quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Milhares de peregrinos esperam papa Francisco em terras mapuche

domtotal.com
Os peregrinos aguardavam por horas a missa que oficiará o papa Francisco, o segundo pontífice que visita esta cidade depois de João Paulo II em 1987.
Francisco pronuncia um discurso ante os bispos reunidos em 16 de janeiro de 2018 na catedral Metropolitana de Santiago do Chile.
Francisco pronuncia um discurso ante os bispos reunidos em 16 de janeiro de 2018 na catedral Metropolitana de Santiago do Chile. (POOL/ AFP)

Imagem relacionadaMilhares de peregrinos se aglomeravam nesta quarta-feira (17) no aeródromo de Maquehue, na cidade chilena de Temuco, para ouvir as palavras do papa Francisco na expectativa de que elas levem paz a uma zona marcada pelas demandas de terras dos indígenas mapuche.

Desde a madrugada, milhares de fiéis iniciaram a vigília na base aérea de Maquehue, depois de percorreram mais de três quilômetros a pé.

Envoltos em mantas, ou em sacos de dormir, com gorros e parcas para suportar o frio do sul do Chile, os peregrinos aguardavam por horas a missa que oficiará o papa Francisco, o segundo pontífice que visita esta cidade depois de João Paulo II em 1987.

"Acho que vale a pena o sacrifício, porque precisamos muito da mensagem que o Papa traz", declarou Jessica Pinto à AFP, após viajar mais de três horas para poder ver Francisco.

O papa Francisco inicia hoje sua visita a Temuco, o coração da terra dos mapuches, que esperam essa oportunidade para dar visibilidade à sua causa.

Francisco escolheu a cidade de Temuco (800 quilômetros ao sul de Santiago) para fazer contato direto com indígenas mapuches, a etnia mais importante do Chile, que denuncia discriminação e abusos e reivindica a restituição de territórios ancestrais hoje em mãos privadas.

A visita será curta.

O papa deixa Santiago rumo a Temuco, em La Araucanía, onde oficiará a chamada "missa da integração dos povos" na Base Aérea de Maquehue.

A expectativa é que reúna uma multidão tão grande quanto a de terça-feira (16) na capital, que teve um público de 400 mil pessoas.

Depois da liturgia, o pontífice deve se reunir com um grupo de indígenas, cujas identidades ainda não foram reveladas pela organização do encontro. Na sequência, volta para Santiago, onde se reunirá com jovens e visitará a Universidade Católica da capital.

"O programa da visita do Santo Padre reflete sua preocupação com uma zona que viveu tensões importantes, com a qual quer compartilhar uma mensagem de paz e para onde busca levar palavras de esperança que possibilitem o encontro entre as pessoas", disse recentemente o coordenador nacional da Comissão que organiza sua visita ao Chile, Fernando Ramos.

Parece ter-se propagado para La Araucanía a hostilidade contra a presença do papa por parte de grupos minoritários registrada em Santiago. Na madrugada passada, duas pequenas igrejas católicas foram atacadas em meio a um crescente clima de tensão pelas reivindicações de indígenas mapuches.

Em ataques simultâneos, as pequenas capelas situadas na periferia de Temuco ficaram completamente destruídas. Essas investidas se somam às sofridas por outras seis igrejas na capital com mensagens contrárias à visita do papa.

Os ataques incendiários são frequentes na região de La Araucanía. Nos últimos anos, foram mais de 100 atentados contra maquinário florestal e templos religiosos.

Antes da chegada dos conquistadores espanhóis no Chile, em 1541, os mapuches eram donos das terras que vão do rio Biobío a até cerca de 500 quilômetros mais ao sul.

Após sucessivos processos, os mapuches, que representam 7% da população, foram forçados a viver em pouco mais de 5% de seus antigos domínios.

Sem canais de negociação abertos, espera-se que a visita do papa à zona possa servir para aproximar posições nesse conflito de longa data.


AFP

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