quarta-feira, 30 de novembro de 2016

DESERTO: LUGAR DO ENCONTRO COM DEUS

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Dom Edson Damian, dd. Bispo de S. Gabriel da Cachoeira, AM 
O primeiro impacto de Deus como Absoluto o Irmão Carlos vivenciou em sua viagem de reconhecimento ao Marrocos: na descoberta da “grandeza austera do deserto” e na simplicidade religiosa dos muçulmanos. Escreve à Marie de Bondy: 

“O que há de maravilhoso por aqui é o pôr-do-sol, o entardecer e a noite. Vendo esses belos crepúsculos, relembro o quanto eles lhe agradam, pois evocam a bonança que virá após a tormenta do nosso tempo. Os fins de tarde são tranqüilos, as noites tão serenas, este céu imenso e estes vastos horizontes parcialmente iluminados pelos astros são tão tranqüilos e, silenciosamente, de uma maneira tão penetrante cantam o Eterno, o Infinito, o Além, que seríamos capazes de passar noites inteiras nesta contemplação; no entanto, abrevio estas contemplações e, depois de alguns instantes, dirijo-me para o sacrário, pois há muito mais do que tudo isso no humilde sacrário. Tudo é nada comparado ao Bem-Amado”. 

O deserto deixou no Irmão Carlos uma marca definitiva. Será como uma espécie de selo de família, de todos os ramos da família espiritual que tenham sua origem no carisma foucauldiano. Partindo de uma vasta tradição dos padres do deserto, escreve: “É necessário passar pelo deserto e nele permanecer para receber a graça de Deus: é no deserto que nos esvaziamos e nos desprendemos de tudo o que não seja Deus, onde esvaziamos completamente a casinha de nossa alma para deixar o espaço todo somente para Deus. 

Os hebreus passaram pelo deserto, Moisés viveu nele antes de receber a missão, Paulo, ao sair de Damasco, passou três anos na Arábia, São Jerônimo e São João Crisóstomo também se prepararam no deserto. É indispensável. É um tempo de graça. É um período pelo qual tem de passar necessariamente toda alma que queira dar fruto. É necessário este silêncio, este recolhimento, este esquecimento de tudo o que foi criado para que Deus estabeleça na alma o seu Reino e forme na alma o espírito interior, a vida íntima com Deus, a conversação da alma com Deus na fé, na esperança, na caridade... É na solidão, vivendo somente com Deus, no recolhimento profundo da alma que esquece o que existe para viver só em comunhão com Deus, onde Deus se entrega totalmente a quem se abandona totalmente a Ele”. 

Desde Abraão, nosso pai na fé, que no deserto é enviado por Deus a uma terra estranha para consolidar sua vocação; passando por todos os profetas, desde Moisés e Elias até João Batista, todos eles purificados por Deus no deserto e consumidos aí por seu amor em vista da missão; até o próprio Jesus, conduzido pelo Espírito ao deserto da tentação e periodicamente indo a lugares ermos para orar – a espiritualidade bíblica é incompreensível sem a dimensão do deserto. 

O Absoluto de Deus, descoberto e vivido num primeiro tempo, mediante o deserto e o Islã, produziu no Irmão Carlos uma experiência muito intensa de dependência como criatura, antes de chegar à consciência de filiação. A experiência do deserto rompeu o ceticismo-agnosticismo científico de Carlos de Foucuald; no entanto teve um longo caminho a percorrer para descobrir, através do caminho místico da vida cristã, sua condição de filho de Deus e irmão amado de Jesus. 

A relação do Irmão Carlos com o Pai está expressa na “Oração do Abandono”, considerada a maior característica de sua espiritualidade. 
 
EM PRIMEIRO LUGAR, deserto, é experiência do Absoluto de Deus e do relativo de tudo o mais, incluídas aí as pessoas e nós mesmos. No deserto estamos sós diante de Deus, e esta presença deveria bastar para plenificar e dar sentido à nossa vida. No deserto, o amar e buscar a Deus com todo o coração, com toda a mente e com todas as forças, é a única alternativa possível e assim experimentamos a verdade fundamental da mística cristã: Deus nos amou primeiro e vem ao nosso encontro. “Agora sou eu mesmo que vou seduzi-la, vou leva-la ao deserto e conquistar seu coração” (Os 2,16). Vamos ao deserto sem enfeites e sem máscaras, no silêncio e na pobreza do ser, para escutar Deus falar ao coração, para deixar Deus ser Deus. 

“O silêncio é a medida do amor. Só quem ama sabe cur­tir o silêncio a dois. É ruidoso o mundo em que vive­mos. Há dema­siadas máquinas de fa­zer barulho: telefone, fax, rádio, TV, veículos, campainhas. Nosso cé­rebro habitua-se tanto à sonoridade excessiva que custamos a desli­gá-lo. Uns preferem re­médios que façam dormir. Outros, a bebida. Assusta-nos a hipó­tese de manter a casa em silêncio. Decretar o jejum de ruídos; desli­gar rádio, TV e telefone. Isso pode levar ao pâni­co. A “louca da casa”, a imaginação, entra em rebuliço, su­pondo que há uma notícia importan­te a ser ouvida ou um telefonema de­ urgência a ser recebido. Ou experimenta-se o medo de si mesmo. 

Sentir-se ameaçado por si mesmo é uma forma de loucura freqüente em quem, súbito, vê-se privado de sons exteriores. Como alguém preso no elevador. Não é a claustrofobia que amedronta. É o peso de suportar-se a si mesmo, entregue aos próprios ruídos interiores. É terrível o espectro de uma par­cela dessa geração que se nutre de ruídos desconexos. Comunica-se por um código ilógico; balbucia le­tras musicais sem sentido; entope de sons os ouvidos, na ânsia de preencher o vazio do coração. São seres transcendentes, porém cegos. Trafegam por veredas perdidas, sem consciência de que procuram fora o que só pode ser encontrado dentro” (Frei Betto). 

Os monges, os contemplativos inseridos no mundo como fermento na massa, nutrem-se de silên­cio. No deserto aprendemos a gostar da solidão, ouvir a voz interior, estar só para sentir-nos intimamente acompa­nhados, tapar os ouvidos para es­cutar e auscultar Aquele que faz em nós Sua morada. Enfim, fechar os olhos para ver melhor. 

Espiritualidade é deixar-nos encontrar, amar e conduzir por Deus. Assim o deserto salienta a dimensão da espera, da expectativa da visita de Deus que vem ao encontro de nossa impotência e aridez e se revela sempre maior que o nosso coração. Como nos testemunha o Irmão Carlos: “Assim que eu acreditei que havia um Deus, compreendi que só podia viver unicamente para ele: minha vocação religiosa data da mesma hora que minha fé. Deus é tão grande! Há uma diferença tão grande entre Deus e tudo que não é ele!” 

Deus está sempre além das fórmulas teológicas, de qualquer utopia histórica e social, de qualquer acontecimento libertador ou de toda a beleza e bondade que vemos nas pessoas ou na natureza. No Evangelho, Jesus recomenda não multiplicarmos as palavras na oração. O Pai sabe de que necessita­mos. Todavia, somos desatentos ao conselho. No Ocidente, falamos de Deus, a Deus, sobre Deus. Quase nunca deixamos Deus falar em nós. Agimos como aquela tia que liga pa­ra minha mãe: fala tanto, que nem se dá conta de que mamãe larga o fone, vai à cozinha mexer a panela e retorna. Quem muito se explica, muito se complica, pois teme a própria sin­gularidade. 

“O silêncio ajuda-nos a descer em nós mesmos para ir ao encontro de Deus e ao nosso encontro também, pois revela ao homem o seu próprio mistério, o cerne do seu ser como pessoa livre, indefinível e inacessível a qualquer ciência humana. Há uma qualidade de silêncio que nos põe em estado de escuta total. É um silêncio que nos leva ao fundo de nós mesmos, em comunhão com o Ser Absoluto que nos deu a existência. Tal silêncio é sagrado e precisa ser absoluto. É tudo ou nada. É descer no mistério do“eu” que nos conduz à fronteira do Mistério de Deus e constitui uma última preparação para a escuta da Palavra incriada que nos deu a vida ao pronunciar o nosso nome” (René Voillaume). 

EM SEGUNDO LUGAR, o deserto é o lugar da autenticidade e da verdade sobre nós mesmos, sobre o que habitualmente nos rodeia, sobre nossos trabalhos, sobre sociedade. A sós diante de Deus, no despojamento do deserto, não podemos mais nos enganar, nem continuar nos iludindo e mascarando nossa vida. Prestígio, realizações, relações pessoais, sempre mescladas de ilusões e inautenticidade, já não acobertam nossas pretensões e mentiras nem nos desviam da verdade sobre nós mesmos e a realidade que nos cerca. A ambigüidade de nossas motivações e de nossas “generosidades” vem à tona e nos vemos tal qual somos, ou melhor tal qual Deus nos vê. 

Por isso o deserto é o lugar da conversão e de purificação do coração porque somos ambíguos na posse dos bens (pobreza), nas relações interpessoais (amor, afeto) e no uso do poder, no exercício da autoridade (obediência). O nosso amor, vivido na castidade do celibato, exige tempo de deserto para não se perder no caminho, não se tornar coração endurecido nem transviado (cf Sl 94). Na verdade, se buscamos Deus, a tomada de consciência das mentiras e cegueiras que nos envolvem leva-nos a optar pela luz que nasce do deserto e a despegar-nos das trevas das nossas motivações, trabalhos e relações com os outros; leva-nos a silenciar as vozes enganadoras dos ídolos, das ideologias, das riquezas, do prestígio e do poder, das paixões desordenadas, das compensações sutis do prazer. O deserto é o caminho da libertação interior, onde “Deus fala ao coração” e onde o espírito do mundo, que nos fascina, pode emudecer. 

EM TERCEIRO LUGAR, o deserto nos abre à verdadeira solidariedade e misericórdia para com os irmãos e nos ajuda a amar verdadeiramente. A aprendizagem do amor fraterno requer a atitude de deserto; a fraternidade e o serviço da comunidade exigem que em nosso espírito haja espaço para a solidão e silêncio.Os Santos Padres nos ensinam que, paradoxalmente, a solidão dá lugar à misericórdia “porque nos faz morrer para o próximo”, isto é, nos impede de julgá-lo, criticá-lo, avaliá-lo, morrer a toda espécie de preconceitos, antipatias, rancores, ressentimentos e hostilidades. Isto se torna possível porque o deserto nos dá um agudo sentir de nossos próprios defeitos e misérias, nos faz “ver a trave em nosso olho” e nos brandos e misericordiosos quando se faz necessário ajudar a “tirar o cisco no olho do nosso irmão.

“O silêncio nos predispõe à compreensão dos outros, pois o hábito do silêncio nos ajuda a ouvi-los atentamente e colocar-nos em seu lugar, em vez de nos impormos por atitudes ou palavras muitas vezes indiscretas e ofensivas. Esse silêncio faz-nos fugir da tagarelice inútil, permitindo-nos ultrapassar certa superficialidade das relações humanas nas quais tão facilmente nos refugiamos”(René Voillaume). 

Durante o deserto vêm à tona nossas fraquezas, incoerências, ambigüidades, infidelidades e torna-se impossível escamoteá-las ou justificá-las. Os gaúchos costumam usar uma mala de garupa que colocam nos ombros para carregar coisas na frente e atrás. Há um provérbio que aconselha a virar de lado a mala, porque costumamos colocar os defeitos dos outros na frente e os nossos atrás. A solidão do deserto possibilita-nos encarar nossos defeitos e buscar os meios para superá-los. E como certos vícios e defeitos têm raízes profundas e somos impotentes para arrancá-los, precisamos da misericórdia e do perdão do Senhor. Por isso, o deserto constitui lugar privilegiado para preparar a revisão de vida e o sacramento da reconciliação. 

EM QUARTO LUGAR, o deserto é o lugar das tentações, da crise e também da superação das mesmas. É o lugar de nosso fortalecimento e amadurecimento, já que nosso espírito se torna forte mediante a coragem no enfrentamento da prova. Para os Santos Padres, o deserto é também o lugar do demônio e para lá se dirigiam para enfrentar e vencer as tentações, inspirados no testemunho de Jesus, quando esteve no deserto por quarenta dias. Como momento forte de espiritualidade, o deserto sempre gera crise. Nele encontramos Deus, mas também o demônio. Sem tentação correríamos o risco de apoderar-nos de Deus e torná-lo inofensivo e inóquo. 

Pela tentação experimentamos existencialmente nossa distância de Deus, percebemos a diferença entre o homem e Deus. Quando suplicamos; “Não nos deixeis cair em tentação” (Mt 6,13), não estamos pedindo para não sermos tentados, uma vez que isso seria até mesmo impossível, mas imploramos para não sermos devorados pela tentação ou fazermos algo que contrarie a vontade de Deus. Sem a tentação não sentiríamos o cuidado de Deus por nós, não adquiriríamos a confiança nele. Antes da tentação, poderíamos orar a Deus como a um ser longínquo, estranho. Após termos suportado a tentação por amor a Deus, Ele nos considera como alguém a quem fez um empréstimo e por isso tem o direito de receber juros, como um amigo que nos arrancou das mãos de um inimigo. Deus se torna mais próximo e familiar. Sem a tentação podemos nos tornar desleixados, descuidados de nós mesmos e passamos pura e simplesmente a vegetar. As tentações nos forçam a viver conscientemente, a exercitar a disciplina e a ascese, a permanecer sempre vigilantes e atentos. Porque nos torna mais humanos e humildes, a tentação torna-se caminho de crescimento e amadurecimento. 

A miséria de que somos feitos emerge como verdade, como desânimo e até como desespero. Somos tentados a fugir do deserto porque é difícil agüentar o vazio, a solidão, as horas intermináveis, a aparente perda de tempo. Nossas agendas estão sempre abarrotadas de compromissos. Por formação e cultura capitalista, somos naturalmente voltados para a ação, para os resultados, para extroversão. O índex do totalitarismo do con­senso neoliberal decreta, hoje, o si­lêncio dos conceitos altruístas. Gri­ta-se competitividade, concorrência, “performance”, disputa, privatização... Cala-se solidariedade, coope­ração, doação, partilha, socializa­ção. Edifica-se a barbárie em nome de uma civilização prometéica, na qual muitos são os excluídos e poucos os escolhidos. 

Temos medo do deserto porque o caminho mais difícil é aquele que nos leva para dentro de nós mesmos. Só quem conhece a beleza do silêncio, dentro e fora de si, é capaz de viajar por seu próprio mundo interior e encontrar o Senhor que habita no mais íntimo de nós. “Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Eis que estavas dentro e eu, fora. Aí te procurava e lançava-me nada belo ante a beleza que tu criaste. Estavas comigo e eu não contigo. Seguravam-me longe de ti as coisas que não existiriam, se não existissem em ti. Chamaste, clamaste e rompeste minha surdez! Brilhaste, resplandeceste e afugentaste minha cegueira. Exalaste perfume e respirei. Agora anelo por ti. Provei-te, e tenho fome e sede. Tocaste-me e ardi por tua paz” (Santo Agostinho, Confissões). 

Portanto, é importante ajudar-nos em nossas fraternidades a não fugir do deserto, a realizá-lo com certa regularidade e fidelidade. Porque, ou nos entregamos a Deus, ou nos fechamos em nós mesmos, fugindo de Deus: nisto consiste a tentação. Estas duas alternativas são radicais e incompatíveis e a gravidade da crise persiste até que morramos à nossa imagem e acolhamos a presença de Deus e nos deixemos moldar e conduzir pelo seu Espírito. A graça do deserto consiste em vencer a tentação sutil que o demônio nos apresenta como um bem aparente. Deserto é o lugar de conversão e espaço vocacional. Na volta do deserto estamos mais preparados para assumir a Fraternidade (espaço eclesial), para receber o sacramento do perdão e entregar a vida ao olhar dos irmãos (revisão de vida) para buscar novos caminhos de entrega e serviço ao Senhor e aos irmãos. 


Nós vamos para o deserto: 

- com o Povo de Deus que “no deserto andava” em busca da Terra Prometida: somos descendentes e herdeiros de homens e mulheres do deserto. 

- com os Profetas para que o fogo da paixão por Deus nos queime por dentro, e com o coração abrasado nos deixemos seduzir. 

- com Maria que “guardava e meditava no seu coração" e na hora certa soube dizer: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se me mim segundo a tua palavra” 

- com Jesus, nosso “único modelo”: vida toda aberta ao Pai e aos irmãos. Ele espera nossa resposta como a de Pedro: “Senhor tu conheces tudo, tu sabes que eu te amo”. Por sua vez nos dirá: “Apascenta as minhas ovelhas...Quando eras moço...Segue-me” (aqui atrás de mim); “por causa de Jesus e do Evangelho” 

- com os “grandes orantes” da Igreja de ontem e de hoje 

- com o testemunho fascinante e o incentivo cativante de nosso querido Ir Carlos para aprender a articular com ele a “Oração do Abandono” como Jesus no deserto e na cruz para fazer a vontade do Pai e para que venha o seu Reino. 


Dom Edson Damian 
(Escrito quando era presbítero-missionário na Igreja de Roraima - Amazônia)

Papa expressou o seu pesar pela tragédia da Chapecoense

Nas saudações, na audiência geral desta quarta-feira dia 30 de novembro, o Papa Francisco dirigiu-se também aos peregrinos de língua portuguesa presentes na audiência convidando-os a irem ao encontro de Jesus neste Advento. Disse que Jesus espera por nós “em todos os necessitados, aos quais podemos levar ajuda com as obras de misericórdia”.
Destaque especial para as palavras do Papa declarando o seu pesar pelas vítimas do acidente de aviação que vitimou a equipa de futebol brasileira Chapecoense:
“Eu também gostaria de recordar hoje a dor do povo brasileiro pela tragédia da equipa de futebol e rezar pelos jogadores mortos, pelas suas famílias. Na Itália, sabemos bem o que isso significa, pois lembramos Superga, em 1949. São tragédias duras. Rezemos por eles.”
O Papa Francisco a todos deu a sua benção!
(RS).

Misericórdia é saber rezar uns pelos outros


Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco acolheu na Sala Paulo VI, no Vaticano, cerca de sete mil fiéis para a Audiência Geral.


Com a catequese desta quarta-feira (30/11), o Pontífice encerrou o ciclo dedicado à misericórdia, falando nesta ocasião sobre duas obras: uma espiritual de “rezar pelos vivos e pelos mortos”, e outra corporal, enterrar os mortos. “As catequeses terminam, mas a misericórdia deve continuar”, disse o Papa.
À primeira vista, afirmou Francisco, enterrar os mortos pode parecer estranho, mas se pensarmos em tantas regiões atribuladas pelo flagelo da guerra, enterrar os mortos se torna tristemente uma obra muito atual. Às vezes, significa colocar em risco a própria vida, como foi o caso do velho Tobi, no Antigo Testamento; outras vezes, exige uma grande coragem, como no caso de José de Arimatéia, que providenciou um sepulcro para Jesus, após a sua morte na Cruz.

“Para os cristãos, a sepultura é um ato de piedade, mas também de fé e esperança na ressurreição dos mortos”, explicou Francisco. Por isso, somos chamados também a rezar pelos defuntos, primeiramente porque reconhecemos o bem que essas pessoas nos fizeram em vida e, depois, para encomendá-las à misericórdia de Deus. “Todos ressuscitaremos e todos permaneceremos para sempre com Jesus”, recordou o Papa, que recomendou  que não se esqueça de rezar pelos vivos.
Trata-se de uma manifestação de fé na Comunhão dos Santos, que nos ensina que os batizados, encontrando-se unidos em Cristo e sob a ação do Espírito Santo, podem interceder uns pelos outros.
Lembrança
O Pontífice recordou que existem muitos modos de rezar pelo próximo, como as mães e os pais que abençoam os filhos antes de saíram de casa, “hábito ainda presente em algumas famílias”, a oração às pessoas doentes, a intercessão silenciosa às vezes com as lágrimas.
Francisco contou aos fiéis um episódio ocorrido no dia anterior, de um jovem empresário que participou da Missa celebrada por ele na capela da Casa Santa Marta. Após a celebração, chorando, o proprietário disse que deveria fechar a fábrica devido à crise, mas 50 famílias ficariam sem trabalho. “Eis um bom cristão”, disse o Papa, pois ele poderia declarar falência e ficar com o dinheiro, mas sua consciência não o permitia e ia à missa para pedir a Deus uma solução, não para ele, mas para as 50 famílias. “Este é um homem que sabe rezar, com o coração, com os fatos, sabe rezar pelo próximo numa situação difícil. E não busca a solução mais fácil. Fez-me tão bem ouvi-lo e espero que existam tantas pessoas assim hoje, pois muitos sofrem com a falta de trabalho.”
Comunhão
Ao rezar uns pelos outros, devemos pedir sempre que se faça a vontade de Deus, porque a sua vontade é certamente o bem maior, o bem de um Pai que jamais nos abandona.  “Abramos o nosso coração, disse o papa,  rezar e deixar que o Espírito Santo reze em nós. E isso é o belo da vida, rezar, agradecer, louvar a Deus, pedir algo, mesmo chorando quando há alguma dificuldade, mas com coração aberto ao Espírito para que reze em nós, conosco e por nós.”
Concluindo estas catequeses sobre a misericórdia, Francisco pede um esforço a rezar uns aos outros para que as obras de misericórdia corporais e espirituais se tornem sempre mais o estilo da nossa vida:
“Como disse anteriormente, as catequeses se concluem. Fizemos o percurso das 14 obras de misericórdia, mas a misericórdia continua e devemos exercitá-la nesses 14 modos.”
(bf)

Bispo responde à decisão do STF de que aborto até terceiro mês de gestação não é crime



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BRASILIA, 30 Nov. 16 / 04:30 pm (ACI).- Após a maioria da primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) declarar, na terça-feira, 29, que o aborto até o terceiro mês de gestação não é crime, o Bispo de Frederico Westphalen, Dom Antonio Carlos Rossi Keller, afirmou que tal prática decreta a pena de morte aos não nascidos.

A decisão se deu quando os ministros analisavam o pedido de habeas corpus cinco funcionários de uma clínica clandestina de aborto de Duque de Caxias (RJ). Votaram no sentido de não considerar o aborto um crime os ministros Luís Roberto Barroso, Rosa Weber e Edson Fachin. Com isso, abriram um precedente para decisões de outros juízes no Brasil.

Em sua página no Facebook, Dom Antonio Keller ressaltou que “o Supremo Tribunal Federal existe para garantir o cumprimento da Constituição” e acrescentou que “a Constituição brasileira determina que, no Brasil, não há pena de morte”.

“Contrariando este princípio, por meio do aborto, decreta-se a pena de morte àqueles que tem uma única culpa: a de existir. O aborto é uma barbárie”, afirmou o Bispo.

Diante dessa realidade, Dom Antonio pontuou que “uma Sociedade que defende, justificadamente, os ovos das tartarugas, mas admite o aborto, é no mínimo uma Sociedade na qual predomina a hipocrisia”.

Por sua vez, Padre José Eduardo de Oliveira e Silva, da Diocese de Osasco (SP), observou que “justo no Advento, quando celebramos a gravidez de Nossa Senhora, satanás vem atacar os bebês”. O sacerdote lembrou ainda que na próxima semana, dia 7 de dezembro, “julgarão o aborto em caso de zika”.

Decisão do STF

Em 2014, o relator, ministro Marco Aurélio, já havia concedido liminar para soltar os cinco envolvidos no caso da clínica clandestina de aborto de Duque de Caxias, considerando que não existiam requisitos legais para a prisão preventiva.

No voto desta terça-feira, o ministro Luís Roberto Barroso concordou com os motivos do relator e declarou que os artigos do Código Penal que criminalizam o aborto nos três primeiros meses de gestação violam os direitos fundamentais da mulher, entre os quais listou: autonomia da mulher, integridade física e psíquica, direitos sexuais e reprodutivos e igualdade de gênero.

Para o ministro, “na medida em que é a mulher que suporta o ônus integral da gravidez, e que o homem não engravida, somente haverá igualdade plena se a ela for reconhecido o direito de decidir acerca da sua manutenção ou não”.

Além disso, considerou que “o direito à integridade psicofísica protege os indivíduos contra interferências indevidas e lesões aos seus corpos e mentes, relacionando-se, ainda, ao direito, à saúde e à segurança”.

O ministro afirmou ainda que “países democráticos e desenvolvidos” não criminalizam o aborto no início da gravidez e citou exemplos como Estados Unidos, Alemanha, França, entre outros.

O voto de Barroso foi seguido por Rosa Weber e Edson Fachin. Os ministros Marco Aurélio e Luiz Fux também votaram pela revogação das prisões preventivas, mas não se manifestaram sobre a descriminalização do aborto no primeiro trimestre da gestação.

A decisão da primeira Turma do STF foi considerada “extraordinária” pela secretária de Direitos Humanos, Flávia Piovesan, conhecida por sua postura a favor da descriminalização do aborto.

Em entrevista ao ‘Estado de S. Paulo’, Piovesan assumiu que no governo há uma divergência entre ela e a secretária das Mulheres, Fátima Pelaes, que é contra o aborto. “No terreno de direitos sexuais e reprodutivos, o Congresso é um ambiente desafiador. O Supremo realiza sua missão ‘contramajoritária’, preservando direitos”, acrescentou.

Comissão especial quer rever a decisão

Na madrugada desta quarta-feira, o presidente da Câmara, Rodrigo Maria (DEM-RJ), anunciou em plenário que irá instalar uma comissão especial a fim de rever a decisão do STF sobre o aborto.

“Informo ao plenário que eu já tinha conversado desse assunto com alguns líderes que, do meu ponto de vista e vou exercer o poder da presidência, toda vez que nós entendermos que o Supremo legisla no lugar da Câmara dos Deputados ou do Congresso Nacional, nós deveríamos responder ou ratificando ou retificando a decisão do Supremo, como a de hoje”, disse.

A comissão irá discutir a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 58/2011que trata de licença-maternidade no caso de bebês prematuros, mas a intenção é deixar claro no texto que o aborto deve ser considerado crime a qualquer tempo da gestação.

Em plenário, o deputado Evandro Gussi (PV-SP) declarou que a decisão do STF “trata-se de uma calorosa afronta à Constituição, que prevê a separação de poderes, que prevê que deliberações dessa ordem hão de ser feitas no âmbito do poder legislativo”.

Ressaltou ainda que “é o Código Penal que regulamente o aborto como crime contra a vida”. “O Código Penal jamais falou de aborto legal”, acrescentou, explicando que a punição é excluída apenas em casos específicos, que são: gravidez resultante de estupro, quando há risco para a vida da mãe ou de fetos com microcefalia.

Para o deputado, se “nem as penas podem passar da pessoa do condenado, quanto mais alguém decidir sobre a vida do outro, especialmente sobre a vida de um inocente, que nada fez de mal e que pagará com a pena capital”.

Papa encerrou ciclo de catequeses sobre obras de misericórdia

Agência Ecclesia 30 de Novembro de 2016, às 12:56  Foto: Lusa
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Francisco pede continuidade deste «estilo» de ser cristão após o Jubileu

Cidade do Vaticano, 30 nov 2016 (Ecclesia) - O Papa Francisco encerrou hoje no Vaticano o ciclo de catequeses que pronunciou sobre as 14 obras de misericórdia, corporais e espirituais, que a Igreja Católica propõe aos seus fiéis, pedindo continuidade deste “estilo” de ser cristão.

“As catequeses acabam aqui. Fizemos o percurso das 14 obras de misericórdia, mas a misericórdia continua e devemos exercitá-la nesses 14 modos”, declarou, perante cerca de 7 mil peregrinos reunidos na sala de audiências Paulo VI.

A intervenção centrou-se nas obras de misericórdia que convidam a “rezar pelos vivos e pelos mortos” e a sepultar os defuntos.

Francisco elogiou, neste contexto, todos os que arriscam a vida para enterrar quem morre nas zonas de guerra, “com bombardeamentos que semeiam medo e vítimas inocentes, dia e noite”.

“Esta obra é tristemente atual”, acrescentou.

O Papa sublinhou que, para os cristãos, a sepultura é um “ato de piedade”, de “fé e esperança na ressurreição dos mortos”.

A intervenção abordou depois os “muitos modos” de rezar pelo próximo, como as mães e os pais que abençoam os filhos antes de sair de casa, a oração pelas pessoas doentes ou a “intercessão silenciosa”, às vezes com lágrimas.

Francisco contou um episódio ocorrido no dia anterior, de um jovem empresário que participou na Missa matinal na capela da Casa Santa Marta.

Após a celebração, chorando, o empresário disse ao Papa que deveria fechar a fábrica devido à crise, mas caso isso acontecesse, 50 famílias ficariam sem trabalho.

“Eis um bom cristão”, disse o pontífice, elogiando a decisão de não declarar falência e ficar com o dinheiro.

Concluindo as catequeses sobre a misericórdia, Francisco pediu um esforço a rezar uns aos outros para que as obras de misericórdia corporais e espirituais se tornem cada vez mais o “estilo” da vida da Igreja.

Após a catequese semanal, o Papa saudou os membros da Federação dos Institutos de Atividades Educativas, na Itália.

“Convido-vos a continuar no caminho de apoio às escolas católicas, para que seja sempre salvaguardada a liberdade de escolha educativa dos pais para os seus filhos”, apelou.

OC

Papa incentiva à «dimensão missionária» sem «frenesim de poder»

Agência Ecclesia 30 de Novembro de 2016, às 13:10  Foto: Diocese do Porto
Foto: Diocese do Porto
Vaticano divulga mensagem para Dia Mundial de Oração pelas Vocações de 2017

Cidade do Vaticano, 30 nov 2016 (Ecclesia) – O Papa sublinhou a “dimensão missionária da vocação cristã” na mensagem para o Dia Mundial de Oração pelas Vocações que se vai celebrar a 7 de maio de 2017, com o tema ‘Impelidos pelo Espírito para a missão’.

“O compromisso missionário não é algo que vem acrescentar-se à vida cristã como se fosse um ornamento, mas, pelo contrário, situa-se no âmago da própria fé. A relação com o Senhor implica ser enviados ao mundo”, escreve Francisco, no texto divulgado hoje pelo Vaticano.

A mensagem assinala que “todos os cristãos são constituídos missionários do Evangelho”, algo que “vale de forma particular” para as pessoas chamadas a uma “especial consagração e também para os sacerdotes”.

Francisco considera importante “aprender do Evangelho o estilo de anúncio” e alerta para quem se deixa levar “por um certo frenesim de poder, pelo proselitismo ou o fanatismo intolerante”, “mesmo com a melhor das intenções”.

“O Evangelho, pelo contrário, convida-nos a rejeitar a idolatria do sucesso e do poder, a preocupação excessiva pelas estruturas e uma certa ânsia que obedece mais a um espírito de conquista que de serviço”, desenvolve.

O Papa observa que o povo de Deus “precisa de ser guiado” por pastores que “gastam a sua vida ao serviço do Evangelho” e pede às comunidades paroquiais, associações e grupos de oração que peçam “ao Senhor que mande operários para a sua messe e nos dê sacerdotes enamorados do Evangelho”.

“Com renovado entusiasmo missionário, são chamados a sair dos recintos sagrados do templo, para consentir à ternura de Deus de transbordar a favor dos homens”, acrescenta, assinalando que a Igreja precisa de sacerdotes “confiantes e serenos”.

Segundo Francisco, hoje é possível “voltar a encontrar o ardor do anúncio e propor”o seguimento de Cristo, sobretudo aos jovens.

“Face à generalizada sensação duma fé cansada ou reduzida a meros «deveres a cumprir», os nossos jovens têm o desejo de descobrir o fascínio sempre atual da figura de Jesus, de deixar-se interpelar e provocar pelas suas palavras e gestos”, refere.

Para o Papa “não poderá jamais haver” pastoral vocacional nem missão cristã sem a oração assídua e contemplativa, porque a vida cristã se alimenta com a escuta da Palavra de Deus, “sobretudo cuidar da relação pessoal com o Senhor na adoração eucarística”.

Na mensagem, com data do primeiro Domingo do Advento, lê-se que o discípulo não recebe o dom do amor de Deus “para sua consolação privada”, não é chamado a ocupar-se “de si mesmo nem a cuidar dos interesses duma empresa” mas não pode guardar essa experiência para si mesmo.

CB/OC

VÍDEO: Atlas 3D revela desenvolvimento do embrião humano de forma nunca vista antes


AMSTERDAM, 30 Nov. 16 / 05:00 am (ACI).- Especialistas em embriologia da Universidade de Amsterdã (Holanda) desenvolveram o novo “Atlas 3D de Embriologia Humana”, uma investigação publicada na revista ‘Science’ que envolveu a construção minuciosa de 14 modelos digitais 3D de embriões humanos em diversas etapas do seu desenvolvimento, durante os dois primeiros meses de gestação.

“Todos acreditam que já sabemos isto, mas acredito que sabemos mais sobre a lua do que sobre o nosso próprio desenvolvimento”, disse a ‘The Guardian’ Bernadette de Bakker, professora da Universidade de Amsterdã que ajudou a dirigir o projeto com seu colega Antoon Moorman.

A investigação, que demorou aproximadamente 45.000 horas em seu desenvolvimento e que já está disponível em um site especial, permite percorrer diferentes sistemas do corpo a medida que se desenvolvem, incluindo o sistema respiratório, o sistema esquelético, o sistema nervoso e outros.

Também estão disponíveis as fotografias digitais utilizadas para fazer os modelos, assim como cifras detalhadas e fichas de dados que contêm informação sem precedentes acerca de como cresce cada órgão e muda com o passar do tempo.

“É importante entender a embriologia humana para esclarecer como ocorrem os defeitos de nascimento e má formações congênitas”, afirmou Bernadette de Bakker.

A pesquisadora assinalou que muitas das descrições publicadas nos livros sobre desenvolvimento embrionário se baseiam em observações realizadas há muitas décadas e, frequentemente, contêm detalhes inferidos de estudos sobre embriões de rato ou de galinha.

Indicaram que participaram desta investigação aproximadamente 75 estudantes que analisaram fotografias digitais de aproximadamente 15.000 seções manchadas de tecidos da coleção de embriões “Carnegie” dos Estados Unidos, que tem entre 60 e 100 anos, recolhidas por médicos durante seus procedimentos de histerectomias (operação para extrair o útero de uma mulher).

Em cada seção, os órgãos e tecidos foram cuidadosamente etiquetadas a fim de construir o atlas digital.

Os políticos são chave na construção de um mundo mais justo, assegura o Papa

Por Miguel Pérez Pichel
Papa na audiência com os políticos. Foto: L'Osservatore Romano

VATICANO, 30 Nov. 16 / 02:00 pm (ACI).- Em uma audiência com políticos franceses, o Papa Francisco defendeu a sua importância na construção de uma sociedade mais justa, na qual o bem comum esteja acima de outros interesses. “Ao exercer a sua responsabilidade, poderão contribuir na construção de uma sociedade mais justa e mais humana, de uma sociedade mais acolhedora e fraterna”, assinalou o Santo Padre.

Os políticos franceses, todos eleitos na Região de Rhône-Alpes, foram à audiência celebrada no Palácio Apostólico acompanhados pelo Cardeal Philippe Barbarin, Arcebispo de Lion, e por Bispos da Província de Lion.

O motivo da sua presença em Roma era realizar uma peregrinação durante o Ano da Misericórdia, concluído recentemente. “Realizaram um caminho que prolonga o Jubileu da Misericórdia”, destacou Francisco.

“No atual contexto internacional, marcado pelas frustrações e temores intensificados pelos atentados e pela violência cega que destruíram profundamente o seu país, é ainda mais importante tentar procurar e desenvolver a consciência do bem comum e do interesse geral. Por isso, gostaria, junto aos Bispos da França, de sublinhar a necessidade de ‘reencontrar o sentido da política’ neste mundo em mudança’”, assinalou em referência ao documento publicado recentemente pela Conferência de Bispos da França e dos diversos ataques terroristas ocorridos há alguns meses.

O Bispo de Roma sublinhou as virtudes e valores da sociedade francesa: “Inegavelmente, sociedade francesa é rica de potencialidades e diversidades que podem se tornar oportunidades, desde que seus valores de liberdade, igualdade e fraternidade não sejam apenas exibidos de maneira ilusória, mas aprofundados e compreendidos em seu fundamento transcendente”.

“Estamos plenamente imersos em um debate real sobre os valores e orientações comuns reconhecidos por todos. Neste debate, os cristãos são chamados a participar com os crentes de todas as religiões e com todos os homens de boa vontade, inclusive os não crentes, a fim de promover o crescimento de um mundo melhor”.

“Neste sentido, a busca do bem comum que os anima deve conduzi-los a escutar com atenção as pessoas em condição de precariedade, sem esquecer os migrantes que fugiram de seus países por causa da guerra, da miséria e da violência”, acrescentou.

Dom Helder: graça imensa de 50 anos de sacerdócio ministérial

Bilhete de Dom Helder, que chegou às nossas mãos, por bondade de 
uma irmã de Jesus Crucificado.

Dia contra Aids: Francisco pede amplo acesso aos retrovirais

PAPA FRANCISCO \ AUDIÊNCIA GERAL


Cidade do Vaticano (RV) - Ao final da catequese, o Pontífice recordou que em 1° de dezembro se celebra o Dia Mundial contra a Aids, promovida pelas Nações Unidas.

“Milhões de pessoas convivem com esta doença e somente a metade delas tem acesso a terapias. Convido a rezar por elas e por seus caros e a promover a solidariedade para que também os mais pobres possam beneficiar de diagnoses e tratamentos adequados. Por fim, faço um apelo para todos adotem comportamentos responsáveis para prevenir ainda mais a difusão desta doença.”
Tema sempre atual
O Papa falou ainda da Conferência internacional sobre a proteção do patrimônio em zonas de conflito, que se realizará nos dias 2 e 3 de dezembro em Abu Dhabi. A iniciativa é promovida pelos governos de França e Emirados Árabes Unidos, com a colaboração da UNESCO.
“Trata-se de um tema que, infelizmente, é dramaticamente atual. Na convicção de que a tutela das riquezas culturais constitui uma dimensão essencial da defesa do ser humano, faço votos de que este evento marque um nova etapa no processo de aplicação dos direitos humanos.”

Fonte: www.br.radiovaticana.va

Papa Francisco: um convite a rezar pelos vivos e mortos

Por Álvaro de Juana
Papa Francisco saúda os fiéis durante a Audiência. Foto: Lucía Ballester / ACI Prensa

VATICANO, 30 Nov. 16 / 09:00 am (ACI).- O Papa Francisco pronunciou, na Audiência Geral desta quarta-feira, a última catequese sobre a misericórdia depois de um ciclo que durou quase um ano, no qual explicou diversos aspectos da mesma por motivo do Jubileu da Misericórdia, que foi encerrado no dia 20 de novembro.

Francisco refletiu sobre “rezar pelos vivos e pelos defuntos”, outra obra de misericórdia espiritual. “A esta, podemos também colocar ao lado a última obra de misericórdia corporal que convida a sepultar os mortos”, disse.

“Pode parecer um pedido estranho essa última, mas, em algumas áreas do mundo que vivem sob o flagelo da guerra, com bombardeios, que dia e noite semeias medo e vítimas inocentes, esta obra é tristemente atual”.

O Papa recordou como o mesmo acontece com Jesus quando se encontra na cruz e a Virgem e João o contemplam. “Após sua morte, chega José de Arimateia, um homem rico, membro do Sinédrio, mas que se tornou discípulo de Jesus, e oferece a ele o seu sepulcro novo, escavado na rocha”.

“Para os cristãos, a sepultura é um ato de piedade, mas também de grande fé. Colocamos no túmulo o corpo dos nossos entes queridos, com a esperança da sua ressurreição”.

“Este é um ritual que permanece muito forte e é sentido em nosso povo, e que encontra ressonâncias especiais neste mês de novembro, dedicado em particular à recordação e à oração pelos defuntos”.

Francisco explicou que rezar pelos mortos “é, antes de tudo, um sinal de reconhecimento pelo testemunho que nos deixaram e o bem que nos fizeram. É um agradecimento ao Senhor por ter nos doado e pelo seu amor e amizade”.

O Pontífice também mencionou como na Missa se recorda os defuntos. “Rezamos com esperança cristã que estejam com Ele no paraíso, na espera de nos encontrarmos naquele mistério de amor que não entendemos, mas sabemos que é uma verdadeira promessa que Jesus fez, todos ressuscitaremos e todos permaneceremos com Ele”.

“A recordação dos fiéis defuntos não deve também nos fazer esquecer de rezar pelos vivos, que junto conosco todos os dias enfrentam as provações da vida”, convidou.

O Papa falou da “comunhão dos santos”, que “exprime a beleza da misericórdia que Jesus nos revelou”. “A comunhão dos santos, de fato, indica que estamos todos imersos na vida de Deus e vivemos no seu amor”, sublinhou.

Por fim, indicou que existem “muitos modos diversos de rezar pelo próximo”. “Penso de modo particular nas mães e nos pais que abençoam seus filhos no período da manhã e à noite; penso também nas orações pelas pessoas enfermas; a intercessão silenciosa, às vezes com lágrimas, em tantas situações difíceis”, disse Francisco.

“Para nós e para os outros, peçamos sempre que se faça a vontade de Deus, como no Pai Nosso, porque a sua vontade é, certamente, o maior, o bem de um Pai que nunca nos abandona”.

O Brasil não pode ser governado por uma quadrilha

As principais figuras no poder têm a face escrachada da própria corrupção.
Que moral tem esse governo para pedir sacrifícios aos brasileiros?
Que moral tem esse governo para pedir sacrifícios aos brasileiros? (Presidência da República)
Por Aldo Fornazieri*

Se durante o breve período do segundo mandato de Dilma não havia governo, com a assunção de Temer ao governo, o Brasil passou a ser governado por uma quadrilha. Foi uma trama inescrupulosa que envolveu muitos lírios perfumados, mas, como escreveu Shakespeare, "os lírios que apodrecem fedem mais do que as ervas daninhas". A remoção de Dilma não obedeceu nenhuma intenção de alta moral, de salvação do destino do país, de construção da grandeza da pátria, da conquista da glória pelos novos governantes através de atos de exemplar magnitude em prol do povo. Não. O que move foi a busca da reiterada continuidade do crime, de assalto ao bem público e para salvar pescoços da guilhotina da Lava Jato. Até a grama da Praça dos Três poderes sabe que a parte principal da camarilha agiu em nome da paralisação da Lava Jato.

As quadrilhas se orientam por dois princípios: a traição, sempre que for do seu interesse, e a ousadia na persistência do crime. Consumada a traição para alcançar o poder, a quadrilha não titubeia em mobilizar a mais alta esfera do governo - o próprio gabinete presidencial - para viabilizar negócios privados ao arrepio da lei e com ameaças explícitas a órgãos governamentais de controle, o caso o Iphan. A sociedade brasileira viu, perplexa, que diante de um crime de improbidade administrativa, o presidente da República, ao invés de adotar o partido do interesse público e da moralidade, demitindo o agente da delinquência, busca mediações de terceiros para acomodar a prática criminosa com a desmoralização da probidade.

Temer, no mínimo, cometeu dois crimes: foi conivente com uma investida delituosa e prevaricou ao não adotar nenhuma atitude em face dela. Mas não seria de se esperar outra coisa de quem não tem legitimidade, de quem subiu pela via da traição e de quem assumiu o poder com o perverso objetivo de abrigar o interesse de um grupo sedicioso. Se alguém estava procurando um exemplo veemente de Capitalismo de Quadrilha pode parar de procurar, pois esse governo o representa de forma inequívoca. E, pasmem, diante desses fatos da mais alta gravidade, o inimputável Aécio Neves, propôs investigar o denunciante.

A ousadia da quadrilha é de tamanha envergadura que no silêncio sinuoso das noites brasilienses conspirava-se à larga para anistiar centenas de corruptos, não só pelo caixa 2, mas por todos os crimes conexos envolvendo as propinas relativas a desvios de empresas estatais. A conspiração atravessava os corredores do Planalto, da Câmara dos Deputados e do Senado e tinha em Temer um dos principais interessados por ser beneficiário direto. Inviabilizado o indulto pela forte reação da opinião pública, a quadrilha não teve pudor em anunciar, neste domingo, um "pacto" para impedir a anistia natalina daqueles que corromperam as eleições regando suas campanhas com dinheiro sujo. Fraudaram a democracia e a república e enganaram o povo.

Este governo precisa acabar

O governo Temer é o mais degradado e degradante da história da República. Fruto de uma conspiração e de manifestações manipuladas para combater a corrupção, as suas principais figuras têm a face escrachada da própria corrupção. Sim, porque se há um partido que é o campeão da corrupção da Petrobrás, este é o PMDB. A imprensa e os analistas estrangeiros, com espanto, não conseguem compreender como, em nome do combate à corrupção, se entregou o poder a um condomínio de partidos articulados em torno de interesses corrompidos. Dizer que não haviam alternativas é falso, pois se existissem propósitos honestos em todos aqueles que orquestraram o golpe, teriam proposto uma saída negociada ou que implicasse eleições diretas, garantindo a soberania do povo na escolha de um governo de transição.

Esse governo corrupto e ilegítimo se bate para sacrificar direitos e degradar políticas sociais em nome de um falso ajuste fiscal. Sua caminhada foi feita sobre um turbilhão de mentiras: prometeu a retomada imediata do crescimento econômico, a criação de empregos e a volta dos investimentos. A economia, o emprego e os investimentos se deprimem todos os dias penalizando os mais pobres.

Ao assumir a presidência, Temer, cercado de corruptos, prometeu combater a corrupção e de não interferir na Lava Jato. Como presidente, abrigou os corruptos em seu ministério, deixou que a corrupção entrasse em seu gabinete através de Geddel Vieira Lima e deu vazão às conspirações para enfraquecer a Lava Jato e outros órgãos de controle. A Lava Jato, que em boa medida coadunou o golpe, agora tem no condomínio governamental, incluindo o PSDB, o seu maior inimigo.

Seguindo-se à posse, esse governo salvacionista, mostrou-se interessado em salvar interesses de grupos, em vilipendiar as empresas e as riquezas nacionais, em praticar a propina, o compadrio, o clientelismo e os abusos através de seus braços legislativos. No Senado, autorizou-se parentes de políticos a repatriarem dinheiro mal-cheiroso, com uma vergonhosa omissão da oposição. O presidente da Câmara é um serviçal do Planalto. Enfim, esse governo não serve ao Estado e ao interesse público, mas se serve do Estado e do bem público.

Esse governo precisa acabar. Que moral tem ele para pedir sacrifícios aos brasileiros? Como pode um governo ilegítimo conspirar contra o sentido manifesto da Constituição de 1988 feita por uma Constituinte, que é o de assegurar direitos? Como pode o Supremo Tribunal Federal ser, vergonhosamente, cúmplice desses atos e conivente com o governo que desmoraliza o Brasil? Como pode a lerdeza do STF deixar que criminosos ocupem altos cargos da República, usando-os para agredir direitos conquistados por décadas de luta? A mesma leniência do STF que foi vista diante de toda sorte de abusos de Eduardo Cunha agora é observada em relação a Temer, a ministros denunciados na Lava Jato, ao presidente do Senado e a vários senadores e deputados. O STF, de tabernáculo da Constituição que deveria ser, transformou-se no matadouro da decência e da moralidade pública.

Já que os poderes da República não funcionam, acumpliciados que estão, a opinião pública e as mobilizações de rua precisam estabelecer um fim a este governo. Se os partidos, sem legitimidade, não são capazes de garantir uma transição até 2018, que seja honesta e que não agrida direitos e a Constituição, que esta transição seja construída pela Sociedade Civil. O Brasil não pode ser deixado a mercê de um governo ruinoso. Está mais do que provado que a capacidade de degradar o país e seu povo não tem limites. O único projeto que as elites políticas e econômicas desse país têm é o projeto do seu próprio bolso, dos seus próprios interesses. Para essas elites não importam as dores, as tragédias, os massacres de todos os tipos de violência perpetrados contra os mais fracos. O mais trágico de tudo isso é que boa parte da sociedade valide essas perversidades contra seus próprios interesses.

*Aldo Fornazieri, professor da Escola de Sociologia e Política, em artigo publicado por Jornal GGN

EMGE
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Mensagem do Papa o 54º Dia Mundial de Oração pelas Vocações

2016-11-30 Rádio Vaticana

Cidade do Vaticano (RV) - Íntegra da mensagem do Papa Francisco para o 54º Dia Mundial de Oração pelas Vocações que se celebrará em 7 de maio de 2017 - IV Domingo da Páscoa, sobre o tema «Impelidos pelo Espírito para a missão».

Amados irmãos e irmãs!

Nos anos passados, tivemos ocasião de refletir sobre dois aspetos que dizem respeito à vocação cristã: o convite a «sair de si mesmo» para pôr-se à escuta da voz do Senhor e a importância da comunidade eclesial como lugar privilegiado onde nasce, alimenta e se exprime a chamada de Deus.

Agora, no 54º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, gostaria de me deter na dimensão missionária da vocação cristã. Quem se deixou atrair pela voz de Deus e começou a seguir Jesus, rapidamente descobre dentro de si mesmo o desejo irreprimível de levar a Boa Nova aos irmãos, através da evangelização e do serviço na caridade. Todos os cristãos são constituídos missionários do Evangelho. Com efeito, o discípulo não recebe o dom do amor de Deus para sua consolação privada; não é chamado a ocupar-se de si mesmo nem a cuidar dos interesses duma empresa; simplesmente é tocado e transformado pela alegria de se sentir amado por Deus e não pode guardar esta experiência apenas para si mesmo: «a alegria do Evangelho, que enche a vida da comunidade dos discípulos, é uma alegria missionária» (FRANCISCO, Exort. ap. Evangelii gaudium, 21).

Por isso, o compromisso missionário não é algo que vem acrescentar-se à vida cristã como se fosse um ornamento, mas, pelo contrário, situa-se no âmago da própria fé: a relação com o Senhor implica ser enviados ao mundo como profetas da sua palavra e testemunhas do seu amor.

Se experimentamos em nós muita fragilidade e às vezes podemos sentir-nos desanimados, devemos levantar a cabeça para Deus, sem nos fazermos esmagar pelo sentimento de inaptidão nem cedermos ao pessimismo, que nos torna espetadores passivos duma vida cansada e rotineira. Não há lugar para o temor: o próprio Deus vem purificar os nossos «lábios impuros», tornando-nos aptos para a missão. «“Foi afastada a tua culpa e apagado o teu pecado!” Então, ouvi a voz do Senhor que dizia: “Quem enviarei? Quem será o nosso mensageiro?” Então eu disse: “Eis-me aqui, envia-me”» (Is 6, 7-8).

Cada discípulo missionário sente, no seu coração, esta voz divina que o convida a «andar de lugar em lugar» no meio do povo, como Jesus, «fazendo o bem e curando» a todos (cf. At 10, 38). Com efeito, já tive ocasião de lembrar que, em virtude do Batismo, cada cristão é um «cristóvão» ou seja, «um que leva Cristo» aos irmãos (cf. FRANCISCO, Catequese, 30 de janeiro de 2016). Isto vale de forma particular para as pessoas que são chamadas a uma vida de especial consagração e também para os sacerdotes, que generosamente responderam «eis-me aqui, envia-me». Com renovado entusiasmo missionário, são chamados a sair dos recintos sagrados do templo, para consentir à ternura de Deus de transbordar a favor dos homens (cf. FRANCISCO, Homilia na Missa Crismal, 24 de março de 2016). A Igreja precisa de sacerdotes assim: confiantes e serenos porque descobriram o verdadeiro tesouro, ansiosos por irem fazê-lo conhecer jubilosamente a todos (cf. Mt 13,44).

Com certeza não faltam as interrogações ao falarmos da missão cristã: Que significa ser missionário do Evangelho? Quem nos dá a força e a coragem do anúncio? Qual é a lógica evangélica em que se inspira a missão? Podemos dar resposta a estas questões, contemplando três cenas evangélicas: o início da missão de Jesus na sinagoga de Nazaré (cf. Lc 4, 16-30); o caminho que Ele, Ressuscitado, fez com os discípulos de Emaús (cf. Lc 24, 13-35); e, por último, a parábola da semente (cf. Mc 4, 26-27).

Jesus é ungido pelo Espírito e enviado. Ser discípulo missionário significa participar ativamente na missão de Cristo, que Ele próprio descreve na sinagoga de Nazaré: «O Espírito do Senhor está sobre Mim, porque Me ungiu para anunciar a Boa-Nova aos pobres; enviou-Me a proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista; a mandar em liberdade os oprimidos, a proclamar um ano favorável da parte do Senhor» (Lc 4, 18-19). Esta é também a nossa missão: ser ungidos pelo Espírito e ir ter com os irmãos para lhes anunciar a Palavra, tornando-nos um instrumento de salvação para eles.

Jesus vem colocar-Se ao nosso lado no caminho. Perante as interrogações que surgem do coração humano e os desafios que se levantam da realidade, podemos sentir-nos perdidos e notar um défice de energia e esperança. Há o risco de que a missão cristã apareça como uma mera utopia irrealizável ou, em todo o caso, uma realidade que supera as nossas forças. Mas, se contemplarmos Jesus Ressuscitado, que caminha ao lado dos discípulos de Emaús (cf. Lc 24, 13-15), é possível reavivar a nossa confiança; nesta cena evangélica, temos uma autêntica e real «liturgia da estrada», que precede a da Palavra e da fração do Pão e nos faz saber que, em cada passo nosso, Jesus está junto de nós. Os dois discípulos, feridos pelo escândalo da cruz, estão de regresso a casa percorrendo o caminho da derrota: levam no coração uma esperança despedaçada e um sonho que não se realizou. Neles, a tristeza tomou o lugar da alegria do Evangelho. Que faz Jesus? Não os julga, percorre a própria estrada deles e, em vez de erguer um muro, abre uma nova brecha. Pouco a pouco transforma o seu desânimo, inflama o seu coração e abre os seus olhos, anunciando a Palavra e partindo o Pão. Da mesma forma, o cristão não carrega sozinho o encargo da missão, mas experimenta – mesmo nas fadigas e incompreensões – que «Jesus caminha com ele, fala com ele, respira com ele, trabalha com ele. Sente Jesus vivo com ele, no meio da tarefa missionária» (FRANCISCO, Exort. ap. Evangelii gaudium, 266).

Jesus faz germinar a semente. Por fim, é importante aprender do Evangelho o estilo de anúncio. Na verdade, acontece não raro, mesmo com a melhor das intenções, deixar-se levar por um certo frenesim de poder, pelo proselitismo ou o fanatismo intolerante. O Evangelho, pelo contrário, convida-nos a rejeitar a idolatria do sucesso e do poder, a preocupação excessiva pelas estruturas e uma certa ânsia que obedece mais a um espírito de conquista que de serviço. A semente do Reino, embora pequena, invisível e às vezes insignificante, cresce silenciosamente graças à ação incessante de Deus: «O Reino de Deus é como um homem que lançou a semente à terra. Quer esteja a dormir, quer se levante, de noite e de dia, a semente germina e cresce, sem ele saber como» (Mc 4, 26-27). A nossa confiança primeira está aqui: Deus supera as nossas expetativas e surpreende-nos com a sua generosidade, fazendo germinar os frutos do nosso trabalho para além dos cálculos da eficiência humana.

Com esta confiança evangélica abrimo-nos à ação silenciosa do Espírito, que é o fundamento da missão. Não poderá jamais haver pastoral vocacional nem missão cristã, sem a oração assídua e contemplativa. Neste sentido, é preciso alimentar a vida cristã com a escuta da Palavra de Deus e sobretudo cuidar da relação pessoal com o Senhor na adoração eucarística, «lugar» privilegiado do encontro com Deus.

É esta amizade íntima com o Senhor que desejo vivamente encorajar, sobretudo para implorar do Alto novas vocações ao sacerdócio e à vida consagrada. O povo de Deus precisa de ser guiado por pastores que gastam a sua vida ao serviço do Evangelho. Por isso, peço às comunidades paroquiais, às associações e aos numerosos grupos de oração presentes na Igreja: sem ceder à tentação do desânimo, continuai a pedir ao Senhor que mande operários para a sua messe e nos dê sacerdotes enamorados do Evangelho, capazes de se aproximar dos irmãos, tornando-se assim sinal vivo do amor misericordioso de Deus.

Amados irmãos e irmãs, é possível ainda hoje voltar a encontrar o ardor do anúncio e propor, sobretudo aos jovens, o seguimento de Cristo. Face à generalizada sensação duma fé cansada ou reduzida a meros «deveres a cumprir», os nossos jovens têm o desejo de descobrir o fascínio sempre atual da figura de Jesus, de deixar-se interpelar e provocar pelas suas palavras e gestos e, enfim, sonhar – graças a Ele – com uma vida plenamente humana, feliz de gastar-se no amor.

Maria Santíssima, Mãe do nosso Salvador, teve a coragem de abraçar este sonho de Deus, pondo a sua juventude e o seu entusiasmo nas mãos d’Ele. Que a sua intercessão nos obtenha a mesma abertura de coração, a prontidão em dizer o nosso «Eis-me aqui» à chamada do Senhor e a alegria de nos pormos a caminho, como Ela (cf. Lc 1, 39), para O anunciar ao mundo inteiro.

Cidade do Vaticano, 27 de novembro – I Domingo do Advento – de 2016.

[Franciscus]

(from Vatican Radio)

Bispo de Chapecó: “fica o legado, é possível recomeçar”


Torcedores diante da Arena Condá em Chapecó - REUTERS


Rádio Vaticano (RV) – O bispo de Chapecó, Dom Odelir José Magri, falou com a Rádio Vaticano sobre a tragédia do voo da Chapecoense.

“Estamos aqui com esta tragédia, tentando entender esse momento difícil para toda a região, principalmente para os familiares das vítimas".
RV: Uma tragédia que pega uma cidade inteira de surpresa num momento de alegria...
“Tudo preparado para ser uma grande festa, e está se encaminhando agora com essa tragédia: meu Deus, estamos sem saber o que dizer. Fizemos uma nota como diocese, fiz um vídeo também deixando uma mensagem a todos os familiares. Hoje à noite, as 18h30 teremos na catedral a Santa Missa já nesta intenção. Depois vamos ver os possíveis encaminhamentos segundo as orientações de quando começarão a chegar os corpos.
RV: O senhor além de pastor é torcedor...
“Pois é, nós estivemos lá na semana passada no jogo com o San Lorenzo, e a classificação para a final. Foi alegria, muita festa. A cidade toda estava neste clima, neste entusiasmo, e meu Deus, hoje de manhã acordamos com essa tragédia, com essa notícia. Até então parece um sonho, parecemos não acreditar ainda. Todas as informações confirmam o acontecido.
RV: O que dizer aos chapecoenses hoje...
“Neste momento, qualquer palavra parece não ter a força necessária para expressar o que estamos sentindo. Em todo caso, neste momento nossa atitude vai ser de presença, de acompanhar, de solidariedade, de participar dessa dor com as famílias, os amigos, e depois toda a família chapecoense, os torcedores que estavam tão animados para esta festa da final. Vamos estar juntos, aceitando este momento trágico, e ao mesmo tempo, renovando esse sentido que a morte não é o final de tudo, ela traz dor e sofrimento, mas a vida continua portanto, a fé deve ser um ponto de força para todos, especialmente para os familiares, para continuar a vida, para continuar lutando, e guardando então como ponto de motivação, o exemplo bonito que este time estava dando, cada pessoa individualmente, vestindo essa camisa, e lutando juntos por um sonho. Fica deles, esse aspecto bonito de uma equipe que – sem grandes recursos econômicos – mas no sentido bonito de time, de força associativa, não era só os jogadores, a diretoria, toda a caminhada do clube fica como legado que certamente deverá ser continuado. Neste momento, a nossa presença e solidariedade, dizendo que a vida continua, vamos pra frente, é possível recomeçar”.
(rb)

Jornal do Vaticano evoca 90.º aniversário do assassinato de «Charles de Foucauld»

Agência Ecclesia 30 de Novembro de 2016, às 08:00
  
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Religioso francês morreu na Argélia e foi beatificado em 2005

Cidade do Vaticano, 30 nov 2016 (Ecclesia) - O jornal do Vaticano, ‘L’Osservatore Romano’, recordar na sua edição desta quarta-feira o 90.º aniversário do assassinato do Beato Charles de Foucauld, morto aos 58 anos por um grupo armado no Saara argelino.

“O religioso passará aos olhos da história como um dos mais importantes da sua geração, atravessando dois séculos”, pode ler-se no texto central das duas páginas dedicadas a Charles de Foucauld.

O jornal recorda que a primeira biografia sobre o religioso francês foi escrita em 1923, por René Bazin, que “consagrou a sua posteridade espiritual” de “personalidade fora do comum”, com uma obra “prolífica”.

Charles de Foucauld foi beatificado a 13 de novembro de 2005, na Basílica de São Pedro, no Vaticano, pelo cardeal português D. José Saraiva Martins, então prefeito da Congregação para as Causas dos Santos (Santa Sé), no pontificado de Bento XVI.

Nascido em Estrasburgo (França), a 15 de setembro de 1858, o religioso empreendeu em 1883 uma afortunada expedição no deserto de Marrocos que lhe valeu a medalha de ouro da Sociedade de Geografia; converteu-se em 1886 e foi ordenado sacerdote em 1901 em Viviers, tendo decidido partir para Beni-Abbès, no deserto argelino, perto da fronteira com Marrocos.

Acompanhou militares pelas montanhas do Hoggar, junto dos Tuaregues, um povo nómada e hostil aos franceses; em 1909 regressa a Tamanrasset onde fica até à sua morte, apesar da instabilidade provocada pela I Guerra Mundial.

Foi sequestrado por um grupo de rebeldes e assassinado (1 de dezembro de 1916) por um grupo de tuaregues senussi.

Em Portugal, a Comissão de Arte Sacra da Diocese de Setúbal (CDASS) vai inaugurar a exposição ‘Nazareth. Pinturas de L. Sadino no centenário da morte de Charles de Foucauld’, pelas 17h30, a 1 de dezembro, na Biblioteca Pública Municipal sadina.

A mostra pretende “dar a conhecer a vida, a figura e a espiritualidade” do beato francês.

Organizado pelo CDASS e a Comunidade de Setúbal da Fraternidade dos Irmãos de Jesus, os 30 trabalhos podem ser visitados gratuitamente até 4 de janeiro de 2017, de segunda a sexta-feira, das 09h00 às 19h00, e aos sábados, das 14h00 às 19h00.

No âmbito do encerramento da exposição vai ser exibido o filme ‘Des hommes et des Dieux’ (Dos homens e dos deuses, 2010) a partir das 18h00, na Biblioteca Pública Municipal de Setúbal, e vai comentado pelo jornalista Mário Augusto.

Charles de Foucauld ficou conhecido como o “irmão universal” pela sua vivência como monge eremita, no deserto do Saara, em respeito pelas outras religiões.

A sua vida deu origem a dez congregações religiosas, entre as quais as fraternidades dos Irmãozinhos e Irmãzinhas de Jesus, criadas depois da sua morte.

CB/OC

Cinema: Cristóvão Ferreira, o jesuíta português que inspirou Martin Scorsese

Agência Ecclesia 30 de Novembro de 2016, às 06:00
   
Filme «Silêncio» aborda dramas da missionação cristã em território nipónico, no século XVII

Lisboa, 30 nov 2016 (Ecclesia) – O jesuíta português Cristóvão Ferreira (1580-1650) está no centro no novo filme ‘Silêncio’, do realizador Martin Scorsese, relatando os dramas da perseguição religiosa contra os cristãos no Japão do século XVII.

“É grande a expectativa em torno deste filme que se baseia na adaptação do livro do japonês Shusaku Edo e que conta a história de Cristóvão Ferreira, um jesuíta português que teve uma missão importante no Japão, bem como de outros jesuítas que foram à sua procura quando chegou à Europa a notícia sobre a sua eventual apostasia”, explica uma nota dos jesuítas portugueses enviada à Agência ECCLESIA.

Scorsese encontra-se hoje com o Papa, em audiência privada, depois de ter mostrado o filme em Roma, na terça-feira, a um grupo de jesuítas, entre os quais alguns portugueses.

A Província Portuguesa da Companhia de Jesus, em parceria com os promotores do filme, vai promover uma série de iniciativas culturais sobre a presença e o papel dos jesuítas no Japão.

Cristóvão Ferreira, jesuíta português protagonizado no filme ‘Silêncio’ pelo ator Liam Neeson, ficou conhecido no Japão por Sawano Ch?an; entrou na Companhia de Jesus aos 17 anos de idade e, três anos depois, em 1600, foi enviado para trabalhar nas missões do Oriente.

Estudou Teologia em Macau e foi ordenado padre em 1608, tendo partido para o Japão em maio de 1609.

Hubert Cieslik, jesuíta e especialista na história das Missões no Japão, assinou em 1974 o texto "The case of Christovão Ferreira" [O caso de Cristóvão Ferreira], que apresenta o português como uma das “figuras mais controversas” do trabalho da Companhia de Jesus no país asiático.

Num contexto de perseguição religiosa, o padre Ferreira esteve em Nagasáqui e depois em Quioto, onde vivia escondido, saindo apenas de noite para visitar os cristãos.

De regresso a Nagasáqui, em 1617, foi secretário do provincial, Mattheus de Couros, cargo que o levou a viajar frequentemente pelo Japão, tendo mais tarde assumido a administração da província nipónica, por ser ali o jesuíta mais antigo.

Cristóvão Ferreira seria preso a 18 de outubro de 1633, juntamente com outros religiosos, missionários estrangeiros e japoneses, aos quais foi aplicada a “tortura da fossa”, método exclusivamente destinado aos cristãos para que negassem a sua fé.

“Consistia em pendurar os prisioneiros de cabeça para baixo dentro de uma fossa que era depois coberta com tábuas. Os cristãos ficavam, assim, sem luz e sem água, fortemente amarrados, até abjurarem ou morrerem”, explicam os jesuítas portugueses.

Cristóvão Ferreira terá cedido “ao fim de algumas horas” e a notícia da sua apostasia “chocou” a Europa.

Apesar de não se conhecerem as circunstâncias da sua morte, sabe-se que o português passou o resto da sua vida no Japão, servindo de intérprete para as autoridades locais.

Algumas fontes relatam que Cristóvão Ferreira se terá arrependido de renegar a sua fé e que viria a morrer, na referida fossa, em novembro de 1650.

O filme de Scorsese apresenta ainda a personagem de Sebastião Rodrigues, criada pelo livro ‘Silêncio’ de Shusaku Endo e baseada na figura do jesuíta italiano Giuseppe Chiara, que chegou ao Japão para procurar o padre Ferreira, integrado num grupo de dez missionários.

Todos estes missionários terão renegado a fé sob tortura, tendo-se retratado mais tarde.

Os portugueses foram definitivamente expulsos do Japão em 1639 e o Cristianismo nipónico entrou numa vivência de clandestinidade que se prolongou até à reabertura do império ao Ocidente, na segunda metade do século XIX.

Os ocidentais encontraram então os ‘kakure kirishitan’, cristãos escondidos, em grupos dispersos e isolados que se congregavam sobretudo em áreas remotas, conservando a fé ao longo de várias gerações sem clero nem pessoal religioso.

Este é um fenómeno muito caro ao Papa Francisco, que na sua juventude sonhava ser missionário no Japão, algo que foi impossível devido aos seus problemas de saúde.

OC 

Lúcia das Crônicas de Nárnia existiu na vida real: Conheça sua impactante história

Lúcia Pevensie, das Crônicas de Nárnia – Beata Lúcia Bricadelli / Foto: Captura YouTube - Wikipédia (Domínio Público)

REDAÇÃO CENTRAL, 30 Nov. 16 / 07:00 am (ACI).- A rainha Lúcia é um dos personagens mais importantes da saga de fantasia ‘As Crônicas de Nárnia”, escrita por C.S. Lewis. Ela foi a primeira dos quatro irmãos Pevensie a descobrir o mundo de Nárnia, onde viveu aventuras incríveis. O que poucos sabem é que ela existiu na vida real: foi uma beata italiana que recebeu os estigmas.

A personagem é inspirada na mística Lúcia de Nárnia. A tradução em inglês de Lúcia é Lucy; Narni é uma cidade localizada entre Assis e Roma, na Itália.

O biógrafo de C.S. Lewis, Walter Hooper, explica que o escritor visitou Narni e como ele gostou do nome latino (Narnia), decidiu usá-lo para o seu mundo de fantasia.

Assim como Lúcia de Nárnia acreditava em Aslan, o personagem do leão que pode ser entendido como uma representação de Cristo no livro, a Beata Lúcia foi uma menina muito piedosa, que tinha uma fé muito grande, que resistiu as várias adversidades que passou.

Lúcia nasceu em Narni no final do século XV, em uma família nobre. Quando criança, dedicava-se à oração e se entretinha decorando altares e orando.

Quando tinha cinco anos, estava rezando diante da imagem da Virgem em uma igreja e lhe pediu que lhe desse o menino que levava nos braços. O menino de Pedro se tornou em um menino de carne e Lúcia cuidou dele durante três dias, até que ele regressou por seus próprios meios para seu lugar no templo.

Também teve muitas visões nas quais lhe apareceram os santos. Em seu coração surgiu o desejo de fazer um voto de castidades e consagrou seu coração a Deus. Lúcia rejeitou vários pretendentes. No entanto, um dia a Virgem Maria lhe disse em uma visão que devia ser como ela: casada e virgem.

Quando era adolescente, seu pai morreu e seu tio decidiu casá-la imediatamente. Foi prometida ao Conde Pietro de Milão, que era amigo de sua família. Ele aceitou que Lúcia mantivesse seu voto de castidade sendo sua esposa.

Além de suas obrigações como condessa, Lúcia se dedicou a servir aos pobres. Ela mesma preparava o pão lhes entregava, assistida por vários santos, segundo diz a tradição.

Manteve uma intensa vida de oração e penitência. Não se deixou deslumbrar pelo luxo de seu entorno e chegou a trabalhar como uma empregada a mais em sua casa.

Seu estilo de vida irritou seu marido e começou a humilhá-la, chegando até mesmo a trancá-la em um porão por suas “extravagâncias”. Ao final, Lúcia partiu e foi admitida na Ordem Terceira dos Dominicanos.

Foi enviada para Viterbo e se tornou abadessa do convento. Ela continuou tendo visões místicas e ali recebeu os estigmas. Em uma ocasião, seu marido a visitou e, anos mais tarde, ele também ingressou na ordem dos franciscanos.

A pedido do Duque de Ferrara e por mandato do Papa Júlio II, Lúcia partiu para Ferrara, onde fundou um novo mosteiro e se dedicou a formar as jovens. Quando o duque morreu, as religiosas que estavam com ciúmes dela humilharam-na, caluniaram-na e a nova abadessa a confinou.

Todas estas penas não quebraram o espírito de Lúcia e ela continuou se mantendo firme no seu amor por Cristo durante os 38 anos seguintes que durou o seu confinamento. Sua saúde ficou debilitada e ela faleceu em 15 de novembro de 1544, aos 60 anos.

Quando abriram sua tumba anos depois, encontraram seu corpo incorrupto. Foi beatificada em 1710 pelo Papa Clemente XI.

terça-feira, 29 de novembro de 2016

4 chaves para que “não te roubem” o Advento

Coroa de Advento. Foto: Flickr de Esteban León Soto (CC BY-NC-ND 2.0).

Cidade do México, 29 Nov. 16 / 05:30 pm (ACI).- Em um artigo publicado pelo Sistema Informativo da Arquidiocese do México (SIAME), o Pe. Robert Havens fez quatro recomendações importantes para que durante o tempo do Advento, que prepara o caminho para a celebração do Natal no dia 25 de dezembro, não seja um tempo perdido devido ao “estresse” das festas e ao materialismo.

Em seu texto, intitulado “Que não te roubem o Advento”, o Pe. Havens, diretor de desenvolvimento institucional da Cáritas da Arquidiocese do México, sublinhou que o Natal “é tão importante, que não podemos ‘digerir’ da noite para o dia. Ninguém prepara um casamento uma noite antes. Como seres humanos, necessitamos de tempo para perceber o que virá, a fim de celebrá-lo corretamente”.

“Um Advento bem vivido assegura um Natal lindo e alegre. Que não perca o seu Advento!”, exortou.

Os quatro conselhos do Pe. Robert Havens para que “não te roubem o Advento” são os seguintes:

1. “Perceber que o Natal se celebra a partir da Véspera de Natal, quando celebramos a chegada de Cristo”, aconselhou o sacerdote.

O Pe. Havens assinalou que, embora “não haja nada de ruim nas pré-festas que fazem parte da nossa cultura, estas não devem ser confundidas com o verdadeiro Natal”.

“Antecipar a celebração do Natal sempre nos deixará vazios, sem a verdadeira alegria. Em um mundo de luzes e decorações, temos que perceber que ‘ainda não!’”, encorajou.

2. O Pe. Robert Havens assinalou que a segunda chave é “fazer um momento de silêncio a cada dia” do Advento.

“Não tem que ser muito tempo: podem ser três minutinhos, por exemplo. Mas três minutinhos inteiros nos quais eu me retiro, faço silêncio e me lembro que Cristo virá no Natal. Cristo virá no Natal!”.

“Se você consegue fazer isto diariamente, sua experiência do Natal neste ano será muito diferente e muito especial”, assegurou.

3. Uma terceira “ajuda para viver bem o Advento”, disse o sacerdote, “é fazer com que este seja um tempo de preparação pessoal, como fazemos durante a Quaresma”.

“Com atos de sacrifício e melhora pessoal, posso ‘limpar’ o presépio do meu coração, onde chegará o Menino Jesus no dia 24”.

Como exemplos de pequenos atos de sacrifício, o Pe. Havens indicou “ficar uma tarde sem escutar rádio, um café sem açúcar, uma Missa durante a semana, um sorriso para uma pessoa ‘difícil’, dar mais dinheiros ao pobre: todas estas são maneiras de ‘varrer o presépio’ para que esteja digno em sua pobreza para o Rei que chegará”.

4. “Finalmente, os símbolos e práticas externas também nos podem para ajudar a tornar o Advento um tempo de preparação”, disse o diretor de desenvolvimento institucional da Cáritas da Arquidiocese do México.

“Ter uma coroa do Advento em nossa sala ou local de trabalho e acender as velas correspondentes durante algumas horas durante o dia, nos recorda que o Senhor ainda não chegou”, assinalou.

O Pe. Havens aconselhou também a “ler um versículo do capítulo 1 ou 2 do Evangelho de São Lucas na hora de acendê-la”.

“Outra prática é montar o nosso presépio gradualmente, acrescentando uma peça ou uma decoração a cada dia do Advento; mas apenas nos dias em que nos esforçamos para viver bem o nosso Advento”, disse.

Chapecoense: profundo pesar do Papa Francisco pela tragédia

MEDELLIN, 29 Nov. 16 / 03:30 pm (ACI).- Após a tragédia do avião que caiu na Colômbia nesta madrugada, no qual morreram mais de 70 pessoas, o Papa Francisco expressou seu profundo pesar, assim como sua proximidade e orações pelas vítimas e seus entes queridos.

No avião, que ia de Santa Cruz (Bolívia), viajava a equipe brasileira da Chapecoense, que ia disputar a final da Copa Sul-Americana na quarta-feira com o Atlético Nacional de Medellín. Também viajavam 21 jornalistas.

O avião caiu por volta das perto do município La Unión, em Atioquia, quando se registrava um clima complicado, segundo informou a Aeronáutica Civil da Colômbia.

Em uma mensagem enviada ao Bispo de Sonsón Rionegro, Dom Fidel León Cadavid, através da Secretaria de Estado do Vaticano, assinala-se que “o santo Padre, profundamente triste ao saber da dolorosa notícia do grave acidente aéreo que ocasionou inúmeras vítimas, eleva orações pelo eterno descanso dos falecidos”.

“Do mesmo modo, roga a vossa excelência que transmita o sentido pêsame de Sua Santidade aos familiares e a quantos choram tão sensível perda, junto com expressões de afeto, solidariedade e consolo aos feridos e atingidos pelo trágico ocorrido”, acrescenta.

Por sua parte, o Bispo de Sonsón Rionegro também divulgou um comunicado no qual lamenta a morte das mais de 70 pessoas no acidente aéreo.

“Expressamos nosso mais profundo sentimento de dor às famílias das pessoas que perderam a vida neste acidente fatal; animamos os sobreviventes e todos os esportistas do mundo a seguir, como disse o Papa Francisco, na construção de um mundo mais fraterno e solidário através do esporte”, assinala o comunicado do Bispo.

O Prelado expressou votos de que “Deus abençoe e acompanhe as famílias dos defuntos e lhe dê o consolo nesta situação difícil; aos sobreviventes e a todos os que fazem parte desta família desportiva, fortaleça neste momento de dor e pronta recuperação. A todos nos abençoe o Pai, o Filho e o Espírito Santo”.