a reanimar-se ao apelo do diabo (e como age no nosso mundo e nestes tempos de conflito, de ódio e de guerra!) para o levar ao egoísmo, a fechar-se desconfiado em si mesmo, à violência e ao instinto de destruição, à vingança, ao abandono e à exploração dos mais fracos…
Sabemos também quanta estrada têm ainda de percorrer as nossas comunidades cristãs, chamadas à santidade. Todos temos, sem dúvida, de pedir perdão ao Senhor pelas numerosas resistências e relaxamentos em dar testemunho do Evangelho. Que o Ano Jubilar da Misericórdia, agora iniciado no vosso país, seja ocasião para isso! E vós, queridos centro-africanos, deveis sobretudo olhar para o futuro e, fortes com o caminho já percorrido, decidir resolutamente realizar uma nova etapa na história cristã do vosso país, lançar-vos para novos horizontes, fazer-vos mais ao largo para águas profundas. O apóstolo André, com seu irmão Pedro, não hesitaram um momento em deixar tudo à chamada de Jesus para O seguir: «E eles deixaram as redes imediatamente e seguiram-No» (Mt 4, 20). Ficamos maravilhados, também aqui, com tanto entusiasmo por parte dos Apóstolos: de tal maneira os atrai Cristo a Si que se sentem capazes de poder empreender tudo, e tudo ousar com Ele. 
Assim cada um pode, no seu coração, fazer a pergunta tão importante acerca da sua ligação pessoal com Jesus, examinar o que já aceitou – ou recusou – a fim de responder à sua chamada para O seguir mais de perto. O grito dos mensageiros ressoa mais forte do que nunca aos nossos ouvidos, precisamente quando os tempos são duros; aquele grito que «ressoou por toda a terra e até aos confins do mundo» (cf. Rm 10, 18; Sal 19/18, 5). E ressoa aqui, hoje, nesta terra da África Central; ressoa nos nossos corações, nas nossas famílias, nas nossas paróquias, em qualquer parte onde vivemos, e convida-nos à perseverança no entusiasmo da missão; uma missão que precisa de novos mensageiros, ainda mais numerosos, ainda mais generosos, ainda mais jubilosos, ainda mais santos. E somos chamados, todos e cada um de nós, a ser este mensageiro que o nosso irmão de qualquer etnia, religião, cultura espera, muitas vezes sem o saber. De facto, como poderá este irmão acreditar em Cristo – pergunta-se São Paulo –, se a Palavra não for ouvida nem proclamada? 
Também nós, a exemplo do Apóstolo, devemos estar cheios de esperança e entusiasmo pelo futuro. A outra margem está ao alcance da mão, e Jesus atravessa o rio connosco. Ele ressuscitou dos mortos; desde então, se aceitarmos ligar-nos à sua Pessoa, as provações e os sofrimentos que vivemos sempre constituem oportunidades que abrem para um futuro novo. Cristãos da África Central, cada um de vós é chamado a ser, com a perseverança da sua fé e com o seu compromisso missionário, artesão da renovação humana e espiritual do vosso país.
A Virgem Maria, que, depois de ter compartilhado os sofrimentos da paixão, partilha agora a alegria perfeita com o seu Filho, vos proteja e encoraje neste caminho de esperança. Amém.
(from Vatican Radio)

No dia de S. André, Francisco escreve ao Patriarca Bartolomeu

 Rádio Vaticana

Cidade do Vaticano (RV) – “O mundo hoje tem grande necessidade de reconciliação, especialmente depois de tanto sangue derramado nos ataques terroristas. Podemos amparar as vítimas com nossas orações e renovar nosso compromisso com uma paz duradoura, para promover o diálogo entre as tradições religiosas, porque a indiferença e a ignorância recíprocas podem causar apenas desconfiança e, infelizmente, conflitos”.
É o que escreve o Papa em mensagem ao Patriarca ecumênico, Bartolomeu I, e à Igreja ortodoxa, no dia de Santo André. 
Em 2014, o Papa estava na Turquia nesta festa litúrgica, e o relembra nesta carta ao Patriarca: “Passou-se um ano desde que celebramos juntos, na Igreja Patriarcal de Fanar, o dia de Santo André, primeiro apóstolo a ser chamado por Jesus e irmão de São Pedro. A ocasião foi um momento de graça – recorda Francisco – em que pude renovar e aprofundar, na oração comum e no encontro pessoal, as relações de amizade com vocês e com sua Igreja. Aprecio o compromisso fervoroso de Sua Santidade – escreve ainda o Papa – com a questão do cuidado da criação. Sua sensibilidade e consciência são testemunhos exemplares para os católicos”.
Enfim, o Papa Francisco pede a Bartolomeu que reze pelo Jubileu que está por começar: “É dever da humanidade redescobrir o mistério da misericórdia, a ponte que une Deus e o homem, e abrir o coração à esperança de ser amado para sempre, não obstante o nosso pecado. Foi por este motivo que convoquei um Jubileu extraordinário da Misericórdia, um tempo propício para contemplar a misericórdia do Pai revelado plenamente em seu Filho, Jesus Cristo, e para nos tornarmos um sinal eficaz do amor de Deus através do nosso perdão e de obras recíprocas de misericórdia. É providencial que o aniversário da histórica Declaração conjunta católico-ortodoxa, que removeu as excomunhões de 1054, se verifique às vésperas do Ano da Misericórdia. 
Peço a vocês e a todos os fiéis do Patriarcado Ecumênico que rezem para que este Jubileu Extraordinário traga os frutos espirituais que tanto desejamos”. 
(CM)

(from Vatican Radio)

EUA: hóstia consagrada sangra

Washington - A diocese de Salt Lake City, Utah (EUA) está investigando um possível milagre ocorrido na igreja de São Francisco Xavier, na localidade de Kearns, a 20km ao sul da capital do estado.
Segundo a mídia local, a hóstia consagrada, Corpo de Cristo, foi recebida por um menino que, ao que parece, não havia feito sua Primeira Comunhão. Ao perceber isso, um familiar do garoto devolveu a hóstia ao sacerdote, que a colocou em um copo d’água para que se dissolvesse, como se costuma fazer em casos semelhantes. Normalmente, em casos assim, a hóstia se dissolve em minutos.
Três dias depois, a hóstia consagrada não só continuava flutuando, senão que apresentava pequenas manchas de sangue, como se estivesse sangrando. Os paroquianos, ao saber do ocorrido, foram conferir o possível milagre e rezar diante da Hóstia Sangrante.
O diocese local criou um comitê para investigar o possível milagre eucarístico. Tal comitê é formado por dois sacerdotes, um diácono e um leigo, bem como por um professor de neurobiologia. A diocese assumiu a custódia da Hóstia Sangrante e esta não será exposta à adoração pública enquanto a investigação estiver em andamento.
Dom Francis Manion, presidente do comitê de investigação, declarou: “Recentemente, a diocese recebeu a informação de uma hóstia que sangrou na igreja de São Francisco Xavier, em Kearns. Dom Colin F. Bircumshaw, administrador diocesano, nomeou um comitê ad hoc de especialistas para investigar o assunto”.
E completou: “O trabalho da comissão já está em andamento. Os resultados serão divulgados publicamente. A hóstia se encontra neste momento sob custódia do administrador diocesano. Ao contrário dos rumores, não há planos, por enquanto, de expô-la publicamente para adoração”.
Dom Manion concluiu: “Seja qual for o resultado da investigação, podemos aproveitar este momento para renovar nossa fé e devoção no milagre maior: a presença real de Jesus Cristo em cada missa”.
SIR

Missas e orações pelas mudanças climáticas

Buenos Aires – A Comissão nacional “Justiça e Paz” da Conferência Episcopal Argentina convidou a oferecer as missas de domingo, 29 de novembro, e as orações pessoais, para que a Conferência sobre as Mudanças Climáticas (COP 21) que se realiza de 30 de novembro a 11 de dezembro em Paris, reunindo líderes de todo o mundo, tenha bom êxito e produza frutos concretos. 
Segundo informações publicadas no site da Conferência Episcopal Argentina, o presidente da Comissão, Emilio Inzaurraga, considera que “as consequências globais derivantes da dramática aceleração das mudanças climáticas obrigam a redefinir nossos conceitos de crescimento e de progresso.
Trata-se realmente de uma questão de estilo de vida. Esperamos que a COP 21 encontre uma solução consensual, considerando a dimensão e a natureza global do impacto climático”.
Citando a recente encíclica do Papa Francisco, Laudato sì, sobre o cuidado da casa comum, Inzaurraga sublinha que os habitantes de todo o mundo pedem que “a Conferência de Paris se demonstre responsável e se conclua com sucesso”; por isso, desejam que sua voz seja ouvida, “comprometendo-se com a sua oração e seu trabalho cotidiano pelo cuidado da criação”.
Convidando a aderir à petição católica pelo clima, dirigida aos líderes mundiais, Inzurraga recorda também o Apelo de Cardeais, Patriarcas e Bispos, representantes de Conferências Episcopais continentais, de diversas partes do mundo, dirigido à COP 21
SIR

Francisco: resistam à guerra e à divisão!

Bangui, Rep. Centro-Africana – Após abrir a Porta Santa e inaugurar o Jubileu da Misericórdia na República Centro-Africana, na noite de domingo (29/11), o Papa deu início à Vigília de Oração para a Missa que encerrará sua visita à África, na manhã da segunda-feira.
O Pontífice, antes de confessar alguns jovens no átrio da Catedral de Nossa Senhora, discursou de improviso à multidão que o aguardava diante da igreja para, ao final, enviar os jovens da África.
“A estrada que lhes é proposta neste momento difícil de guerra e divisão: a estrada da resistência. Fugir dos desafios da vida jamais é uma solução. É preciso resistir, ter a coragem para resistir e lutar pelo bem! Quem foge, não tem coragem de dar vida”.
Como podemos resistir? – Perguntou o Papa.
“Antes de tudo: a oração. A oração é poderosa. A oração vence o mal. A oração nos aproxima de Deus que é Todo-Poderoso”.
“Em segundo lugar: trabalhar pela paz. A paz não é um documento que se assina e fica na gaveta. A paz se faz todos os dias. A paz é um trabalho de artesãos, se faz com as mãos. Se faz com a própria vida”.
Mas como posso eu, ser um artesão da paz? – Questionou ainda o Pontífice.
“Não odiar, jamais! Se alguém te faz mal, procure perdoar. Nada de ódio. Muito perdão. Digamos juntos, nada de ódio, muito perdão!”
“Se você não tiver ódio no coração, se perdoares, serás um vencedor! Porque serás vencedor da mais difícil batalha da vida: vencedor no amor! E pelo amor, vem a paz”.
“Somente se vence pela estrada do amor. É possível amar o inimigo? Sim! Podemos perdoar quem nos fez mal? Sim! Assim, com o amor e com o perdão, vocês serão vencedores”.
“Com o amor, vocês serão vencedores na vida e darão vida sempre. O amor jamais fará de vocês derrotados. Corajosos no amor, no perdão e na paz!”,
Ao dizer que estava muito contente de poder encontrar os jovens, Francisco finalizou:
“Hoje abrimos esta Porta, isto significa a Porta da Misericórdia de Deus. Confiem em Deus, porque ele é misericordioso. Ele é amor. Ele é capaz de dar a vocês a paz”. 
SIR

Rosto da misericórdia

Nesse ano jubilar, a Igreja é chamada a vivenciar o tema da misericórdia de Deus.
Por Dom Pedro Luiz Stringhini
Jesus Cristo é o rosto da Misericórdia de Deus Pai, afirma o Papa Francisco na Bula de Proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia (Misericordiae Vultus). Esse ano jubilar terá início no dia 8 de dezembro de 2015, Solenidade da Imaculada Conceição de Maria, e término em 20 de novembro de 2016, Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo.
Nesse tempo, a Igreja é chamada a aprofundar e vivenciar o tema da misericórdia de Deus. Expressão máxima da caridade, a misericórdia é a compaixão que o coração experimenta frente à miséria e à necessidade do próximo. Compaixão é a tradução do hebraico rahamim (entranhas), para falar do amor de Deus como aquele que vem do mais profundo do ser materno. Deus é Amor (1Jo 4,16) e a misericórdia é seu maior atributo.
O amor e a misericórdia trouxeram à existência o mundo e, de um modo especial, o ser humano criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1,26). Depois do pecado, sua misericórdia, que é eterna (Sl 117,1) e que se renova a cada manhã (Lm 3,23), levou-o a enviar seu Filho único ao mundo, não para condenar, mas para que o mundo seja salvo por Ele (Jo 3,16).
Jesus, no sermão da montanha, proclama bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia (Mt 5,7). E ensina seus discípulos a serem misericordiosos como o Pai do céu, que faz nascer o sol sobre maus e bons e faz cair a chuva sobre justos e injustos (Mt 5,45). Em sua misericórdia insondável, Jesus se oferece no altar da cruz como vítima pura e perfeita em expiação pelos pecados da humanidade.
A misericórdia do Altíssimo é derramada qual bálsamo salutar e perfumado sobre as feridas causadas pelo pecado, indo além de todo merecimento e compreensão humana. Contudo, a misericórdia não é contrária à justiça de Deus (Bula, n. 21), mas faz parte da mesma realidade do seu amor: felizes os que têm fome e sede de justiça! (Mt 5,6).
Nesse ano jubilar, os filhos da Igreja são convidados a buscarem assíduos o sacramento da reconciliação e a conversão pessoal. E praticarem de maneira efetiva as obras da misericórdia: dar de comer aos famintos, dar de beber aos sedentos, vestir os nus, acolher os peregrinos (e refugiados), dar assistência aos enfermos, visitar os presos e enterrar os mortos.
Em tempos de violência exacerbada, terrorismo, guerras, é propícia a existência de uma grande corrente planetária de solidariedade, tolerância, perdão, espiritualidade. O Papa Francisco, com inspiração e sensibilidade, vem liderando essa corrente, com a força do amor, da humildade e da oração, propondo gestos concretos que desarmem os corações e aproximem até os inimigos. Assim, fica possível acreditar que a esperança não decepciona (Rm 5,5).
Instituto Humanitas Unisinos

Cúpula do Clima começa com apelo dramático

"A COP21 é uma imensa esperança que não temos o direito de fraudar", declarou Hollande.
Mais de 150 líderes do planeta deram início nesta segunda-feira aos trabalhos na conferência climática de Paris, a COP21, com um apelo dramático por um acordo global contra a mudança climática, capaz de preservar a vida das gerações futuras.
"A COP21 é uma imensa esperança que não temos o direito de fraudar", declarou o presidente François Hollande ao inaugurar o evento.
"Nunca o que esteve em jogo em uma reunião internacional foi tão importante", disse, acrescentando que "se trata do futuro do planeta".
O presidente da COP21, o chanceler francês Laurent Fabius, prometeu uma liderança "imparcial e respeitosa" das deliberações para alcançar um acordo mundial.
"O êxito está ao nosso alcance, mas não está conquistado de antemão", advertiu Fabius.
Christiana Figueres, principal nome da ONU para a questão do clima, disse que "nunca uma responsabilidade tão grande esteve nas mãos de tão poucos".
Os líderes reunidos também respeitaram um minuto de silêncio em homenagem às vítimas dos atentados jihadistas da capital francesa em 13 de novembro passado.
"Quero manifestar o reconhecimento do povo francês por todas as demonstrações de amizades recebidas", afirmou Hollande ao recordar os piores ataques sofridos pela França em seu solo desde a II Guerra Mundial.
Em seu discurso ante o plenário do encontro, o presidente Barack Obama pediu aos negociadores do acordo contra a mudança climática que atuem agora, antes que seja tarde demais, e assegurou que não existe contradição entre crescimento econômico e proteção ambiental.
"Temos o poder de mudar o futuro aqui e agora, mas apenas se nos colocarmos à altura do acontecimento", discursou Obama ante representantes de 195 países reunidos para a COP21 em Le Bourget, norte de Paris.
Antes, em uma reunião paralela, com seu colega chinês, Obama afirmou que China e Estados Unidos, os dois maiores emissores de gás de efeito estufa do planeta, devem assumir suas respectivas responsabilidades na luta contra o aquecimento global.
"Como os maiores emissores de carbono, estamos determinados a que ambos temos a responsabilidade de tomar medidas", declarou Obama depois da reunião mantida com Xi Jinping à margem da conferência climática COP21.
"Nossa liderança neste tema é vital", acrescentou.
Coincidindo cm o dia da abertura da Conferência do Clima, a capital Pequim e outras grandes cidades do norte da China vivenciavam nesta segunda-feira uma poluição recorde este ano, com uma densidade de partículas perigosas superava em mais de 20 vezes o limite recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os representantes dos 195 países que participam da COP21 devem anunciar, em 11 de novembro, a formalização de um acordo mundial para limitar o aquecimento global a 2°C em relação à era pré-industrial.

Paris paralisada
A cidade de Paris se encontra parcialmente paralisada em função do início da conferência, com os franceses respeitando, aparentemente, as recomendações de não utilizar carros e, na medida do possível, permanecer em suas casas.
Várias grandes avenidas estavam fechadas ao trânsito, em particular os acessos do norte que ligam a capital a Le Bourget.
Um trecho das rodovias permaneceu fechado ao trânsito, reservada aos veículos oficiais, assim como a autoestrada A1, que liga a capital a Le Bourget e ao aeroporto internacional de Roissy-Charles de Gaulle.
As autoridades solicitaram aos moradores da região de Paris que não utilizassem os automóveis e, na medida do possível, evitassem os deslocamentos, inclusive nos transportes públicos, gratuitos durante todo o dia.
Também pediram às empresas que liberassem os funcionários por um dia. Algumas permitiram o trabalho de casa.
No domingo, manifestações nos cinco continentes reuniram quase 600 mil pessoas para exigir um acordo contra o aquecimento global.
Os protestos ocorreram na Austrália, onde dezenas de milhares de pessoas foram às ruas, passando por Ásia, Europa e África, com o objetivo de exigir medidas que impeçam transformações irreversíveis como grandes secas ou a elevação do nível dos oceanos. Essas mudanças acontecerão, ao longo deste século, inevitavelmente, se não forem contidas as emissões dos gases responsáveis pelo efeito estufa.
Segundo as primeiras estimativas divulgadas por um dos organizadores, a ONG Avaaz, pelo menos 570 mil pessoas participaram das 2.300 marchas pelo clima ao redor do mundo neste fim de semana.
Em Madri, ao menos 10 mil pessoas participaram de uma passeata iniciada diante da prefeitura, na Praça Cibeles, que seguiu até a Porta do Sol. Entre as mensagens, podia-se ler "A Terra é sua casa" e "Me ajude e ajude a si mesmo".
Em Londres, estrelas de Hollywood e do mundo da moda foram às ruas hoje junto com milhares de anônimos, para exigir compromissos contra o aquecimento global.
"Este clamor popular tem de ser ouvido. Essa cúpula histórica tem uma importância vital", disse à AFP a atriz Emma Thompson.
Em Paris, as forças de segurança usaram gás lacrimogêneo para conter centenas de manifestantes, muitos deles mascarados, que jogaram sapatos, garrafas e até barreiras metálicas contra os agentes, em um protesto contra a proibição de se manifestar à margem da COP21.
Os manifestantes se reuniram perto da Praça da República, convocados por pequenos grupos "AntiCop21", contrários à conferência do clima da ONU em Paris.
Segundo o ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve, a polícia deteve 208 manifestantes, dos quais 174 estão em prisão provisória.
AFP

domingo, 29 de novembro de 2015

Faculdade de fabricar pensamento

Flávio Leitão*
Resultado de imagem para dr flávio leitão
Quis a grandeza d’alma dos novos membros titulares da Academia de Letras e Artes do Nordeste – ALANE, Secção do Ceará, que fosse eu o arauto de nossa justificada alegria pelo recebimento de laurel tão significativo, pelo regozijo de nos terem autorizado a passearmos, sem peias, na agradável companhia de nossos confrades e de nossas confreiras, na pradaria interminável da literatura e das artes, por, enfim, nos adotarem como seus irmãos e irmãs, no convívio salutar das discussões literárias, artísticas e filosóficas. 

A outorga deste galardão pela ALANE aos novos recipiendários traduz, claramente, a chegada à maturidade da nossa atividade literária e artística e nos deixa, naturalmente, prenhes de merecido júbilo e de indisfarçável orgulho.

Não começarei alardeando, com falsa modéstia, que não somos merecedores de tão elevado prêmio, de tão singular homenagem. 

Seria pisotear na inteligência arguta dos ilustres confrades e das ilustres confreiras que, desde a criação da ALANE neste Estado, abrilhantam esta Arcádia com suas expressivas criações literárias e artísticas e tornam-na, cada vez mais, expressão maior do relevo da literatura e da arte no Ceará.

Quando nos escolheram é porque sobejamente sabem que em todos nós existe um pouco do Homo faber, defendido pela principal figura do espiritualismo do século XX, Henri Bergson (1859-1941), que descortinou na inteligência a característica fundamental do Homem, a faculdade de fabricar pensamento.

A criação do Homo faber por Bergson é, seguramente, uma tentativa para melhorar a imagem do Homo sapiens, hoje, liderando a brutalidade das guerras do fundamentalismo religioso e da ganância capitalista incontrolável das nações hegemônicas.

Homo sapiens que sabe destruir com drones, a partir das sofisticadas salas do Pentágono, com precisão milimétrica, seus inimigos políticos, mas que sente dificuldade em acolher o refugiado, fustigado pela insensatez de outros Homo sapiens, refugiado fruto do colonialismo escravagista europeu na África e no Oriente.

A Academia, minhas senhoras e meus senhores, escola fundada por Platão no ginásio, que tinha o nome do herói grego Academos, foi inspiração para a criação, na Itália, por 14 poetas reunidos no palácio da rainha Cristina da Suécia, da primeira Arcádia. 

Nossa irmã lusitana nascia 66 anos após a instalação de sua primeira congênere. 

Por sua vez, a ALANE iniciou seu ciclo de cultivo às artes e à literatura graças ao entusiasmo e ao transcendentalismo de poetas, escritores e artistas plásticos pernambucanos, num total de 60, que, no dia 27 de janeiro de 1978, fundaram a primordialmente cognominada Academia de Letras e Artes do Nordeste Brasileiro, e, posterior e definitivamente, a Academia de Letras e Artes do Nordeste – ALANE.

Nossa irmã pernambucana teve 11 presidentes, tendo sido Nicolino Limongi o primeiro. Médico renomado, ele abriu caminho para seus colegas Benedito Rubin Cohen, Mozart Borges Bezerra e, finalmente, Alvacir Raposo. Três mulheres adornaram a presidência daquele sodalício: Margarida Matheus de Lima, Ana Maria Cesar e Bernadete Serpa Lopes. 

Atualmente, está na presidência da ALANE pernambucana Melchiades Montenegro que, cavalheirescamente, atendeu nosso convite e nos honra sobremaneira com sua presença nesta noite engalanada. 

Foi Bernadete Serpa Lopes, juntamente com a escritora Lourdes Sarmento de Pernambuco e Beatriz Alcântara da Academia Cearense de Letras, a maior incentivadora para renovar a ALANE, Secção do Ceará, aprovando a posse da professora Lourdes Leite Barbosa na presidência, em substituição ao presidente resignatário, o príncipe dos poetas cearenses, Arthur Eduardo Benevides, que tinha como seu vice Carlos Neves d’Alge, a quem o poeta José Valdivino de Carvalho dedicou belíssimo soneto intitulado Língua Portuguesa.

Além de Arthur Eduardo Benevides e Lourdes Leite Barbosa, presidiram a ALANE o poeta e médico José Teles, o poeta Carlos Augusto Viana e, finalmente, o médico e escritor Francisco Nóbrega Teixeira.

Feitos que merecem destaque no histórico da ALANE foram a vinda, em outubro de 1996, de uma caravana de escritores pernambucanos, liderados por Waldemar Lopes, para instalarem o núcleo cearense da ALANE e a criação da revista Urupema, pela presidente Lourdes Leite Barbosa, como órgão oficial da expressão cultural e artística da ALANE.

Nesta Arcádia, verdadeiro sacrossanto cibório, que guarda em sua luz a leveza dos poetas, a altivez denunciadora da pena dos escritores e a beleza estonteante das artes plásticas, temos por finalidade desenvolver o exercício da sabedoria literária e artística, que só vale se voltado ao desenvolvimento da humanidade, à luta pela sedimentação da paz e à imposição do domínio do amor.

Caríssimas confreiras, caríssimos confrades, minhas senhoras, meus senhores, é do conhecimento de todos que, quando passeava Dante na segunda cornija do purgatório – a dos invejosos –, acolitado pelo poeta Virgílio, vendo aqueles trapos humanos com as pálpebras cerradas com arame e desejando explicação para a imposição de tão ingente sofrimento, temeroso de interpelá-los, recebeu de Virgílio o sábio conselho: “fala e sê breve, que serás benquisto”.

Assim, nós, os novéis recipiendários desta noite de gala – Aila Sampaio, Beatriz Helena Motta Jucá, Dina Maria Aquino Avesque, José Maria Chaves, Maria Luisa Silva Bonfim, Révia Herculano, Wellington Alves de Sousa e o que vos fala, pretendendo merecer a benquerença de todos que abrilhantam esta solenidade, findamos a nossa peroração.

Mas, se Virgílio nos aconselha a brevidade das palavras, por outro lado, a expressão maior da literatura hispânica – Miguel de Cervantes Saavedra, por meio de seu personagem ímpar –, o engenhoso fidalgo Don Quixote de la Mancha –, por ocasião da quebra das correntes dos condenados às galés, vaticinou: “é próprio de gente bem nascida agradecer os benefícios que recebe; e um dos pecados que mais a Deus ofendem é a ingratidão”.

Assim, gostaríamos, nós, recipiendários, de solicitar, data venia, um pouco mais da paciência deste egrégio auditório para agradecermos, em primeiro lugar, ao Criador, por nos ter dado a plenitude da vida, permitindo expressarmos a alegria de viver também por meio da literatura e da arte.

Em seguida, agradecemos a generosidade de nossas famílias (cônjuges, filhos, genros, noras, netos – esses brinquedinhos vivos que nos tornam criança) por compreenderem nossa ausência pelo tempo que dedicamos à literatura e à arte.

Por último, não sendo por isso menos importante, gostaríamos de agradecer, igualmente, ao Ideal Clube, na pessoa de seu Diretor, o querido amigo Amarílio Cavalcante, que nos acolhe magnanimamente neste espaço, em momento tão agradável desta convivência literária.

Muito obrigado.
*Médico, escritor e membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza

CAPISTRANO DE MARANGUAPE x MARANGUAPE DE CAPISTRANO DE ABREU

Seridião Correia Montenegro

Resultado de imagem para Dr seridião montenegroNa bucólica paisagem do Sítio Columinjuba da recém-instalada Vila de Maranguape, desmembrada de Fortaleza dois anos antes (1851), já se aproximava o fim do mês de outubro de 1853 e a temperatura a cada dia se tornava mais quente e abrasadora. O sol se punha no ocaso, espargindo os últimos raios luminosos, quando um choro auspicioso de criança anunciou a chegada ao mundo do primeiro filho de João Honório. Vizinhos e amigos, que aguardavam ansiosamente em torno da Casa Grande da pequena propriedade, cumprimentaram o amigo e comemoraram até alta madrugada, tomando, em meio à animada conversa, a inigualável e afamada cachaça produzida nas imediações da Vila. Tinha nascido João Capistrano Honório de Abreu, que ficaria conhecido, no curso de sua vida adulta, como Capistrano de Maranguape. 
Depois dessa noite memorável, como num “piscar de olhos”, seguindo a mágica e incontida ação do tempo, os anos foram passando, testemunhando o lento crescimento da criança, cercada pelo amor dos pais e pelo aconchego da família. 
O menino Capistrano, forte de personalidade, perspicaz, detalhista, persistente, determinado e de inteligência exuberante, mas por vezes indisciplinado e displicente, iniciou os estudos e se alfabetizou no sítio em que nasceu. Aos sete anos, foi estudar em Fortaleza no Colégio de Educandos, dirigido pelo padre Antônio Braveza, e, posteriormente, no Ateneu Cearense, matriculando-se em 1865, com doze anos, no Seminário Episcopal do Ceará, de quem foi companheiro o jovem Cícero Romão Batista, do Crato. O espírito contestador e a curiosidade acerca dos fenômenos da vida e da ciência, do talentoso jovem, tiveram como consequência uma drástica reação por parte dos conservadores padres lazaristas da já conceituada instituição de ensino religioso, fundada no ano anterior: convidaram Capistrano a se retirar do seminário. 
Em 1869, seu pai, João Honório de Abreu, admitido na Guarda Nacional como Primeiro Tenente do esquadrão de cavalaria de Maranguape, decidiu mandar o filho para Recife, a fim de fazer os estudos preparatórios no Colégio das Artes. O jovem estudante pretendia ingressar na Faculdade de Direito do Recife. 
Mas, em 1871, reprovado nos exames preparatórios, Capistrano retornou ao Ceará. O estudante, segundo o biógrafo José Carlos Reis, “nada afeito a exames, fracassou nas tentativas de ingresso na Universidade e jamais chegou a obter um diploma de curso superior”. 
Dos dezoito aos vinte anos de idade, Capistrano permaneceu no sítio dos pais, dividindo o tempo entre o lazer, a contemplação da natureza, as leituras e a redação de artigos para jornais de Fortaleza. 
Foi um dos fundadores, em 1872, da Academia Francesa do Ceará, movimento intelectual de cunho filosófico e literário, de cultura e debates, progressista e anticlerical, que tinha por objetivo disseminar o positivismo no Ceará. 
No fundo do coração, Capistrano procurava maturar a ideia e o sonho de sair da casa dos pais, “ganhar o mundo”, tornar-se independente e conquistar um bom emprego, com um salário condigno, que atendesse a suas necessidades e aos contidos anseios de independência e de liberdade. 
Conseguiu com o amigo e escritor José de Alencar uma carta de recomendação para o jornalista e diretor de jornais Joaquim Serra, a fim de lhe franquear o acesso, na condição de estagiário, a algum órgão de imprensa da Corte. Viajou para a “Cidade Maravilhosa”, acalentando a esperança de um futuro promissor. Não demorou a conseguir, graças à “credencial” que levava consigo, um modesto emprego na prestigiosa Livraria Garnier. Começou a lecionar no Colégio Aquino. Passou a escrever artigos de crítica literária e história para o jornal Gazeta de Notícias. 
Mas o destemido Capistrano de Abreu procurava delinear o seu próprio destino, buscando atividade mais compatível com sua vocação de estudioso de história e de pesquisador. 
Em 1879, foi aprovado em concurso para trabalhar na Biblioteca Nacional. Segundo o historiador e ensaísta Francisco Iglesias, esta passagem pela principal biblioteca do país foi fundamental para o desenvolvimento de sua carreira, pois “na Biblioteca Nacional, Capistrano passou a lidar com livros raros, a ler o que só aí se encontrava, a lidar com documentos, aprendendo a lê-los e a interpretá-los convenientemente”. 
Sempre preocupado em se dedicar à área de sua especialização, em 1883 conseguiu aprovação em concurso público e ingressou numa das mais importantes instituições de ensino do país na época, o Colégio Pedro II, onde passou a lecionar corografia e história. 
Foi no exercício do magistério que elaborou a importante tese “O descobrimento do Brasil e seu desenvolvimento no século XVI”, trabalho que viria a ser uma das bases do livro Capítulos de História Colonial, sua primeira obra de vulto. Como professor, Capistrano prosseguiu seus estudos, publicando artigos e traduções de obras europeias, especialmente alemãs, tornando-se, em 1887, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. 
Em 1899, resolveu se demitir do Colégio Pedro II, desgostoso com a extinção da cadeira que lecionava. Passou a se dedicar exclusivamente a escrever para jornais e fazer pesquisas históricas, tornando-se, como autêntico autodidata, um dos mais importantes historiadores do Brasil. 
Dedicou-se ao estudo de línguas e, apenas com o auxílio dos dicionários, aprendeu o inglês, o francês, o alemão, o italiano, o holandês e o sueco. Na década de 1890, começou a fazer estudos sistemáticos sobre as línguas e os costumes dos índios brasileiros, que o ocupariam até o fim da vida. As principais obras de Capistrano de Abreu são: O Necrológio de Varnhagen, Estudo sobre Raimundo da Rocha Lima, José de Alencar, A Língua dos Bacaeris, Capítulos de História Colonial 1500-1800, Dois Documentos sobre Caxinauás, Os Caminhos Antigos e o Povoamento do Brasil, O Descobrimento do Brasil, Ensaios e Estudos, e Correspondência. 
Duas situações, em épocas diferentes de sua vida, conseguiram revelar a personalidade forte e o caráter retilíneo de Capistrano de Abreu: o pedido de demissão do Colégio Pedro II e a recusa de tomar posse, depois de eleito, na Academia Brasileira de Letras, decepcionado com a traição de Rui Barbosa, um dos artífices da extinção da cadeira de corografia e história do Colégio Pedro II. 
Devemos ressaltar que Capistrano, no estudo da história colonial brasileira, elaborou uma teoria da literatura nacional, baseada nos conceitos de clima, terra e raça, e promoveu a renovação dos métodos de investigação e interpretação da história, no Brasil. 
Devem-se destacar também alguns aspectos que transformaram o “Capistrano de Maranguape” num dos ícones da historiografia brasileira: a sua fidelidade à verdade histórica, através da defesa intransigente da necessidade de divulgação das fontes históricas, com a consequente disponibilização dessas fontes a todos os que se dispusessem a estudar a história pátria, possibilitando o confronto das fontes com a narrativa dos textos produzidos pelos historiadores.
 Capistrano se notabilizou, nos trabalhos e pesquisas, pela segurança da investigação, vasteza da informação, profundidade do saber e inteligência do assunto tratado. 
No momento em que se comemoram seus 162 anos de nascimento, pela dimensão e importância que teve o grande historiador, pode-se afirmar com orgulho que um dos maiores historiadores brasileiros é Capistrano de Abreu de Maranguape, a terra em que nasceu, hoje conhecida como Maranguape de Capistrano de Abreu.
*Escritor, procurador fazendário e ex-vereador de Fortaleza 

Pe. Geovane Saraiva reza e abençoa o Hotel Shallon em Campo do Jordão

Foto com a senhora Elizabete, proprietária,
 portuguesa de Bragança
www.hotelshallon.com.br
29/11/2015

Cardeal Hummes entrega documento à COP21 em Paris

 
Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano (RV) - O Cardeal Claudio Hummes entregou no sábado (28/11), aos responsáveis pela organização da COP 21 de Paris uma petição assinada por quase 1,8 milhão de pessoas, dentre as quais cerca de 800 mil católicos. No texto, escrito em forma de apelo às partes envolvidas nas negociações da COP21 sobre o clima, em curso em Paris, se pede um corte enfático nas emissões de gás carbônico para frear o fenômeno do aquecimento global.
Na petição, pede-se ainda que seja fixada uma data para o total abandono dos combustíveis fósseis e que seja fixada para 2050 uma completa "descarbonização". Pede-se, por fim, que os países mais ricos ajudem aqueles mais pobres na administração das mudanças globais com instrumentos adequados e ajuda financeira.
Ainda na capital francesa, após a marcha que seria realizada contra o aquecimento global ter sido cancelada, uma instalação foi feita na cidade com milhares de sapatos que representam todas as pessoas que lutam pela preservação do planeta. Um par de sapatos do Papa Francisco também faz parte da manifestação.
"O Papa quis estar presente neste evento e enviou simbolicamente seus sapatos", declarou o Cardeal Hummes.
Abaixo, publicamos a íntegra do artigo do Cardeal Hummes por ocasião da COP21
São Francisco, papa Francisco e a Cúpula do Clima da França
Por Cardeal Cláudio Hummes, O.F.M.
“Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz”.
Estas palavras da oração popular, atribuída a São Francisco me vêm à mente quando os negociadores internacionais e as religiões do mundo reúnem-se em Paris buscando enfrentar a mudança climática.
Como o Papa Francisco recordou em sua encíclica Laudato Si’, a paz e a proteção da criação são objetivos unidos. Seus antecessores, e muitos outros líderes de outras religiões, têm ensinado o mesmo. Na preparação para as negociações sobre o clima da COP21, um número inspirador de católicos ouviu este ensinamento e se mobilizou em todo o mundo. Muitos estão agora em Paris, uma cidade que tem mostrado ao mundo o significado da esperança, para levar a voz da fé a estas negociações.
Aqui e em todo o mundo, em eventos inter-religiosos e seculares, incluindo as maciças Marchas Climáticas Globais, ativistas católicos do clima estão de mãos dadas com seus irmãos e irmãs de diversas comunidades de fé - incluindo outras denominações cristãs, judeus, muçulmanos, budistas, hindus, e tantos outros. De São Paulo a Berlim, de Londres a Manila, juntos eles clamam pelo planeta, pelos pobres e os indígenas, e pelas gerações futuras, para que o mundo possa conhecer a paz.
Ontem - como os cristãos preparados para entrar no Advento, o tempo da preparação para o nascimento de Jesus Cristo - eu me juntei a representantes de outras religiões para entregar às autoridades das Nações Unidas e do governo francês (o qual preside a COP21) as assinaturas de [número total de assinaturas ainda a ser confirmado] de pessoas de todo o mundo que assinaram uma petição que clama aos nossos líderes para que ajam de forma decisiva, antes que seja tarde demais.
Foi uma honra profunda representar os [número a ser confirmado] de católicos - crianças, homens e mulheres unidos em todos os continentes, culturas e línguas - que se fizeram instrumentos da paz de Deus assinando a petição do Movimento Católico Global pelo Clima (MCGC).
Formado há apenas dez meses, o MCGC tornou-se uma voz firme, fiel e crescente. Juntou seus braços aos movimentos de base e da caridade da Igreja - e a muitos outros - para clamar por justiça climática, bem como pelas virtudes irmãs da justiça, a prudência, a temperança e a fortaleza, para que possamos agir corretamente e rapidamente.
“Inspirado pelo Papa Francisco e pela encíclica Laudato Si’ ”, afirma a petição do MCGC, “apelamos a vocês para reduzir drasticamente as emissões de carbono de modo a manter o aumento da temperatura global abaixo do limite perigoso de 1,5°C, e para ajudar o mundo mais pobre a lidar com impactos das mudanças climáticas”.
Nós que assinamos esta petição - pois na verdade eu tenho, também, assim como têm muitos outros cardeais e bispos - conhecemos desses impactos. Porque os combustíveis fósseis aumentaram a cobertura natural do dióxido de carbono que rodeia o nosso planeta, nossa atmosfera agora retém mais e mais da energia do sol. Essa realidade se agrava, é claro, com a devastação das florestas do nosso planeta, como nas bacias do rio Amazonas e do rio Congo - como eu conheci intimamente por meio do meu trabalho com a Rede Eclesiástica Pan-Amazônia. Com a perda de tanta área maravilhosa de floresta pela atividade humana, o nosso planeta perde capacidade de absorver o dióxido de carbono.
Hoje muitas comunidades, especialmente as mais vulneráveis, sentem os resultados: o aguilhão da seca; a devastação das inundações súbitas e maciças; a mudança de espécies nas águas que as famílias pescaram durante séculos.
A lista continua e é esperado que cresça - se não mudarmos os nossos caminhos. O que, naturalmente, nós podemos.
“Em caso de dúvida, [semeie eu] a fé”, a oração de São Francisco continua. “Onde houver desespero, esperança; Onde houver trevas, luz; E onde houver tristeza, alegria.”
Esta oração não é passiva. Ela pede-nos a viver os caminhos de Deus e a semear Sua presença dentro da história humana. Ela pede a coragem de viver com amor sacrificial para todas as coisas e toda a vida que Deus criou.
Em Laudato Si' o Papa Francisco ensina que se nós, como São Francisco, “sentirmo-nos intimamente unidos a tudo o que existe, então, a sobriedade e o cuidado surgirão espontaneamente. A pobreza e a austeridade de São Francisco não eram mera aparência de ascetismo, mas algo muito mais radical: a recusa em transformar a realidade em um objeto a ser simplesmente usado e controlado”.
Se esse objeto é uma pessoa ou o nosso planeta, você e eu somos chamados a amar e a cuidar de tudo o que Deus criou, não a abusar dele. Nem podemos ficar parados enquanto outros o fazem.
É por isso que eu me juntei com alegria ao [número] de minhas irmãs e irmãos católicos na exortação aos negociadores da COP21 para que desenvolvam as estruturas internacionais necessárias para a justiça climática e, também, para a temperança, a prudência e a firmeza que, com a graça de Deus , protegerão a criação e ajudarão a trazer a paz a todo o mundo.
***
(from Vatican Radio)