sexta-feira, 30 de setembro de 2016

DESEMPREGO EXPLODE COM TEMER E MEIRELLES

Índice bateu mais um recorde histórico sob o comando de Michel Temer na presidência e de Henrique Meirelles na Fazenda; a taxa de desemprego ficou em 11,8% no trimestre encerrado em agosto, com 12 milhões de desempregados no país no período, segundo dados divulgados nesta sexta-feira 30 pelo IBGE; esta é a maior taxa da série histórica, que começou no primeiro trimestre de 2012; o índice aumentou em relação ao registrado no trimestre anterior, de março a maio, quando ficou em 11,2%, e também em comparação ao trimestre encerrado em agosto de 2015, que atingiu 8,7%
30 DE SETEMBRO DE 2016 ÀS 09:13 // RECEBA O 247 NO TELEGRAM Telegram


Papa aos ortodoxos: Colocar o Evangelho e o perdão acima de tudo

Por Alvaro de Juana
Papa e Patriarca ortodoxo da Geórgia. Foto: Captura do Youtube

TSIBILI, 30 Set. 16 / 02:00 pm (ACI).- A visita do Papa Francisco à Geórgia e ao Azerbaijão tem um forte caráter interconfessional, por isso em diferentes atos realizados durante a viagem estarão presentes representantes de várias religiões. Hoje o Pontífice se reuniu na sede do patriarcado da Geórgia com Sua Beatitude Elias II, líder da Igreja Ortodoxa e apostólica georgiana, e pediu colocar a Evangelização e o desejo de paz acima de tudo.

Em seu discurso, o Santo Padre recordou a visita do Patriarca ao Vaticano em 1999, com São João Paulo II. “Vossa Santidade inaugurou uma página nova nas relações entre a Igreja Ortodoxa da Geórgia e a Igreja Católica, ao realizar a primeira visita histórica ao Vaticano dum Patriarca georgiano. Naquela ocasião, trocou com o Bispo de Roma o ósculo da paz e a promessa de rezarmos um pelo outro”, afirmou.

Depois de valorar positivamente as relações entre a Igreja ortodoxa da Geórgia e a Católica, Francisco explicou que chegou ao país “como peregrino e amigo, cheguei A esta terra bendita, quando está a ponto de concluir para os católicos o Ano Jubilar da Misericórdia”.

“Agora, a Providência divina faz-nos encontrar novamente e, face a um mundo sedento de misericórdia, unidade e paz, pede-nos que os vínculos entre nós recebam novo impulso, renovado ardor, de que o ósculo da paz e o nosso abraço fraterno já são um sinal eloquente”.

O Pontífice assegurou que apesar das diferenças “Nisto temos o apoio do amor que transformou a vida dos Apóstolos. É aquele amor sem igual que o Senhor encarnou”.

“Verdadeiramente o amor do Senhor eleva-nos, porque nos permite subir acima das incompreensões do passado, dos cálculos do presente e dos medos do futuro”, acrescentou.

Em seu discurso, também elogiou o testemunho do povo georgiano, que “ao longo dos séculos, a grandeza deste amor. Nele encontrou a força para se levantar de novo depois de inúmeras provações; nele se elevou até aos cumes duma beleza artística extraordinária”.

Por outro lado, recordou “a gloriosa história do Evangelho nesta terra deve-se de modo especial a Santa Nino, que é comparada aos Apóstolos: ela espalhou a fé sob o sinal particular da cruz feita de lenho de videira. Não se trata duma cruz desnudada, porque a imagem da videira, para além do fruto que sobressai nesta terra, representa o Senhor Jesus”.

O Papa argentino pediu novamente permanecer unidos e pediu “a multidão de Santos, que conta este país, encoraja-nos a colocar o Evangelho em primeiro lugar, evangelizando como no passado, e mais do que no passado, livres das amarras dos preconceitos e abertos à perene novidade de Deus”.

“Que as dificuldades não sejam impedimentos, mas estímulos para nos conhecermos melhor, compartilharmos a seiva vital da fé, intensificarmos a oração de uns pelos outros e colaborarmos com caridade apostólica no testemunho comum, para glória de Deus nos céus e ao serviço da paz na terra”, desejou.

Em seguida, o Santo Padre sublinhou: “Com a paz e o perdão, somos chamados a vencer os nossos verdadeiros inimigos, que não são de carne e sangue, mas os espíritos do mal fora e dentro de nós”.

“Esta terra abençoada é rica de heróis valorosos segundo o Evangelho que souberam, como São Jorge, derrotar o mal. Penso em tantos monges e, de modo particular, nos numerosos mártires, cuja vida triunfou ‘com a fé e a paciência’: passou através da prensa do sofrimento, permanecendo unida ao Senhor e assim produziu um fruto pascal, irrigando o solo georgiano com sangue derramado por amor”, manifestou.

Ao concluir, Francisco pediu que sua intercessão “dê alívio a tantos cristãos que ainda hoje, no mundo, sofrem perseguições e ultrajes e reforce em nós o desejo bom de vivermos fraternalmente unidos para anunciar o Evangelho da paz”.

Francisco, modelo de paz

O fascínio de São Francisco de Assis
Por Dom Paulo Evaristo Arns
A festa de São Francisco, em 4 de outubro, transformou-se em símbolo do esforço da Igreja pela Paz. Todos nos lembramos com gratidão da viagem de Paulo VI às Nações Unidas e do pedido humilde, mas corajoso, do Pontífice, de se transformarem os canhões de guerra em arados para a construção da paz duradoura.

Nos tempos de São Francisco, não havia homem que não andasse armado, e homens armados podem transformar-se facilmente em homens de guerra. Como nos dizia certa vez um mexicano: “Em minha Juventude, carregava-se sempre o revólver no cinto e morriam muitos homens pela violência. Hoje, andamos desarmados e já são poucos os que assim morrem”.

Para conseguir um movimento de paz, São Francisco fundou sua Ordem Terceira, que obrigava a todos os membros a andarem sempre com a expressão “Paz e Bem” sobre os lábios e com o cinto e o ânimo desarmados.

Esse movimento provocou tamanha simpatia entre os homens, que se alastrou por sobre o mundo inteiro, conquistando adeptos entre todas as classes e transformando-se em autêntico fermento da idéia “PAZ”.

No entanto a educação para a paz tinha que partir do exemplo daqueles que podem fazer guerra, das autoridades. E havia o que mudar.

O próprio Bispo de sua terra e a autoridade civil se guerreavam. São Francisco não se acovardou, e com sua simplicidade costumeira foi pedir a ambos que fizessem as pazes. Conseguiu-o, mais por persuasão pessoal, do que por argumentos históricos.

Quando, já moribundo, é transportado para sua terra, Assis, abençoa-a do alto de uma colina, desejando-lhe a paz e oferecendo sua serenidade diante do maior inimigo – a morte – como exemplo a todas as gerações. A morte assim se transformou em irmã, que conduz ao desabrochar total na paz eterna.

Mas antes de morrer, já enviara seus arautos da paz, os Frades Menores, dois a dois, a todos os pontos cardiais do mundo, com a mensagem evangélica da Paz: contínua conversão interior; vida em favor dos outros; renúncia aos bens que podem provocar a guerra, e carinho em favor daqueles que não vivem em paz porque estão marginalizados.

“Deixo-vos a paz, dou-vos minha paz”, havia dito Jesus.

Paz significa, segundo os textos evangélicos, um incentivo para todos aqueles a quem Deus ama. Ter paz interior é olhar para os outros com o respeito e o amor de quem olha para Jesus. Ter paz interior não é outra coisa senão identificar-se a tal ponto com os sofrimentos dos outros “que não haja quem sofra, sem que eu sofra com ele”. Por que não dizê-lo, paz interior significa também ter liberdade de falar a Deus como a um amigo e fugir a tudo que possa empanar esta amizade.

Neste ponto, São Francisco é o grande mestre da paz. A tal ponto assimilou a mensagem de Jesus, que na hora da morte, ele próprio confessou: “Não existe um termo no Evangelho que eu não tenha decorado – isto é, que eu não tenha posto no coração – com os pontos e virgulas”.

A mensagem de paz de São Francisco foi assunto para pincéis e penas. Artistas e escritores celebraram a cena do lobo de Gubbio, o ladrão que não deixava paz à sua cidade.

O lobo que fazia vítimas contínuas na comunidade. São Francisco dirigiu-se a ele, e firmou o contrato de que ele não sofreria fome, caso não maltratasse mais os outros.

Os historiadores estão todos de acordo em dizer que São Francisco criou uma alegoria, e nós hoje teríamos a grande tentação de aplicá-la ao nosso meio. Mas preferimos confiar esta tarefa ao leitor: Como faremos para que o lobo deixe de devorar-nos? Qual é a comida que lhe oferecemos, para que não tenha mais fome nem maldade?

Quando visitamos as Pirâmides do México, o arqueólogo nos explicava: “Reparem naquelas pessoas que sobem; quanto se identificam com o monumento, na medida em que vão atingindo o alto; e como no final são uma coisa só com o monumento e o céu”.

Agora imaginem-se os antigos sacerdotes, que subiam com suas oferendas, e assim identificavam a terra e o céu, numa só visão para todos os crentes. As pirâmides se casam com a natureza e o homem mexicano.

Quando o peregrino percorrer Assis, sentirá apenas falta do homem Francisco, totalmente identificado com a natureza. Talvez com um cordeirinho nos braços, cordeirinho que recebeu em troca do manto, amando a água “pura e casta”, amando a lua, o fogo e o sol, amando, sobretudo, o homem, pobre e desprezado, chamando a tudo e a todos de Irmão, de Irmã.

Como à paisagem mexicana se devolve a paz completa, ao unir as pirâmides com o sacerdote e o céu, assim a Humanidade inteira se reconcilia em São Francisco, com aquilo que é e deve ser.

A Paz significa, em última análise, reconhecer a Deus como Pai e a toda a natureza como irmã. A evocação de São Francisco exige de cada um de nós um gesto e uma súplica de paz.

Texto do livro “Olhando o Mundo com São Francisco”, de D. Paulo Evaristo Arns, Edições Loyola, 1982.
Postado: Padre Geovane Saraiva

Francisco de Assis: PARÁFRASE AO PAI NOSSO!

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Irmão Francisco de Assis:

Perseguido pelo teu pai, devolveste-lhe as roupas e o dinheiro 

e renunciaste aos bens familiares diante do teu bispo, dizendo:

« Até agora, chamei-te meu pai, aqui na terra; de hoje em diante 

poderei dizer livremente: “Pai-Nosso, que estás no céu”. Pois a Ele 

confiei todo o meu tesouro e nele depositei toda a minha confiança. »

– Dá-nos o teu coração LIVRE, para rezar:
R/ Pai-nosso, que estás no Céu.

Irmão Francisco de Assis:

Marcado pelo sofrimento, e quase cego, no teu Cântico do Irmão Sol 

soubeste cantar o nome do «Altíssimo,  omnipotente e bom 

Senhor» e reconheceste-o em todas as criaturas.   

– Dá-nos o teu coração de JOGRAL, para rezar:
R/ Pai-nosso, santificado seja o teu nome.

Irmão Francisco de Assis:

Depois de sonhares ser armado cavaleiro e participar em batalhas,

escolheste o Senhor em vez de correr atrás do servo; tornaste-te o 

“arauto do Grande Rei”, gritando a toda a gente: “O amor não é 

amado! O Amor não é amado!”; e fundaste uma Ordem de Irmãos 

para iniciar, no mundo, outra forma de ser e de estar por amor do 

Reino dos Céus.

– Dá-nos o teu coração de CAVALEIRO, para rezar:
R/ Pai-nosso, venha a nós o teu Reino.

Irmão Francisco de Assis:

Embora sentindo-te inspirado pelo Espírito de Deus

para seguir a tua vocação de pobreza, de paz e menoridade,      

não te dispensaste de auscultar a vontade de Deus na sua Palavra, 

no conselho dos irmãos e do Papa; renunciaste ao ofício de Geral da 

Ordem e pediste um guardião, estando disposto a obedecer ao 

último noviço. 

– Dá-nos o teu coração de SERVO, para rezar:
R/ Pai-nosso, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu.

Irmão Francisco de Assis:

Sendo filho de um rico mercador, quiseste desposar a Senhora 

Pobreza na tua vida. « Em todos os pobres vias o Filho da Senhora 

pobre » e  envergonhavas-te ao ver alguém mais pobre do que tu.  

Inspiraste as Damas Pobres de São Damião e a Ordem Terceira.

Exortaste os teus confrades a trabalharem para ganhar o sustento,

e a só pedirem esmola quando não lhes dessem salário.E, antes de 

morrer, repartiste um pão entre todos como sinal de amizade e 

pensando no gesto do Senhor, por cujo Corpo tinhas tanta devoção.   

– Dá-nos o teu coração POBRE e SOLIDÁRIO, para rezar:
R/Pai-nosso, dá-nos hoje o nosso pão de cada dia.

Irmão Francisco de Assis:

Nas ruas e nas pregações, saudavas o povo, dizendo:

« O Senhor te dê a paz. »  No teu Cântico das Criaturas, louvaste o 

Senhor « por aqueles que perdoam » por seu amor; e, vendo o Bispo 

e o Podestá de Assis desavindos, acrescentaste-lhe uma estrofe 

sobre o perdão, e enviaste os frades a cantá-la, para eles fazerem as 

pazes.    

– Dá-nos o teu coração FRATERNO e PACÍFICO, para rezar:
R/ Pai-nosso, perdoa-nos as nossas ofensas, como nós perdoamos 
aos que nos ofenderam.

Irmão Francisco de Assis:

Ao sentires, um dia, grande tentação, flagelaste com dureza o teu 

corpo; rolaste, nu, sobre a neve e atiraste-te sobre um 

espinheiro. Para não seres induzido ao mal, pensavas nos teus 

defeitos, e obrigaste, uma vez, Frei Leão a repreender-te por eles.                  

– Dá-nos o teu coração CASTO e SIMPLES, para rezar:
R/ Pai-nosso, não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal.

Bruxa de Blair 3 (D)

Título original: Blair Witch
Um grupo de estudantes de Milwaukee, durante uma viagem para acampar em uma das florestas da região, decide penetrar ainda mais no coração das árvores do que o previsto e acaba descobrindo que a floresta esconde seres perigosos.
País: Eua
Ano: 2016
Gênero: Terror
Classificação: 12
Direção: Adam Wingard
Elenco: Brandon Scott, Callie Hernandez, Valorie Curry
Duração: 1h29 min.

'Cinco Esquinas': chantagens do sensacionalismo

domtotal.com
Obra é o mais recente romance lançado pelo escritor peruano Mario Vargas Llosa.
Llosa trabalha sua crítica contra qualquer tipo de ditadura e contra o jornalismo venal, corrupto.
Llosa trabalha sua crítica contra qualquer tipo de ditadura e contra o jornalismo venal, corrupto.

Cinco Esquinas, o mais recente romance lançado pelo escritor peruano Mario Vargas Llosa, começa com uma surpresa: uma cena de sexo entre duas mulheres, Marisa e Chabela, amigas sem nenhuma tendência homossexual. “Mas elas foram obrigadas a passar a noite juntas por causa do toque de recolher que imperou no Peru nos anos 1990”, conta o autor, premiado com o Nobel de literatura em 2010. “Essas amigas foram empurradas para uma experiência erótica que talvez não teriam se vivessem em uma sociedade em paz.”

A partir do sexo, Llosa adentra em um de seus terrenos preferidos: a crítica contra qualquer tipo de ditadura e contra o jornalismo venal, corrupto. Na trama de Cinco Esquinas (o título faz referência a um bairro de Lima marcado por uma curiosa confluência de ruas, outrora elegantes, hoje violentas), Marisa é casada com um poderoso empresário, chantageado pelo editor de um jornal sensacionalista, que possui fotos dele em uma orgia. A ação se passa durante a conturbada presidência de Alberto Fujimori (1990-2000), marcada por forte repressão. Sobre o assunto, Llosa conversou por telefone com o jornal "O Estado de S. Paulo". 

Ao escrever esse livro, o senhor foi influenciado pela realidade daquele momento?

Sem dúvida. É um livro que, de certa forma, nasceu durante os anos da ditadura de Fujimori, quando os fenômenos característicos de uma ditadura - corrupção, repressão, violência - influenciaram seu formato. Meu objetivo foi destacar um aspecto muito característico daquele momento no Peru, onde a utilização da imprensa, sobretudo o jornalismo marrom, marcado por fofocas, visava a intimidar os críticos do regime, seja castigando-os, seja associando-os a escândalos principalmente sexuais ou delituosos. Uma política típica de ditaduras, mas que no Peru, foi utilizada de maneira muito sistemática pelo braço direito de Fujimori, o chefe do serviço de inteligência Vladimiro Montesinos. Ele ditava as manchetes mais escandalosas, além de recrutar jornalistas que praticavam essa imprensa marrom. Foi uma atividade muito consistente durante a ditadura, o que deixou graves consequências como contaminar a imprensa em geral e fomentar a de fofocas maledicentes. Isso corroeu o exercício do bom jornalismo, que é a principal marca de uma democracia. É um fenômeno de nossa época, por certo, mas é muito mais grave quando isso se converte na única forma de imprensa permitida por uma ditadura, o que marcou os últimos anos de Fujimori.

Esse livro tem relação com seus ensaios em A Civilização do Espetáculo, não?

Sim, é uma espécie de complemento do Civilização, que mostra como o jornalismo se transformou em uma forma de entretenimento, contaminando jornais sérios em países com tradição de imprensa responsável. Isso abriu uma porta à irresponsabilidade e às notícias imaginadas que, por vezes, trazem calúnias, libelos. Não é um fenômeno típico de países em desenvolvimento, mas também em nações mais desenvolvidas, e até em países com uma sólida cultura como a Grã-Bretanha, onde a imprensa marrom é enormemente popular.

Nos EUA, Donald Trump se aproveita disso?

Sim, ele utiliza muito em sua campanha esse tipo de jornalismo em que desaparece a objetividade e prevalece a pura subjetividade. 

É verdade que a primeira imagem que o senhor teve da história foi a do sexo entre duas mulheres?

Sim. Foi a primeira imagem que tive da história que queria contar. Pensei nessas amigas que, devido às circunstâncias políticas, ou seja, o toque de recolher, a existência de terrorismo e contraterrorismo, a violência, a insegurança reinante e de uma delinquência que usava muito o pretexto político para agir. Pois bem, elas são empurradas para uma experiência erótica que, provavelmente, não experimentariam se vivessem em uma sociedade em paz. Creio que é um fenômeno que acontece em momentos de extrema tensão e violência. Como se a aproximação do fim do mundo liberasse todos dos freios éticos, estéticos até atingir uma liberdade, quase libertinagem sexual. Esse fenômeno se passou no Peru como consequência da grande violência que marcou o país. Naquela época, as pessoas passavam a noite inteira na casa de amigos, pois não podiam sair na rua por causa do toque de recolher.

Gostou da eleição de Pedro Pablo Kuczynski como presidente do Peru?

Apoiei muito sua candidatura, pois sei que é um político preparado, com uma trajetória impecável. Também é bem cercado por uma equipe jovem e antenada. Mas, principalmente, porque derrotou Keiko Fujimori, que representa a ditadura corrupta e mais violenta que passou pelo país. Parecia ser uma reivindicação da ditadura se ela vencesse. 

E a situação brasileira?

O que ocorre no Brasil é um grande movimento popular contra a corrupção. Um basta para o enriquecimento ilegal de pessoas. É um sentimento que se estende por toda a América Latina e esse fenômeno se concentrou no Brasil.

Cinco Esquinas

Autor: Mario Vargas Llosa
Tradução: Paulina Wacht
Editora: Alfaguara (216 págs., R$ 49,90)

Agência Estado

Importantes zonas de biodiversidade permanecem desprotegidas no mundo, diz PNUMA

domtotal.com
Vista aérea da Amazônia. Brasil é o país com o maior sistema de terras protegidas do mundo.
Vista aérea da Amazônia. Brasil é o país com o maior sistema de terras protegidas do mundo.

As áreas de proteção ambiental cobrem quase 20 milhões de quilômetros quadrados, ou cerca de 15% do planeta, número que está pouco abaixo das Metas de Aichi de Biodiversidade, adotadas por mais de 190 países em 2010, que prevê 17% de cobertura em 2020. No entanto, segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), as conquistas em número e tamanho têm de ser acompanhadas de melhoras em sua qualidade, com a proteção de lugares com maior diversidade biológica.

Com 14,7% da superfície da Terra e 12% de suas águas territoriais protegidas, o mundo está a caminho de cumprir um importante objetivo global de conservação, de acordo com novo relatório apresentado no início deste mês pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

No entanto, o relatório “Planeja Protegido 2016” mostrou que áreas cruciais de biodiversidade permanecem desprotegidas, enquanto espécies e habitats estão subrepresentados e uma gestão inadequada limita a efetividade dessas áreas.

“As grandes conquistas em número e tamanho das áreas protegidas das últimas décadas têm que ser acompanhadas de melhoras em sua qualidade”, disse o diretor-executivo do PNUMA, Erik Solheim.

“O mundo deve fazer mais para proteger de forma efetiva os lugares com maior diversidade biológica. As áreas protegidas devem estar mais bem conectadas, para permitir que as populações de animais e plantas se mesclem e se disseminem. Também é importante assegurar que as comunidades locais estejam envolvidas nos esforços de proteção. Seu apoio é crucial para a conservação no longo prazo”, completou.

“Hoje, o mundo enfrenta desafios ambientais e sociais críticos, como a mudança climática e a segurança alimentar e da água”, disse, por sua vez, Inger Andersen, diretor-geral da UICN. “As áreas protegidas têm um importante papel na conservação das espécies e nos ecossistemas que nos ajudam a fazer frente a esses desafios. Assegurar que sejam cuidadosamente mapeados e eficientemente administrados é crucial se quisermos continuar prosperando neste planeta”.

Segundo os cientistas da UICN e do Centro Mundial de Monitoramento da Conservação do PNUMA, atualmente há 202.467 áreas protegidas que cobrem quase 20 milhões de quilômetros quadrados, ou 14,7% do planeta, com exceção da Antártida. Esse número está pouco abaixo das Metas de Aichi de Biodiversidade, adotadas por mais de 190 países em 2010, que preveem 17% de cobertura em 2020.

A cobertura de áreas protegidas caiu 0,7% desde o último relatório Planeta Protegido. Os cientistas acreditam que não se trata de uma diminuição real da cobertura de solos, mas uma consequência de fatores relacionados a fluxos de dados, tais como mudanças nas fronteiras, eliminação de alguns sítios de grande porte da Base de Dados Mundial de Áreas Protegidas ou de uma melhora na qualidade das informações.

A região da América Latina e do Caribe possui a maior área protegida do mundo, quase 5 milhões de quilômetros quadrados. Cerca da metade está no Brasil, país com o maior sistema de terras protegidas do mundo, com 2,47 milhões de quilômetros quadrados.

O Oriente Médio, por outro lado, tem o índice mais baixo de proteção de terras, com cerca de 3%, que equivale a cerca de 119 mil quilômetros quadrados.

A última década viu um progresso notável na proteção dos oceanos no mundo. O tamanho das áreas marinhas protegidas aumentou de pouco mais de 4 milhões em 2006 para quase 17 milhões de quilômetros quadrados atualmente, o que cobre 4% dos oceanos da Terra, quase o tamanho da Rússia. No entanto, apesar do crescimento, ainda resta muito a fazer para melhorar a qualidade das áreas protegidas, segundo o PNUMA.

Áreas de importância para a biodiversidade

Atualmente, menos de 20% das áreas-chave de biodiversidade do mundo estão completamente cobertas por áreas protegidas, enquanto menos de 20% dos países cumpriram seus compromissos para avaliar a gestão de suas áreas protegidas, o que levanta dúvidas sobre a qualidade e a eficácia das medidas de conservação existentes.

O relatório recomenda investir em áreas protegidas para fortalecer a gestão sustentável da pesca, controlar as espécies invasoras, fazer frente à mudança climática e reduzir os incentivos prejudiciais, como os subsídios, que ameaçam a biodiversidade.

A adoção dessas recomendações ajudaria a deter a perda de biodiversidade, melhorar a segurança alimentar e da água, permitir às comunidades vulneráveis fazer frente aos desastres naturais e conservar o conhecimento tradicional.

Novos dados

Desde que os dados do relatório foram coletados, foram declaradas novas áreas marinhas protegidas, como a recente expansão ordenada pelo presidente norte-americano, Barack Obama, do Monumento Nacional Marinho Papahanaumokuakea no Havaí, oito novos sítios protegidos em Malta e grandes áreas marinhas protegidas no Chile e em Palau. Isso fez com que a taxa das águas territoriais protegidas aumentasse para 11,95%, ante 10,2% citado no documento.

O relatório Planeta Protegido 2016 avalia a forma com a qual as áreas protegidas contribuem para a realização do Plano Estratégico para a Diversidade Biológica e as metas pertinentes dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Nele se destacam estudos de pesquisa e casos atuais sobre o papel que as áreas protegidas desempenham na conservação da biodiversidade e do patrimônio cultural.

Eco Debate

Festejos do Pobrezinho de Assis

Padre Geovane Saraiva*
Quando o cristão percebe, à luz da palavra de Deus, que está envolvido com a misteriosa presença divina, acorda para uma consciência responsável e um ardor missionário. A Palavra de Deus, que é dom e graça, ao entrar no coração do ser humano, quer não só sensibilizá-lo, mas a conversão deste, na busca da solidariedade e da vivência da justiça, diante da dor e do sofrimento, exigindo daquele que se dispõe a seguir a Jesus de Nazaré um esforço constante de renovação da face da terra, num desejo de superação dos sinais de iniquidade tão presente no mundo.

Resultado de imagem para jovem francisco de assis beija leprosoComo é maravilhoso notar nas pessoas uma fé viva, lúcida e consequente! Nunca é demais repetir o atraente desafio no exemplo de São Francisco de Assis, no seu louco, apaixonado e ardoroso amor, totalmente voltado para Deus e suas criaturas. Vivemos na Igreja o momento dos festejos do Pobrezinho de Assis, o qual nos favorece a meditar na radical entrega do Filho de Deus. São dias abençoados, os quais faz-nos compreender em profundidade o célebre gesto de Francisco de Assis, voltar atrás, descer do cavalo e beijar o leproso, dizendo-nos do desafio de desmontar do cavalo, que é a nossa pouca solidariedade, orgulho, intransigência e intolerância.

Aquela voz indizível que inspirou Francisco de Assis, de ir restaurar a Igreja, a vemos muito nítida no Papa Francisco, nas suas generosas atitudes de humildade, sem esquecer da sua palavra profética, sempre causando impacto com uma boa notícia. A capela de São Damião, a Igreja Porciúncula e a Igreja de São Pedro, restauradas pelo grande Santo de Assis, representam a Igreja inteira e a própria humanidade, que, à luz da palavra de Deus, precisa mais do que nunca ser restaurada e renovada.

Dizer não a indiferença, diante do clamor do mundo e da própria Igreja de Jesus Cristo em busca de socorro, é tarefa dos cristãos e de todas as pessoas de boa vontade. O mundo ficaria encantado e edificado com um gesto promissor de arauto da paz por muitos irmãos, ao dizer não a tudo que degrada, bem como a busca do poder, do ter e do prazer, quando percebemos uma acentuada tendência de se retornar ao luxo e à glória do mundo, mesmo dentro da Igreja. É nesse sentido que o Papa Francisco, não só surpreende, mas impressiona e causa admiração, pela simplicidade e proximidade com as pessoas e intimidade com o clamor do planeta.

*Pároco de Santo Afonso e vice-presidente da Previdência  Sacerdotal, integra a  Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza - geovanesaraiva@gmail.com

Sete Homens e Um Destino (D)

Título original: The Magnificent Seven
Refilmagem do clássico faroeste Sete Homens e um Destino (1960), que por sua vez é um remake de Os Sete Samurais, de Akira Kurosawa. Os habitantes de um pequeno vilarejo sofrem com os constantes ataques de um bando de pistoleiros. Revoltada com os saques, Emma Cullen (Haley Bennett) deseja justiça e pede auxílio ao pistoleiro Sam Chisolm (Denzel Washington), que reúne um grupo especialistas para contra-atacar os bandidos. 
País: Eua
Ano: 2016
Gênero: Ação
Classificação: 12
Direção: Antoine Fuqua
Elenco: Denzel Washington, Chris Pratt, Ethan Hawke
Duração: 2h13 min.

Classificação dos Internautas:

Clas

Vendo rostos do passado

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Há amizades nas quais o afeto permanece, mas que não se conjugam mais.
Há pessoas com quem vivemos e nunca encontramos ou por quem nunca fomos encontrados!

Por Gilmar Pereira*

Encontrar e desencontrar. “O mundo dá muitas voltas. A gente vai se encontrar. Quero nas voltas da vida, a sua mão apertar”. – cantava isso quando criança na celebração da Missa. Achava bacana essa ideia do reencontro, até eu ser o reencontrado.
Na verdade, saí de casa aos 19 anos para entrar numa dessas novas formas de vida religiosa, chamadas também de Comunidades de Vida, que vêm da Renovação Carismática. Mudei-me de cidade e depois de dois anos fui transferido para a que nasci. Pouco depois saí dessa comunidade e, mais algum tempo, entrei para a Ordem dos Jesuítas, tendo morado em mais outras 4 cidades em 7 anos. No meio de tudo isso, viajei muito, ficando uma semana aqui, um mês acolá, dando retiros e cursos aos fins de semana em diversas partes, participando de reuniões alhures.

O fato é que fiz amigos e colegas e tenho conhecidos espalhados pelo mundo inteiro. Gente boa com quem me encontrei apenas uma vez e ainda guardo amizade e outros de presença forte e constante. De todos, trago algo. Ninguém sai incólume de um encontro, isto se de fato o houve. Afinal, encontrar alguém é despertar para sua existência, perceber sua distinção dos demais, afirmar sua singularidade no mundo. Pena que há pessoas com quem trabalhamos, estudamos, vivemos e nunca encontramos ou por quem nunca fomos encontrados!

A parte difícil de cada encontro é justamente a hora de se apartar. Imagine para quem viveu uma vida itinerante como eu! Minha vida foi marcada por chegadas e partidas: alegria do encontro e nostalgia das figuras que ficaram na memória. Algumas pessoas reclamavam de que eu não ligava depois, que não procurava ou cultivava as amizades. O problema é que era muita gente. Quem fica, perde um quem vai; quem vai, perde todos. E nessa solidão, aprendi a sempre encontrar. E não podia viver da saudade, tinha que me fazer presente aos que estavam comigo no momento presente. Mas mesmo aí, os outros que deixava se faziam presentes, porque minhas ideias já tinham sido mudadas pelas deles, meu abraço estava impregnado da carga afetiva deles, meus sonhos se mesclava com o deles.

De tanto me misturar com cada um, quando regressava aos meus, notava com espanto o quanto havia mudado, o quanto já não era mais o mesmo. E quando nas voltas da vida tornava a apertar as mesmas mãos, precisava de um novo encontro. Eu já não era o mesmo. O outro também não o era. E não dava para viver de fantasmas, de imagens do passado que persistem no presente. Precisava reconhecer o rosto que se me apresentava e dar-lhe a conhecer o meu, que também era novo. Assim, dolorosamente, fui me dando conta de que havia algumas amizades nas quais o afeto permanecia, mas que não se conjugavam mais, cuja convivência ou construção conjunta de sonhos e processos ficara incompatível. É estranho quando o amor continua, porém as vidas não se encaixam mais. Aí é hora de reencontrar, de reconhecer esse rosto velho/novo.

Vozes – Festival Internacional de Corais e Bandas

Quando buscamos reencontrar rostos já conhecidos e que se apresentam novos, costumamos buscar o fio que une essas diversas faces da mesma pessoa. Isso se dá resgatando as memórias vividas e na descoberta do que se passou naquela vida desde o último encontro. Queremos o nexo entre o velho e o novo e, justamente o novo acaba dando outros sentidos ao velho. Nesse momento vemos como determinados fatos passados contribuíram para gerar o que aí está. O passado ilumina o presente e este lança luz sobre aquele. No seu encontro, fulgura a pessoa, ela é mais do que posso dela conhecer. Nessa sua aparição, vozes e sons irrompem como trilha sonora. Por isso música é bom, para embalar os momentos, novos e velhos. Aliás, enquanto o reencontro não vem, há sempre uma música que nos lembra alguém.

Para nos embalar de som, a proposta e ouvi-los no Festival Internacional de Corais e Bandas (FIC). O evento acontece anualmente na cidade, percorrendo diversos locais – e lugares também nos lembram pessoas. O FIC começou no dia 10 de Setembro e vai até dia 09 de Outubro, com programações diárias, acontecendo não só em BH, mas também em Sabará e Ouro Preto. A programação completa você confere no site do festival.


*Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, graduado em Filosofia pelo CES-JF, graduando em Teologia pela FAJE. Apaixonado por arte, cultura, filosofia, religião, psicologia, comunicação, ciências sociais... enfim, um "cara de humanas".

Mulheres negras vítimas de violência denunciam

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Depoimentos serão dados à relatora de Direitos de Afrodescendentes e Mulheres da OEA.
Mesmo com a Lei Maria da Penha, as mulheres negras só veem a violência crescer contra elas.
Mesmo com a Lei Maria da Penha, as mulheres negras só veem a violência crescer contra elas.

Mulheres negras que sofreram diversos tipos de violência vão relatar hoje (30) à Organização dos Estados Americanos (OEA), durante audiência pública na capital paulista, casos nos quais foram vítimas. Os depoimentos serão colhidos pela relatora de Direitos de Afrodescendentes e Mulheres da OEA, Margarette Macaulay, que veio ao Brasil conhecer essa realidade e receberá também o dossiê sobre a violência sofrida por mulheres negras no Brasil das mãos de ativistas das organizações Geledés e Criola.

No Brasil, os assassinatos de mulheres brancas tiveram redução de 9,3% em dez anos (2002 a 2013), enquanto os assassinatos de mulheres negras tiveram um aumento de 54,2% no mesmo período, segundo dados do dossiê, que é uma compilação de dados oficiais do país.

"O dossiê é resultado de um relatório que nós apresentamos para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA denunciando as violações, as violências sofridas pelas mulheres negras brasileiras", contou Nilza Iraci, do Geledés.

Diante do aumento dos casos de violência contra a mulher negra, houve a reflexão. "Se nós temos instrumentos, temos leis, temos a Lei Maria da Penha, alguma coisa não estava batendo. Se tem uma lei que combate a violência contra todas as mulheres, o que estava acontecendo?", questionou.

"Quando nos debruçamos sobre a questão, começamos a verificar que não se tratava só de violência doméstica e sexual, que nós não poderíamos falar em violência contra a mulher, nós teríamos que falar em "violências", ressaltou Nilza.

O documento explicita diversos casos de violência, como vítimas de violência obstétrica, assassinatos de lésbicas, transexuais e travestis, racismo institucional e no sistema de justiça, intolerância religiosa e racismo na internet, além das violações sofridas pelas mães dos jovens negros assassinados.

O relatório inicial - reunindo dados e histórias - foi apresentado à OEA em abril último, quando também foram encaminhadas recomendações à entidade, entre elas, a de designar um representante para que viesse ao país e verificasse as violações denunciadas.

"Eles acataram a nossa recomendação e designaram a Margarette Macaulay para dialogar com essas mulheres que estão citadas no dossiê, dialogar com essas situações. Estamos fazendo essa audiência para que ela ouça essas mulheres. Na verdade, o que vamos apresentar a ela é um microcosmo diante dessa violência absurda que as mulheres negras sofrem cotidianamente", disse Nilza.

Violência presente

"No começo era uma maravilha. Ele era uma pessoa muito boa, que mostrava muito carinho e muito respeito por mim. Até o dia do primeiro tapa. E do tapa veio ferro, veio coronhada, eu tenho uma cicatriz no rosto, veio humilhação verbal, psicológica, humilhação física". É assim que Maria Aparecida da Silva Souto, pedagoga, 48 anos, começou a contar como era a rotina de seu primeiro casamento, cotidiano de violência que ela suportou calada por muito tempo.

"E eu aguentei tudo calada porque as pessoas... Uma vez eu contei e ninguém acreditou. Falou "imagina", ele tava nervoso. Melhor com ele, pior sem ele", contou Maria. Mais de vinte anos depois, ela ainda se emociona ao tocar no assunto, mas acredita que as coisas mudaram, especialmente por causa da Lei Maria da Penha. "Precisou de uma mulher quase morrer para a gente ter esse direito de gritar e falar".

A Lei Maria da Penha ajudou a reduzir a violência contras as mulheres, no entanto, as mulheres negras só veem a violência crescer contra elas. O dossiê aponta que, nas mortes por agressão, as mulheres negras são 64% das mulheres vítimas de assassinatos no Brasil.

Pactos Internacionais contra a violência

O documento avalia ainda que, apesar de o Brasil ser signatário de Pactos Internacionais contra a violência contra as mulheres e de ter legislação específica, como a Maria da Penha, além de políticas, programas e redes de serviços voltados para o enfrentamento dessa violência, "não existe qualquer mecanismo voltado para o enfrentamento do racismo, seus impactos na produção da violência contra as mulheres negras, e ao racismo institucional incorporado a estas ações".

"Em 2015, o Brasil aprovou a lei 13.104 sobre feminicídios, que destaca os assassinatos de mulheres relacionados às desigualdades de gênero no país. No entanto, estas leis e demais instrumentos relativos à violência contra mulher negligenciam as iniquidades provocadas pelo racismo e a complexidade da violência enfrentada pelas mulheres negras", destaca o dossiê.

Um dos objetivos da audiência pública é mostrar histórias de pessoas que estão por trás das estatísticas. "O que está por trás desses números, qual é a situação de fato das mulheres violadas, estupradas, das mães, das trans, das lésbicas, o que está por trás disso? E tentar, a partir daí, uma ação mais efetiva do governo, eu tenho certeza que o governo vai ser instado para dar respostas", afirmou Nilza.

Além disso, ela acredita que a audiência terá o papel de reunir as mulheres que estão em luta contra as diversas violências sofridas. "É um momento em que elas vão se encontrar e perceber que não estão sozinhas", finalizou.

Agência Brasil

São Jerônimo: tudo pelo livro sagrado

Padre Geovane Saraiva*
No dia 30 encerramos o mês de setembro, recordando São Jerônimo, grande especialista da Palavra de Deus, a qual a carregou nos lábios, meditando-a dia e noite (cf. Js 1, 8). Nasceu na Dalmácia, hoje Iugoslávia, no ano de 342 e morreu em Belém em 420. Ele consagrou sua vida ao estudo da Sagrada Escritura e é considerado maior e melhor exegeta de todos os tempos. A Igreja Católica o reconheceu como homem eleito por Deus para explicar e fazer compreender de melhor modo a Palavra de Deus. Daí tê-lo por doutor e especialista do livro sagrado, de um modo imbatível e inigualável.

Foi para o Ocidente e retirou-se com alguns amigos, formando uma pequena comunidade religiosa, tendo como principal objetivo estudar a Sagrada Escritura e obras de teologia. Depois de experimentar o rigor da vida monacal, esteve por vários anos no deserto da Síria, no rigor do jejum e da penitência, que quase o leva ao limite da morte. Na dinâmica de sempre melhor aprofundar o livro revelado e inspirado, transfere-se para Roma, onde encontrou os melhores especialistas.

São Jerônimo estudou hebraico e aperfeiçoou seus conhecimentos do grego para poder compreender melhor a Palavra de Deus nas línguas originais. Em Roma recebeu a missão do Papa Dâmaso para escrever a Bíblia em latim, graças ao conhecimento que tinha do grego e do hebraico. O Papa queria uma tradução mais fiel, em tudo aos textos originais, traduzida e apresentada em latim, que pudesse servir de texto uniforme na liturgia da Igreja, evitando uma vez por toda desencontros,  embaraço e confusões.

São Jerônimo, servo bom e fiel, iniciou seu trabalho em Roma e continuou por toda a sua vida. É importante salientar que passou seus últimos 35 anos de vida na oração, na penitência, fazendo de tudo, mas de tudo mesmo pela difusão da Sagrada Escritura. A tradução da Bíblia em latim chamou-se “vulgata”, sendo usada largamente nos séculos posteriores, tornando-se o livro sagrado oficial até o Concílio de Trento. É conhecido não apenas pela tradução da Bíblia, mas também por sua obra em defesa do Dogma da virgindade perpétua da Virgem Maria, opondo-se ao herege Helvídio, o qual espalhara folhetos, tentando negar a virgindade da Virgem Imaculada.

Como é importante a célebre frase de São Jerônimo, sempre citada na caminhada do povo de Deus, sem nunca ser preterida: “Ignorar as Escrituras é ignorar o próprio Cristo”. Eis um amor e um zelo tão profundo pela Palavra de Deus; alimentando-se dela de tal modo que a tomou como sua fonte de vida.

“Toda a escritura é inspirada por Deus e útil, a fim de ensinar, corrigir e educar na justiça” (2Tm 3, 16). À luz da Palavra de Deus, nossa fé seja a resposta generosa de um Deus que quer se manifestar e se revelar, oferecendo-nos a condição de ler e perceber, nos sinais de dores, angústias e sofrimentos pelos quais passa a humanidade, conscientes de que a hora é de Deus, a ponto de dizer: “Quem sou eu para julgar”.


*Escritor, blogueiro, colunista, vice-presidente da Previdência Sacerdotal e Pároco de Santo Afonso, Parquelândia, Fortaleza-CE – geovanesaraiva@gmail.com

O sopro de Darcy - o homem monumento

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Correu riscos, correu mundo, não teve pudor de assumir seus pontos de vista.
Vivas a Darcy – homem monumento! Quanta falta fazes, querido!
Vivas a Darcy – homem monumento! Quanta falta fazes, querido!

Por Eleonora Santa Rosa*

Zapeando em fim de noite de dia difícil, só tiros, estrondos, chacinas, corrupção e injustiça para dar e vender, quase à náusea, a impressão de um país em escombros. Sem fôlego e empanzinada com o xarope editorial sem graça, enjoativo e enojante, produzido em larga escala e em obediência a receituários de restrita composição, em que pensar livremente e ousar criticamente são ingredientes contraindicados, a surpresa-luz do reencontro com Darcy.

Calvo, doente, já quase terminal, em plena celebração dionisíaca, em Brasília, quando da outorga do título de Professor Honoris Causa da UNB, em 1995.

Comovida por ver a vivacidade de seus olhos enfermos, por ouvir palavras potentes ecoadas por sua voz tão fragilizada, por sentir sua inabalável crença na superação dos conflitos e das mazelas sociais por meio da educação, entendida como libelo de salvação de uma nação conspurcada pela aliança espúria e ignorante, entre a tropa cega e a elite torpe e recalcitrante, que resultou num longo e doloroso período de perseguição à inteligência, à ousadia e à criatividade, com muito chumbo grosso e exílio amargo de muitos em solos outros.

Incrivelmente bela a vibração emanada do verbo de quem tinha o que dizer e que sempre surpreendeu pela originalidade das sacadas geniais, pelo ego descomunal, pela generosidade intrínseca de projetos e inciativas que levou à frente. Correu riscos, correu mundo, quebrou a cara, não teve pudor de assumir seus pontos de vista e suas alianças políticas, muitas delas duvidosas ou profundamente equivocadas. Seus erros não assombram seus acertos, polêmico, provocador, porra louca mesmo, do sambódromo ao beijódromo, da antiga corte à nova capital plantada no Planalto Central, a educação como princípio e a “desordem” criativa por base. Eternos vivas a seus Cieps!

Os anos após o exílio foram poucos para tanta vontade de fazer, de mudar, de compensar o tempo que lhe havia sido subtraído quando estava no ápice.

Galanteador charmoso, mineiro pedregoso de Montes Claros, mas universal na essência, Darcy Ribeiro encarna, mesmo post mortem, um Brasil feliz, um Brasil matreiro, um Brasil brasileiro, mulato inzoneiro, um Brasil não medíocre, um Brasil não conformado, um Brasil que teima e quer ser feliz, com enorme capacidade e força de transformação. Do arrebatador Darcy, certo ou errado, a soma milionária de todas as suas atitudes, de não ter tido medo, de não ter sido cooptado, de não ter afinado, homem de sete fôlegos, de um só pulmão e enorme coração devotado à Causa Brasilis.

Ao fim de seu discurso, já com a morte à espreita, no seio de sua UNB, em meio aos alunos, mestres, amigos, companheiros de jornada, artistas, políticos, educadores, enfim, junto de sua cria, no seu derradeiro sopro de vida, as lágrimas pela reparação, o desfrute do amor coletivo, o respeito de seus pares, o embevecimento de seus jovens assistentes.

Desligando a tevê antes que reaparecessem os rastros da programação rotineira, em silêncio, pensei nele e em muitos de seus fantásticos companheiros geracionais. Tornar a vê-lo, com toda sua verve, mesmo em débil estado de saúde, quase vinte anos depois de sua passagem, me fez um bem enorme. Um bálsamo de renovação de esperança – há jeito, temos jeito. Ele entendeu e viveu isso melhor do que ninguém, trabalhando sempre na direção do povo brasileiro, a quem dedicou sua vida e legado.

Vivas a Darcy – homem monumento! Quanta falta fazes, querido!                                     

*Eleonora Santa Rosa – Jornalista, editora e empreendedora cultural, é considerada uma das maiores especialistas no País na área de Projetos, Planejamento, Captação de Recursos e Gestão Cultural, com larga e reconhecida experiência na formatação, negociação e implementação de iniciativas culturais de envergadura e repercussão. Ocupou vários cargos públicos ao longo de sua trajetória profissional, tendo sido Secretária de Cultura do Estado de Minas Gerais. É fundadora e diretora do Santa Rosa Bureau Cultural, onde desenvolve ações referenciais nacionais no campo da Cultura.

A escola de Jesus

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Jesus é Mestre às avessas, o que não tem respostas prontas.
Não se trata de fazer o outro pensar, mas de ajudar a cada pessoa a fazê-lo por si mesma.
Não se trata de fazer o outro pensar, mas de ajudar a cada pessoa a fazê-lo por si mesma.

Na escola de Jesus não há espaço para as arbitrariedades, e ditaduras não são bem vindas. Os evangelhos atribuem a Jesus o título de Mestre, isto é, aquele que transmite uma sabedoria. Precisamente, aquele que conduz os seus ouvintes à novidade do Reino. Para Jesus vale mais a imagem de um pedagogo, que aquela que os professores e professoras adquiriram ao longo da história brasileira, a imagem de alguém que tudo sabe e nada precisa aprender, e que deve ensinar aos que nada sabem e tudo precisam aprender. Felizmente, Jesus é Mestre às avessas, o que não tem respostas prontas, o que quer ouvir o que os outros têm a dizer, o que provoca as consciências, a fim de que elas mesmas se tornem sujeitos das tomadas de decisões. Por isso, a escola de Jesus se fundamenta na inter-relação, na qual Mestre e discípulos e discípulas descobrem juntos a maneira de se viver melhor e de promover um mundo novo e humanizado. Por isso, engana-se quem pensa em Jesus como alguém que quer, a todo custo, incutir um saber teórico-prático em seus seguidores. Seu projeto é mais criterioso, é ajudar a toda pessoa a se descobrir como alguém de dignidade e com plenos potenciais para contribuir na edificação de um novo mundo possível.

E para fazer tudo isso, Jesus tem um método de grande valia: a provocação das consciências. Ele percebeu que os sistemas, nos quais as pessoas são introduzidas ao nascer, servem bem para corroborar o adoecimento do pensamento além do sistema, sejam porque esses estão fundados em doutrinas rígidas, sejam porque engessam e cegam para as realidades dinâmicas da vida. Jesus percebeu que as consciências adormecidas são facilmente manipuladas, alienadas e escravizadas. Por isso a urgência em acordá-las. E para isso, nada melhor do que palavras e ações que se interpenetram, provocando intrinsecamente quem as escuta e vê. E as palavras de Jesus não são como aquelas dos políticos ensandecidos em seus "palanques", em tempos de corrida eleitoral. Suas palavras são parábolas da vida que, por razão do próprio gênero, não contemplam respostas prontas ou saberes estáticos, mas provocam o olhar das consciências que foram implicadas e chamadas a decidirem por si mesmas, pelo bem comum. Do currículo da escola de Jesus não se pode excluir nunca tudo aquilo que assegura a autonomia e que provoca a consciência das pessoas com relação aos sistemas em que estão inseridas e que ajudam a construir.

Talvez, por isso, ajudar uma pessoa a pensar seja mesmo um gesto revolucionário, talvez essa tenha sido a revolução promovida por Jesus: despertou as consciências, ajudando os outros a pensarem a própria vida e o mundo, a partir dos sinais do tempo e da história. Uma frase da internet, que é atribuída a Dom Hélder Câmara, afirma que “a maneira de ajudar os outros é provar-lhes que eles são capazes de pensar”. Não se trata de fazer o outro pensar, mas de ajudar a cada pessoa a fazê-lo por si mesma. Nenhum sistema opressor é capaz de impor suas demandas àqueles e àquelas que pensam além do sistema. Por isso é tão revolucionário ajudar os outros a despertarem a capacidade de pensar e mais revolucionário ainda é a autonomia desse acontecimento. Desse modo, um pensamento reflexivo-experiencial é uma poderosa arma contra sistemas arbitrários e opressores, que, entre outras coisas, propõem-se a escravizar os sujeitos e suas histórias, impedindo-os de se tornarem autônomos em suas decisões.

Tragicamente, o governo golpista de Michel Temer e comparsas, ao proporem uma reforma do ensino médio, revelaram seu ambicioso plano de fazer da escola que temos hoje um lugar onde o exercício do pensar, como método de promoção dos sujeitos autônomos, é reduzido à zero. O governo golpista mostra, com isso, que não convém ao seu plano de poder cultivar uma nação de pensadores, que refletem seus acontecimentos e sua história. Um governo que já nasceu da arbitrariedade de um golpe não poderia mesmo tolerar a ideia de uma escola com capacidades de suscitar agentes de transformação social, conscientes de seus direitos e deveres. Que o sistema de ensino brasileiro esteja devastado e saturado é verdade; que ele precise ser reformulado e reformado, em todas as suas instâncias, é outra verdade; que professores, alunos e agentes escolares estão largados à sorte é o que constata-se ao conversar com esses atores do sistema escolar. Porém, a medida provisória golpista não está preocupada com a solução dos problemas todos da escola, ou de parte deles. Sua preocupação é construir um país de anencéfalos sociais, incapazes de pensar, refletir, questionar e propor um novo país possível, mais justo e mais igual.

*Tânia da Silva Mayer é Mestra e Bacharela em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (Faje); Cursa Letras na UFMG. É editora de textos da Comissão Arquidiocesana de Publicações, da Arquidiocese de Belo Horizonte. Escreve às sextas-feiras.

A Bíblia, Palavra viva que se fez corpo

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Bíblia continua a falar aos homens e mulheres de todos os tempos.
A Bíblia é uma grande textura, na qual muitos fios se entrecruzam.
A Bíblia é uma grande textura, na qual muitos fios se entrecruzam.

Por Felipe Magalhães Francisco*

A Bíblia é uma grande textura, na qual muitos fios se entrecruzam, tornando possível um mundo de possibilidades aos ouvintes e leitores. Ela continua sendo a obra mais vendida em todo o mundo, o que só reforça a ideia de sua contemporaneidade. Contemporânea não porque escrita em nossos dias, mas por continuar a falar aos homens e mulheres de todos os tempos. É uma verdadeira biblioteca, da qual podemos tirar coisas novas e velhas, parafraseando a parábola de Jesus (cf. Mt 13,51-52). A Bíblia extrapolou o livro e já se encarnou na vida das pessoas, sendo elas crentes ou não.

A Tradição que interpreta a Bíblia gestou muitas compreensões, algumas bastante estranhas aos leitores modernos, e que continuam influentes nos dias atuais, como berço para o fundamentalismo pentecostal e neopentecostal (evangélico e católico). Mas foi o século XIX que viu florescer um novo-velho olhar para a Bíblia, em toda a sua riqueza, graças aos métodos modernos de interpretação, de análise, e outros. É preciso, pois, cultivar esse caminho, no qual todas as pessoas, crentes e não crentes, possam continuar a se maravilhar com esse verdadeiro patrimônio da humanidade.

Hoje, dia de São Jerônimo, responsável pela tradução da Bíblia para o latim, a Vulgata, celebramos também o dia da Bíblia. Todo o mês de setembro, na Igreja no Brasil, foi dedicado à Bíblia, como oportunidade de incentivo para que os fiéis tenham, cada vez mais, contato com a riqueza bíblica, nutrindo sua espiritualidade. O livro de Miqueias norteou a reflexão nas muitas paróquias e comunidades, sobretudo por meio dos Grupos de Reflexão Bíblica, os Círculos Bíblicos. Por essa razão, no artigo Praticar o direito, amar a misericórdia e caminhar humildemente com Deus, propomos uma reflexão a partir do profeta, que tanto tem a dizer a nós, nos dias de hoje.

A liturgia é ocasião única na qual muitos fiéis têm contato com as Sagradas Escrituras. De fato, a celebração da comunidade é o lugar privilegiado para a escuta da Palavra, que perpassa e que dá vida a toda a liturgia. Nesse sentido, o liturgista P. Márcio Pimentel, no artigo Palavra de Deus e liturgia, propõe-nos um olhar para a liturgia como verdadeira encarnação da Palavra de Deus, que ganha corpo nos muitos aspectos celebrativos, porque reveladores do próprio Cristo, Palavra de Deus na carne.

Os Grupos de Reflexão Bíblica, bastante conhecidos como Círculos Bíblicos, são fundamentais para o fortalecimento da experiência comunitária, na promoção do discipulado de Jesus, porque têm como fonte a própria Bíblia, textura na qual a experiência de um Deus que se revela tem forte expressão na vida das pessoas. É, também, o que nos propõe a refletir o artigo A Palavra de Deus na vida, do Pe. Rodrigo Ferreira da Costa, sacramentino de Nossa Senhora.

Boa leitura!

Você pode nos sugerir temas a serem abordados em nossa matéria especial da Editoria de Religião. Envie um e-mail, com sua sugestão, para noticia@domtotal.com, colocando “Manchete de Religião” no assunto do e-mail.

*Felipe Magalhães Francisco é mestre em Teologia, pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia. Coordena a Comissão Arquidiocesana de Publicações, da Arquidiocese de Belo Horizonte. Articula a Editoria de Religião deste portal. É autor do livro de poemas Imprevisto (Penalux, 2015).

Papa Francisco chega à Geórgia

Tbilisi (RV) – O Papa chegou à Geórgia dando início à segunda etapa de sua visita à região do Cáucaso (a primeira foi em junho com a visita à Armênia). É a 16ª Viagem Apostólica internacional do Pontificado de Francisco.A visita será de três dias, incluindo etapa no Azerbaijão no domingo.
O A321 da Alitália aterrissou no Aeroporto de Tbilisi pouco antes das 15 horas locais (8 horas em Brasília). 
Durante o voo, o Santo Padre dirigiu algumas palavras de boas-vindas e de agradecimento aos jornalistas e ao séquito papal, sublinhando também que esta é a primeira viagem do novo Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Geg Burke.
“Esta viagem será breve, graças a Deus. Em três dias retornaremos para casa”, brincou o Pontífice, antes de saudar um a um, todos os 70 jornalistas presentes no voo.
Ao descer do avião que o levou à capital da Geórgia, o Papa foi saudado no aeroporto pelo Presidente da República Georgi Margvelashvili.
A seguir, aproximou-se do Patriarca de toda a Geórgia, Primaz da Igreja Apostólica Ortodoxa georgiana, Ilia II, abraçando-o duas vezes e trocando algumas palavras. (A Igreja Ortodoxa da Geórgia é uma das mais rígidas da ortodoxia e, pela primeira vez, uma delegação ortodoxa (não o Patriarca) participará da missa com o Papa). Ainda nesta sexta-feira o Papa irá à sede do Patriarcado para um novo e mais prolongado encontro com Ilia II.
A cerimônia de boas vindas foi breve, com a apresentação dos hinos nacionais e as honras militares. Logo a seguir o Pontífice transferiu-se ao Palácio Presidencial para a visita de cortesia ao Chefe de Estado e para o encontro com as autoridades e a sociedade civil.
(je/agências)

Geórgia: Papa sublinha identidade europeia de país que é «ponte» com a Ásia

Agência Ecclesia 30 de Setembro de 2016, às 13:37 
Foto: @antoniospadaro      Foto: @antoniospadaro
Primeiro discurso de Francisco em Tbilisi convida ao diálogo contra «extremismos violentos»

Tbilisi, 30 set 2016 (Ecclesia) - O Papa sublinhou hoje na Geórgia a identidade europeia deste país do Cáucaso, uma “ponte natural” para a Ásia que tem sido, ao longo da história, local de “encontro e intercâmbio vital” entre culturas e civilizações.

“Qualquer distinção de caráter étnico, linguístico, político ou religioso, longe de ser utilizada como pretexto para transformar as divergências em conflitos e estes em tragédias sem fim, pode e deve ser, para todos, fonte de enriquecimento recíproco em benefício do bem comum”, defendeu, no primeiro discurso pronunciado em solo georgiano.

Francisco falava no Palácio Presidencial de Tbilisi, uma hora depois de ter chegado ao país para uma visita que se prolonga até à manhã de domingo, dia em que o pontífice argentino segue para o Azerbaijão.

Perante autoridades políticas, representantes da sociedade civil da Geórgia e membros do corpo diplomático, o Papa sublinhou que este é um “país a pleno título e de modo fecundo e peculiar no leito da civilização europeia”.

“Ao mesmo tempo, como evidencia a sua posição geográfica, é quase uma ponte natural entre a Europa e a Ásia”, acrescentou.

Francisco denunciou “extremismos violentos” que manipulam e princípios de natureza civil e religiosa, “pondo-os ao serviço de obscuros desígnios de domínio e morte”.

O Papa recordou depois a situação dos refugiados e migrantes, pedindo que todos tenham a “possibilidade de viver em paz na sua terra ou de regressar a ela livremente”.

A intervenção sublinhou depois a importância do “diálogo e a troca de ideias e experiências entre mundos diversos”, como tem acontecido historicamente na Geórgia.

Num país de maioria ortodoxa, o Papa elogiou a presença cristã desde o início do século IV, neste território, bem como os “grandes sacrifícios” que os georgianos fizeram para recuperar a sua independência, há 25 anos, após a queda da URSS.

Francisco apelou a uma “coexistência pacífica” entre todos os povos e Estados da região, antes de referir as “boas relações” que a Geórgia “sempre manteve com a Santa Sé”.

O discurso concluiu-se com votos de que exista um “um diálogo renovado e mais intenso” entre a Igreja Católica, a Igreja Ortodoxa Georgiana antiga e as outras comunidades religiosas do país.

O primeiro dia de viagem vai prosseguir no Palácio do Patriarcado Ortodoxo, num encontro com Elias II, ‘catholicos’ e patriarca de toda a Geórgia.

OC

Estados Unidos: Assim um sacerdote resgata imigrantes siros em Los Angeles

Pe. David Bedrossian. Foto: Angelus News.

LOS ANGELES, 29 Set. 16 / 08:00 pm (ACI).- Em uma paróquia que durante décadas atendeu os refugiados, primeiramente do genocídio armênio e logo do comunismo, o Pe. David Bedrossian é treinador, tradutor, professor e sacerdote para os imigrantes sírios que chegam a Los Angeles (Estados Unidos).

Para a paróquia do Pe. Bedrossian, Nossa Senhora Reina dos Mártires Armênios, há uma necessidade especial e urgente: conseguir os recursos para acolher o próximo refugiado que precisar de ajuda.

O Pe. Bedrossian deixou a Síria há 17 anos. Desde então, seis familiares seus foram assassinados e sua paróquia foi saqueada pelo grupo terrorista Estado Islâmico (ISIS).

Em declarações à ‘Angelus News’, o sacerdote sírio assinalou: “lembro-me da nossa igreja. Eles destruíram tudo”.

Os extremistas muçulmanos “se desfizeram das cruzes, dos altares e os converteram em quartéis do ISIS com escritórios”.

Os refugiados sírios, que chegam aos Estados Unidos com pouco dinheiro e sem saber outro idioma além de árabe, chamam o sacerdote “abouna” (padre em árabe). “Não tenho ideia de como eles me encontram”, disse o Pe. Bedrossian sobre os refugiados.

“Eu não os encontro, as pessoas os enviam a mim. Eles aparecem aqui pedindo ajuda e eu os ajudo”, explica.

Nos últimos 10 anos, a percentagem de cristãos na Síria diminuiu de 10% a menos de 2%, devido à violência entre rebeldes e o governo e a perseguição do Estado Islâmico na região.

Milhares de cristãos foram assassinados e suas aldeias desapareceram. Centenas de igrejas foram destruídas nesta região.

O Pe. Bedrossian adverte que os cristãos “desapareceram do Oriente Médio”.

“Antes da guerra éramos mais de 1,3 milhões. Atualmente somos 200.000”.

“Acreditam que sobreviveremos neste local? Eu acredito que não”, assinala.

Para o sacerdote sírio, as pessoas que permanecem caladas no Ocidente ajudam o ISIS.

“Todos aqueles que ficam calados estão matando os cristãos. Ninguém está levantando a voz”.

Os cinco principais obstáculos que os refugiados que chegam aos Estados Unidos enfrentam são o idioma, a documentação, o desemprego, a moradia e o transporte, explica o sacerdote.

“Como se supõe que conseguirão um trabalho? (Pois apenas falam árabe). Eles não têm documentos, não têm número de previdência social. Eles gastarão seus últimos centavos com um advogado para que os ajude com documentos que não entendem? ”, questiona.

“E sem assistência social e dinheiro para comprar alimentos, como comerão? As pessoas chegam aqui com dinheiro suficiente para sobreviver durante três meses. Depois disso serão ‘sem teto’. O que esperam que eles façam? ”, lamenta.

Nesse sentido, o Pe. Bedrossian assegura que “se ajudamos a estas pessoas, eles nunca deixarão nos pagar. Eles nossa darão tudo o que tiverem”.

“Devemos fazer tudo o que pudermos. As pequenas coisas ajudarão muito”, disse o sacerdote.

Junto aos fiéis da sua paróquia, o sacerdote sírio conseguiu dar assistência legal a muitos migrantes, enquanto outros adotaram” financeiramente algumas famílias ou lhes dão aulas de inglês.

Também implementaram cestas, onde recebem doações para alimentar ou pagar a despesa dos imigrantes.

O Pe. Bedrossian expressou: “o que me levanta da cama a cada manhã é a minha fé em Deus. Esta me mantém vivo. E mesmo que eu deixe de acreditar n’Ele, Ele nunca deixará de acreditar em mim”.

Vaticano anuncia tema para Dia Mundial das Comunicações 2017

Imagem referencial / Eduardo Berdejo (ACI Prensa)

VATICANO, 29 Set. 16 / 07:00 pm (ACI).- A Santa Sé informou nesta quinta-feira o tema do 51° Dia Mundial das Comunicações Sociais, que será celebrado em 2017: “’Não tenhas medo, que Eu estou contigo’. Comunicar esperança e confiança no nosso tempo”.

Através de um comunicado, recordou-se que o Dia das Comunicações se celebra em numerosos países, “por recomendação dos bispos do mundo, no domingo anterior à festa de Pentecostes”.

Do mesmo modo, indicou que a mensagem do Papa Francisco para este dia “é publicada tradicionalmente na véspera da festividade de São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas”, em 24 de janeiro.

Ao explicar o significado do tema escolhido, a Secretaria para a Comunicação do Vaticano assinalou que “anestesiar a consciência ou deixar-se levar pelo desespero são duas doenças possíveis às quais o sistema de comunicação atual pode levar”.

“É possível que a consciência se cauterize, como recorda o Papa Francisco na Laudato si’, pelo fato de muitas vezes profissionais, comentaristas e meios de comunicação trabalhar em áreas urbanas distantes dos lugares de pobreza e necessidades, vivendo uma distância física que muitas vezes leva a ignorar a complexidade dos problemas de homens e mulheres”, indicou.

“É possível o desespero quando a comunicação se torna às vezes estratégia de construção de perigos e medos iminentes”, advertiu.

Deste modo, “no meio deste murmúrio se houve um sussurro: Não tenhas medo, que Eu estou contigo. Em seu Filho, Deus se solidarizou com toda a situação humana e revelou que não estamos sozinhos, porque temos um Pai que não se esquece dos próprios filhos”.

A Secretaria para a Comunicação assegurou: “Quem vive unido a Cristo, descobre que as trevas e a morte se tornam lugar de comunhão com a luz e a vida. Em todo acontecimento busca descobrir o que acontece entre Deus e a humanidade, para reconhecer como Ele, através do cenário dramático deste mundo, está escrevendo a história de salvação”.

“Nós cristãos temos uma boa notícia para contar, porque contemplamos com confiança o horizonte do Reino”, recordou.

“O tema do próximo Dia Mundial das Comunicações Sociais é um convite a contar a história do mundo e as histórias de homens e mulheres, segundo a lógica da Boa Nova que recorda que Deus nunca renuncia a ser Pai, em nenhuma situação e em relação a toda pessoa. Aprendamos a comunicar confiança e esperança na história”, concluiu.